Capitulo 6, ou uma questão de diálogo

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Sophie sentiu o toque suave do primeiro raio de sol da manhã em seu rosto, ela não havia dormido direito, relembrava constantemente os acontecimentos da noite anterior em sua mente. A forma como Benedict a tocara, a forma como ela se entregou nos braços daquele homem e quase não pode segurar o próprio corpo, chegando perto de quebrar sua própria promessa; fazer algo que jurou jamais fazer. Por isso não conseguia dormir. Toda vez que fechava os olhos a culpa a acertava, toda vez que virava para o lado se lembrava, se lembrava de tudo, de seu terrível passado.

Mas, Sophie era resiliente, e mesmo imersa no prazer ela conseguiu escapar da sensação inebriante por um instante e Benedict, como o perfeito cavalheiro que é, atendeu prontamente seu pedido. O único problema de toda essa situação era a sua visita matinal a esse perfeito cavalheiro, já que Sophia Maria era sua camareira. Infelizmente, ela não teria mais tempo para se recuperar. Sophie era uma pessoa de responsabilidades, ela sabia quais eram as suas e sabia que deveria cumpri-las. Ademais, resiliência sempre foi uma de suas características mais fortes, logo ela conseguiria passar por tudo.

Ela se levantou da cama e despiu-se para se trocar, enquanto tocou na própria pele nua para passar uma colônia o corpo arrepiou-se por inteiro, lembrando-se do toque de Benedict, de sua mão grande e firme em suas costas, se sua boca por toda parte. Seus mamilos se eriçaram diante do mero vislumbre do visconde. Sophie ainda podia sentir suas respirações se confundindo e seu corpo se inclinando para sentir mais fortemente o desejo dele entre suas pernas. Ele a queria, e isso era importante para ela, porque ela o queria.

Entretanto, aquele não era o momento para fantasias. Ela vestiu o vestido que Benedict ordenou que comprassem para ela, pois segundo ele suas roupas não eram "do nível dela". Ela concordava com isso, afinal, quem quer vestir trapos? Só não concordava com o fato de Lorde Bridgerton tê-la presenteado com aqueles vestidos, que poderiam muito bem ser peças que as meninas Bridgerton usariam para ficar em casa.

– Ele tem uma amizade de longa data com a modista – disse Francesca tentando justificar o porquê do irmão ter dado tais roupas para uma camareira.

Talvez agora as coisas estivessem fazendo sentido em sua cabeça. Toda a sedução a partir do primeiro momento, toda aquela conversa acerca de suas roupas, os vestidos e tudo que culminou no beijo esmagadoramente envolvente da noite anterior. Benedict queria que Sophie fosse sua amante. Era isso, só podia ser isso. E ela não poderia aceitar, por uma série de motivos, que são tantos que  Beckett poderia escrever um livro sobre, mas era melhor não pensar nisso. O melhor a ser feito era erguer a cabeça e continuar seu dia de trabalho. Quando fosse melhor para ela, quando tivesse guardado dinheiro o suficiente, caso a situação não mudasse, aí sim Sophie fugiria. No momento... responsabilidades.

~

Benedict acordou radiante, chegou a pensar que seu sorriso estava amarelo, não no sentido da expressão de sorriso triste ou falso, mas no sentido da cor. Ele sentia seu sorriso expandir e invadir o ambiente. Sophie o deixara assim. Era estranha aquela situação, ele pensou que jamais poderia se sentir assim com alguém. Era óbvio que ele mantinha relações com várias pessoas em segredo ao longo dos anos: Genevieve, Rose, Maria, Mark e Luke. Mas, nenhum, nunca, foi capaz de fazer o que Sophie fez.  Nem mesmo Granville. Ninguém nunca o havia deixado naquele estado, de choque, de quase morte, melhor, de vida intensa e alegre. Sophie o iluminou, ela mudou completamente seu humor. Com certeza aquele seria um dia bom. Com certeza ele poderia se explicar para ela e dizer o que aconteceu, talvez eles pudessem até chegar a um acordo.

Ele queria que ela fosse sua amante? Não. Estranhamente a sensação dessa possibilidade o consumia. Amantes eram os outros, amante no momento era Luke. Sophie era mais, aliás ele deveria terminar com Luke, por Sophie. Não era justo com o novo sentimento avassalador que consumia seu peito que seu membro se excitasse por outra pessoa, não era justo com Sophie que seus lábios tocassem os de outro homem, não depois do que aconteceu na noite anterior. Aquilo tinha cheiro de futuro, de certeza. Tudo o que ele precisava era acertar seus pensamentos, suas ideias, expô-los para Sophie, e assim eles poderiam conversar francamente sobre o que aconteceu.

O Novo Visconde (uma história Bridgerton) Onde histórias criam vida. Descubra agora