Prólogo, ou uma questão de honra

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PARTE I

LONDRES, 1813

Benedict estava eufórico, nunca havia presenciado uma experiência artística mais assustadoramente incrível em toda a sua vida. Quando ele chegou a casa de Granville e viu todas aquelas pessoas nuas evidentemente ficara em choque, mas quando começou a sentir o grafite em suas mãos e percebeu que sua criatividade fluía por aqueles corpos, ele se sentiu transformado. Pela primeira vez na vida sentiu que estava fazendo o que gostava.

Não que achasse que estava bom, em sua mente bastante crítica, mesmo embaçada pelo que ele julgava ser o cigarro que a vizinha de trabalho lhe oferecera, ele não conseguia achar que aquilo era seu melhor. Ele sabia que era capaz de mais, e voltaria para praticar, com certeza voltaria. Era como o próprio Henry dizia "O primeiro filho tem a responsabilidade, já o segundo filho se diverte". E pela primeira vez em sua vida Benedict estava disposto a se divertir.

Quando chegou à porta de casa notou alguns gritos vindos do interior. Anthony, é claro. Mas o outro era feminino, ele não poderia estar gritando daquela forma com uma criada a essa hora. Logo, quem seria a pobre vítima da fúria do Visconde?

Benedict adentrou em casa e a primeira frase que ouviu foi:

– Já para seu quarto, Daphne.

Sua expressão assumiu um tom sério, Anthony não costumava fazer esse tipo de afirmação para os irmãos, ele tentava ser o mais dócil e pacífico o possível, sempre. Bom, sempre que possível.

– Benedict! – Anthony ralhou com o segundo mais velho. – Você vem comigo.

– Mas e...

Agora!

Benedict seguiu Anthony até seu escritório ainda tentando entender por que ele estava tão furioso. Antes que o irmão fechasse a porta, ele lançou um olhar de compaixão para Daphne que aparentemente desabaria a qualquer momento. Ele ofereceu apoio para a irmã, mal sabendo que em poucas horas o destino dos dois estaria selado, e não seria escolhido por nenhum deles.

Anthony mal fechou a porta e disparou a falar.

– Simon desonrou Daphne!

– O duque? Mas... eu pensei que...

– Como você poderia pensar diferente de um libertino?

– Ora, Anthony, você é um libertino. Eu sou um libertino, e tenho certeza que nenhum de nós dois jamais teria uma atitude dessa com uma moça de família. A não ser que...

– A não ser que?

– Estivéssemos apaixonados!

– Hastings, apaixonado por Daphne? Impossível!

– Por que isso seria impossível?

– Ele preferiu a morte a casar com ela.

– Você  matou o duque?

– Ainda não.

– Como assim? – perguntou Benedict com um certo temor na voz.

– Eu o convoquei para um duelo, ao amanhecer. E você será meu segundo.

Benedict assentiu, ele deveria ser o segundo. Ele era o segundo na linha de sucessão ao título da família Bridgerton e... ele era o segundo na linha de sucessão ao título da família Bridgerton. Isso foi tudo o que conseguiu pensar.

– E se você morrer? – perguntou Benedict.

– Então você assumirá todos os títulos e bens da família Bridgerton.

O Novo Visconde (uma história Bridgerton) Onde histórias criam vida. Descubra agora