Capitulo 2, ou uma questão de dever

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Benedict saiu do jornal ao por do sol. Aparentemente nem tudo havia acontecido tão rápido quanto ele gostaria. Como tinha tempo de sobra resolveu que deveria cuidar de um assunto específico que o irmão lhe pediu: a tal cantora de ópera.

No papel que Anthony deixou estavam o endereço e o nome da mulher. Benedict então informou o endereço para seu cocheiro, que levou-os até a região de Bloomsbury, local onde a classe trabalhadora de alto nível londrina morava. Geralmente os nascidos em família nobre tinham preconceito com aquele lugar, incluindo Anthony. Mas, isso aparentemente não se aplicava a casos como diversão e sexo.

Cerca de vinte e cinco minutos depois, quando a tarde já havia virado noite, ele a casa de Siena Rosso. Desceu da carruagem e bateu na porta.

– Pois não? – uma mulher negra de expressão forte e seios claramente avantajados abriu a porta.

– Gostaria de falar com Siena Rosso, é a senhorita? – perguntou Genevieve.

– Não, eu sou Genevieve Delacroix, Siena está lá dentro. Gostaria de entrar e esperar enquanto eu peço que ela venha recebê-lo?

– Se não for incômodo.

– De forma alguma.

Benedict entrou e sentou-se em um pequeno sofá que ficava em uma sala que se parecia com uma sala de visitas, mas não poderia ser, visto que o ambiente era extremamente pequeno e apertado.

O que incomodava o jovem Bridgerton era o que ele deveria falar para essa mulher. Deveria dizer que o irmão fugiu do país sem ao menos lembrar de se despedir dela?  Deveria dizer que ele fora um cavalheiro em pedir-lhe que cuidasse ao menos da vida financeira dela? Ou deveria simplesmente lançar uma versão detalhada da história mas sem nenhum tipo de opinião própria e deixar que ela tomasse a própria decisão baseada na interpretação dos fatos?

Definitivamente a última opção.

Pouco tempo depois dessa discussão interna do homem, Delacroix e Rosso chegaram ao aposento.

– Sr Bridgerton, essa é Siena Rosso – disse Genevieve.

Benedict optou por não corrigir o pronome de tratamento, era evidente que essa não era a melhor forma de contar tudo a Siena. 

– Obrigado... hã... será que eu poderia falar com ela a sós?

– Claro que sim – Mme. Delacroix retirou-se deixando Benedict e Siena a sós.

Ele encarou a jovem cantora de ópera por alguns segundos antes que conseguisse abrir a boca de fato.

– Siena...

– Benedict, presumo.

– Como você sabe?

– Genevieve te chamou de Sr Bridgerton, e Anthony não confiaria em mais ninguém para vir aqui e terminar o trabalho sujo dele.

Benedict engoliu em seco mais uma vez naquele dia, seria ele um mero garoto de recados de Anthony? Era essa a visão que as pessoas tinham dele? Bom, Siena poderia estar magoada e tentando ferir a qualquer um que se intrometesse em seu caminho. Com certeza ela é o tipo de pessoa que faria isso.

– Bom, sem querer lhe causar choque, sua amiga estava errada.

– Não vejo em que ela poderia estar errada.

– Na forma de me tratar é claro.

– Então devo lhe chamar de senhorito?

– Não... – Benedict riu. – Não mesmo, deve me chamar de Lorde Bridgerton.

O Novo Visconde (uma história Bridgerton) Onde histórias criam vida. Descubra agora