Domingo - 14 de setembro. - Noite

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Eu me pergunto o quão hipócrita da minha parte seria eu dizer que não passei muito e muitos dias imaginado aquela situação, mas honestamente, a realidade é muito mais bonita e terna. Me arrisco a dizer que nossa única desavença foi em pagar a conta, já que de acordo com o mais velho ele deveria pagar para recompensar o jantar que eu tinha lhe levado. Uma total blasfêmia que eu revidei, iniciei uma pequena discussão e no fim perdi. Maldito homem que conseguia o que quisesse de mim.

Zhan resolveu que seria uma ótima ideia passear um pouco por aquela área de centro, andando mesmo já que minha moto e seu carro estariam seguros no estacionamento da confeitaria. Como sempre, eu sedi.

A caminhada tinha um silêncio confortável e leve, mas no momento eu nem percebi que estávamos quietos. Até porquê meu veterano estava sorridente vendo as crianças brincarem com seus pais em uma praça do outro lado da rua. O sorriso pequeno nos lábios bonitos, - Os quais ainda não podia crer que já havia beijado - o olhar carinhoso e cálido, as vezes uma risadinha quando uma das crianças fazia algo minimamente cômico.

- São tão adoráveis... - Zhan sussurrou ainda admirado, mas logo sorriu e focou suas orbes no Wang. - Mas são tão cansativas. Parecem que são a base de bivolts.

- Minha mãe dizia que cuidaria de 100 criança ao invés de outro adolescente. - Foi a vez de Yibo soltar risinhos, pondo as mãos nos bolsos de sua calça jeans. - Talvez eu e minha irmã tenhamos dado um pouco de trabalho, além dela dizer que teve três filhos: Minha irmã, eu e meu pai. - Ambos sorriram pelas falas. A verdade é que mesmo com o passado sombrio do Xiao, ele amava falar de seus irmãos e sua mãe até porque sempre teria muito orgulho deles. O mesmo se vale para Yibo, sua família era bem estranha e barulhenta. - Um tanto irônico levando em conta seu próprio gosto - mas os amava mais que a si mesmo.

- Sua família parece divertida, Bo-di. - Novamente um momento confortável se instalou enquanto andamos até a praça e se sentamos em um dos bancos de pedra. Ficamos ali vendo o sol da tarde ir embora lentamente e deixando o tom rosado pintar as nuvens de forma perfeita, assim como a brisa um tanto quanto.

- Zhan-ge? - Eu chamei pondo minha perna de forma desleixada sobre a outra e apoiando o cotovelo ali, dando chance de estabilizar sua cabeça em sua mão. O veterano o olhou e arranhou a garganta pedido que continuasse. - Como soube que queria ser designer? Sabe, como soube o que queria como profissão? - E eu havia quebrado o silêncio.

Novamente nossa conversa fluía e novamente eu queria poder provar a boca alheia. Teoricamente eu posso, não é? Quer dizer, demos um beijo de manhã. E sim, eu estava a murmurar em ansiedade até que senti um selar cálido em minha testa, logo em minha bochecha e por fim minha boca.

Droga de veterano que sabia me dobrar e desdobrar.

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