Capítulo 18, ou uma questão de saudade

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Sete meses depois...

Benedict estava eufórico com o nascimento de seu primeiro filho, afinal não era todo dia que sua vida era mudada completamente. Ele considerava importantes três datas, a atual — que coincidia com o dia do nascimento de seu filho, o dia de seu casamento com Sophie e o dia do duelo. Cada uma dessas datas chaves dividia uma parte de sua vida.

Se fosse menino, pela segunda vez em pouquíssimos anos haveria um terceiro Visconde Bridgerton, já que como herdeiro do condado ele ficaria com o segundo título mais importante que estivesse nas mãos da família. Anthony, Benedict e... Charles, pensou ele.

– Mamãe vai adorar essa sequência em ordem alfabética – falou Benedict em voz alta sem perceber.

– Milorde? – perguntou um lacaio que estava do lado de fora esperando junto ao chefe, caso ele precisasse de alguma coisa.

– Nada, hã... – O conde esperava que o nome do funcionário aparecesse em sua cabeça, mas nada lhe veio em mente.

– Arthur – disse o lacaio.

– Sim, claro – ele estendeu a mão para o rapaz. – E eu sou Benedict.

– Milorde!

– Vamos, pode me cumprimentar. Você não é qualquer um, Arthur. Nenhum de vocês é, sinto que é um desrespeito tremendo a posição importantíssima que vocês ocupam em nossas vidas, a forma como alguns homens em meu lugar tratam os empregados. Ora! Você está presente no nascimento do meu filho! Você é muito mais importante para mim nesse momento que qualquer um daqueles babacas pomposos que estão nos salões de baile de Londres.

Arthur engoliu em seco.

– O senhor é um bom homem – disse o rapaz.

– Só estou tentando fazer o meu melhor.

Neste momento algo prendeu na garganta de Benedict de as lembranças voltaram como um gatilho de arma sendo puxado e atingindo-o no meio do peito, entre as costelas. Ele se lembrava de tudo. Lembrava de como o pai era presente e atencioso com ele e os irmãos, lembrava de quando ele e Anthony arruinaram o pedido de casamento de sua tia Georgiana, lembrava de seu irmão, sua mãe e seu tio Nicholas inconsoláveis com a morte de seu pai. Lembrava de ser um adulto e não ter nenhuma expectativa, lembrava de encontrar a arte e ser salvo, lembrava de como sua vida foi virada do avesso. Ele se lembrava de tudo. Mas suas lembranças foram comprimidas e deixadas de lado no baú da história. Tudo estava ali agora, tudo estava presente. Menos ele.

Anthony.

Em cada uma das datas que ele considerava cruciais para sua vida, em cada um de seus momentos importantes, Anthony esteve lá. E agora nada do irmão. Ele só queria poder abraçá-lo e perguntar como ele tinha lidado com tudo aquilo, as notícias diziam que ele havia formado uma família maravilhosa nos Estados Unidos. Como ele havia superado tudo?

Mas, Benedict não tinha mais o irmão por perto e aquilo doía, doía demais.

Quando uma lágrima começou a percorrer sua face deixando um rastro quente no caminho, um grito gutural feminino cortou o fino véu do silêncio que estava no ar naquela parte da casa.

– _Sophie!_ – falou Benedict sentindo sua pressão cair.

Ele saiu de onde estava e percorreu os imensos corredores e quartos onde ele cresceu com os irmãos, e tudo que ele via era vazio, naquele ninho vazio. E durante seu percurso para a ala privativa do conde e da condessa ele se perguntou se o pai estaria por perto, e notou que pela primeira vez na vida ele enfrentaria algo que seria quase impossível sem Edmund por perto.

O Novo Visconde (uma história Bridgerton) Onde histórias criam vida. Descubra agora