Capitulo 3, ou uma querela de irmãos

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Já passava da uma da manhã quando Benedict tentou sair furtivamente pela porta do fundo e surpreender Eloise no jardim. A jovem estava sentada em um dos balanços que o pai havia construído para ele. Era impressionante como uma construção de madeira e corda poderia durar tanto tempo. Há pelo menos uma década e meia aqueles objetos encontravam-se ali.

Benedict passou bem rente a cerca viva que contornava o quintal dos Bridgertons e continuou seu caminho na escuridão até estar bem atrás de Eloise. Quando foi se aproximando um pequeno galho se quebrou sob seu pé, causando um barulho relativamente baixo, mas que no silêncio da madrugada parecia um estrondo.

– Meu Deus, Benedict! – blasfemou Eloise. – Qual a dificuldade de chegar como uma pessoa normal?

Benedict lançou-lhe um meio sorriso torto.

– Você está blasfemando? – perguntou o visconde.

– Não é como se eu me importasse com isso de qualquer forma – falou Eloise soltando a fumaça lentamente pela boca.

– Se você bem me conhece, não me importo também.

Ele passou entre os dois balanços e sentou-se no que estava vazio ao lado da irmã.

– Você pode me dar um desses? – perguntou Benedict à irmã.

Ela abriu a carteira, tirou um cigarro e entregou-o a ele.

Milorde! – ironizou Eloise.

Palhaça.

– Eu realmente não sei quando isso vai perder a graça.

– Quando eu parar de me irritar – disse acendendo o cigarro.

– Isso, meu caro, é a mais pura verdade. E quando será esse dia icônico?

– Espero que em breve, El. Espero que em breve.

Ele tragou e segurou a respiração por um tempo, liberando a fumaça de uma forma que poderia até ser descrita como elegante. Ele era elegante, Benedict no alto de seus 1,85 metros, com cabelos castanhos quase pretos avolumados, porte atlético e olhos de uma cor tão profunda e evidente quase impossível de descrever, algo entre o azul e o cinza, com toques verdes, chamava bastante atenção na alta sociedade.

Não só era um homem extremamente atraente, como também possuía uma fortuna respeitável, antes mesmo de ser visconde e é claro, tinha o nome. Ser um Bridgerton era uma vantagem absurda na sociedade londrina, especialmente em 1813. Quando a família já era de uma importância absurda, com uma das maiores e mais luxuosas propriedades de Londres, dezenas de empregados muito bem pagos e satisfeitos e evidentemente a união e o carisma dos jovens Bridgertons. Isso ainda aumentou devido ao debute de Daphne, que havia atraído a atenção até mesmo da rainha. Tudo isso era devido a Lady Bridgerton, a mãe.

Violet criou os oito filhos sem terceirizar nem um minuto da formação educacional, a não ser é claro quando chegou a hora dos meninos receberem uma educação formal, em uma escola. E quando Edmund morreu, ela também criou Gregory e Hyacinth, enquanto ajudava os outros a superarem o trauma da morte do pai e ensinava Anthony a lidar com o novo posto de visconde.

Mas dessa vez, ela parecia mais arrasada que os outros. Era papel do filho, Benedict, ajudar a mãe a superar os obstáculos desse percurso. Por amar demais os filhos, era evidente para Benedict que ela não aceitara facilmente o destino que Anthony traçou para si mesmo. Era evidente que ela não estava nada feliz.

– Como anda a mamãe? – perguntou Benedict.

– Arrasada.

Era de se esperar.

O Novo Visconde (uma história Bridgerton) Onde histórias criam vida. Descubra agora