Capitulo 14, ou uma questão de resiliência

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A casa Bridgerton reluzia e isso era impactante.

Benedict Bridgerton sempre fora um homem controlado, ele nunca quis esbanjar ou exibir para as pessoas o quanto sua família era rica. A mãe seguia a mesma linha. Então, seguindo as tradições, os bailes dos Bridgertons eram o de sempre da aristocracia britânica. Sem destacar-se em nada, a não ser os acontecimentos específicos e situações causadas por seus próprios convidados. Mas, aquele dia era diferente. Havia tantas velas acesas que fora necessária uma hora inteira para acender todas. Ele queria mostrar que sua casa estava em ordem, sua família estava em ordem, sua vida estava em ordem. E nada melhor que um baile para fazer esse pronunciamento. Não, nem todos ali foram convidados para sua posse como Conde de Kent, devido a um pedido da rainha, a maioria na verdade não estava presente. A verdade é que a posse de Benedict tornou-se o evento social daquele ano. Um ano até então muito sem graça para a sociedade britânica.

Ele vestia uma casaca azul, com mangas formando uma espécie de vácuo bufante, um colete amarelo dourado de um tecido grosso com o torso também azul, a tradicional camisa de linho branca por baixo de tudo e uma gravata, também branca, amarrada como um torniquete em seu pescoço. Sophie estava encantadora, também vestida de azul, mas com um tom postal. Seu vestido era bem cortado e bem feito. Ele tinha os seios bordados com cristais caríssimos que Benedict mandou importar da Rússia, uma costura abaixo da linha que finaliza os peitos da garota e uma saia com plissado coberta por um tule, também bordado com alguns cristais pontuais. O casal exalava luxo. O baile era de máscaras, mas não a fantasia, por quê? Sophie havia dito a Benedict que aquela ideia era estúpida e ele jamais questionaria a opinião dos outros.

– Veja bem, se você fizer um baile a fantasia, algumas meninas podem se sentir constrangidas, algumas fantasias podem roubar a cena da sua festa, alguns problemas podem ocorrer devido a dimensão dos vestidos ...

E ela continuou por muito tempo, mesmo ele já tendo assentido com a cabeça e demonstrado que a amada estava certa. Contudo, ele não cortou-a, amava ouvi-la falando e faria isso pelo resto da vida se fosse possível.

A decoração era outro elemento à parte, nada de extremamente extravagante, tudo de muito bom gosto. Flores brancas adornavam os cantos do salão e uma composição colorida, misturada com dourado compunha a mesa onde eram servidas as comidas. Um quarteto de cordas tocava e animava a festa, enquanto uma soprano cantava com uma roupa um tanto quanto escandalosa para padrões normais, mas perfeitamente aceitável para uma artista como ela, em uma circunstância como aquela. Sophie não podia deixar de notar a forma como Violet Bridgerton encarava a mulher.

– Algum problema, sogra? – perguntou Sophie.

– Nenhum – disse Violet, virando as costas para a nova Lady Kent e indo em direção ao mordomo.

Logo atrás de Sophie estava Benedict, estonteante até mesmo com seu rosto coberto por uma máscara _também_ dourada.

– Você deveria maneirar no dourado – observou a condessa.

– Sophie, você me ajudou a escolher a roupa.

– Exatamente, Benedict. Durante o processo você não me informou em momento algum que sua máscara era dourada. 

– E o que eu faço agora? – perguntou Lorde Kent.

– Sorria e as pessoas vão ignorar sua total falta de senso para a moda.

– Talvez eu tenha que puni-la mais tarde por esse comportamento.

– Ah é, e como pretende fazer isso?

Benedict curvou-se para frente e falou os maiores impropérios e safadezas do planeta para ela. Sophie corou.

– Você não tem jeito! – ela riu e bateu no peito dele.

O Novo Visconde (uma história Bridgerton) Onde histórias criam vida. Descubra agora