Capítulo 28

1.6K 156 13
                                    

- Eu preciso não ser forte, só por alguns minutos. - Gizelly suspira ao sair da casa e encarar Ivy, que estava sentada no queijo desde que terminou de almoçar. A mineira abre os braços para ela, sorrindo com um olhar triste.

- Vem aqui bebê. - Gi se aninha nos braços dela e algumas lágrimas já começam a aparecer - Fala comigo.

- Eu não quero sair Lavigne, eu não quero ir embora. - ela deixa as lágrimas descerem com mais intensidade - Eu não sei mais viver lá fora. E não quero, agora não.

- Você não pode sair, não pode. - a voz de Ivy faz a capixaba chorar ainda mais, soluçando contra o peito da amiga por mais alguns minutos - Vai dar tudo certo.

- E se não der Lavigne? - ela tenta controlar o choro e, quando senta no chaise, vê Rafa se aproximando. Todas elas ficam caladas por alguns momentos até a influencer cumprimentá-las. O silêncio recai sobre o local.

- Oi. - Ivy responde a recém chegada olhando entre as duas - Eu vou ajudar as meninas com a louça.

- Você sabe que não precisa fingir pra mim. - Rafa se senta ao lado de Gi depois que Ivy entra na casa - Se você 'tá mal, eu quero ser seu colo. Eu quero estar aqui, quero que você possa falar comigo.

- Eu sei Rafa. Eu sei mesmo, mas eu não queria te colocar nessa posição, ela é sua melhor amiga e eu...

- E você é a mulher que eu amo. - com cuidado ela puxa o corpo da capixaba para si - Realmente eu estou em uma péssima posição. Mas você também está e eu 'tô aqui pra você.

- Eu não sei se eu quero encarar o mundo lá fora. O que eles tem falado, o que eles pensam de mim, como vai ser a vida agora...

- Você sabe que vai ter todo tipo de opinião, é a realidade, mas você sabe quem você é. - Gi fica em silêncio olhando para o chão - Essa mulher incrível, guerreira, linda, cativante... - sem terminar, Rafaella traz Gi para perto com uma mão em seu pescoço e faz seus lábios se encontrarem por longos minutos até que ambas estivessem sem ar - Desculpa, não deu.

- Será que a gente pode não parar agora? - Rafa a encara com seriedade por alguns segundos, cedendo às inseguranças ao encarar os lábios da mulher à sua frente, a vontade de beijá-la ultrapassando a preocupação com as câmeras. Segurando a mão da capixaba elas caminham em direção ao Quarto Céu. 

- Manu. - alívio preenche a influencer ao ver a amiga na sala - Precisamos de um favor.

- Ninguém vai entrar no quarto.

- Você nem olhou para gente, como sabe o que eu ia pedir?

- Senti a tensão de vocês aqui.


Sentada no sofá Manu só levanta a cabeça para piscar para as duas que logo desaparecem fechando a porta do quarto atrás delas. O receio de ser vista ou ouvida que Rafa achou que a travaria estava fazendo com que ondas de excitação corressem por todo o seu corpo que prendia o corpo de Gizelly na parede próxima  a cama onde logo elas estariam. Para a capixaba, o que fazia com que ela segurasse firme as pernas de Rafaella enquanto explorava seu interior com o edredom separando-as das câmeras, era o medo de que esses fossem os últimos dias. Medo e desejo se misturaram naquela cama por um longo tempo que nenhuma das duas percebeu que estava passando. Só quando a fome bateu e elas conseguiram se recompor para sair do quarto elas perceberam que já estava começando a anoitecer. 


- Olha quem apareceu para o jantar! - Bianca brinca olhando o casal chegar, todas as meninas reunidas na cozinha.

- Graças a Deus, faz horas que eu preciso trocar essa roupa. - Ivy corre para o quarto enquanto as recém chegadas se juntam à mesa.

- Ué, podiam ter entrado lá qualquer hora.

- Não se faça de sonsa Titchela. - Manu revira os olhos rindo - Todo mundo sabe o que tava rolando naquele quarto e, não, ninguém queria assistir.

- Sei lá, se pá eu assistiria. - antes mesmo de terminar a frase Bianca recebe um tapa de Mari - Quer dizer, o pessoal lá de fora super ia querer.

- Idiota! - Gizelly joga uma bolinha de papel na amiga - Desculpa meninas, eu só 'tava me despedindo desse monumento de mulher aqui.

- Que despedindo o que Gizelly? Surtou? Você não vai sair. - Gi sorri mas olha pra Manu, antes que ela falasse qualquer coisa a mais baixa abre a boca:

- Eu ficaria honrada de perder pra você Titchela, de verdade.

- Eu também Manuzinha. Eu não quero sair, mas não quero que você saia, eu...

- Eu sei.

- Não, não não. - Bianca levanta batendo palmas - Sem baixo astral! Vamos lá fora, entrar na piscina, curtir a vida.

- Agora? - Mari pergunta e é respondida pelas mãos da namorada já puxando a sua e a de Gi.

- Eu vou daqui a pouco. - Rafa dá um selinho em Gi quando ela se levanta. Ela fica sentada enquanto observa as meninas saírem, só ela e Manu ficando para trás.

- Como vai ser se ela sair?

- Não sei. - Rafa riu nervosa com a pergunta - Não sei mais como são meus dias sem ela.

- Você já pensou em como vai ser lá fora?

- Não. Quer dizer, já, mas não de uma forma otimista.

- Por que?

- Ah Manu...

- Vai, fala. Você precisa contar seus medos.

- Minha família, a questão da religião sempre foi muito forte e eu realmente não sei o que eles estão pensando sobre isso tudo.

- Pelo que você conta deles, eles te amam de qualquer jeito.

- Eu acho que sim, eu espero que sim.

- Ela tem grandes chances de ficar, o pessoal costuma adorar casais.

- E aí eu perco você. Minha melhor amiga - Rafa esfrega o rosto, resmungando enquanto abaixa ele na mesa - Que merda de semana.

- Pelo menos não tem chance nenhuma de rolar alguma encrenca comigo lá fora, pelo menos não alguma que vai te deixar preocupada aqui dentro como vai ficar com a Gi.


Ao VivoOnde histórias criam vida. Descubra agora