Domingo - 20 de agosto. - Manhã

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Yibo estava um desastre! Acordou às oito da manhã e mal tinha vontade de sair do quarto, imaginando que qualquer um poderia estar com seu diário e descobrir que o mesmo o pertencia. Estava chafurdado em cima daquela cama a três horas e nem havia se mexido para mudar esse fato. Apenas repetia mentalmente que alguma divindade o levasse de uma vez, porque ele não teria cara para sair de seu quartel general, onde estava seguro.

O toque do telefone do homem ecoou pelo quarto, fazendo a tela brilhar com um número desconhecido, ao qual sinceramente ele não queria atender, mas movido a uma intuição ridícula, ele atendeu o celular com uma voz ácida devido a sua situação e rouca graças a falta de uso recente.

- O quê? - Yibo pode ouvir a pessoa ofegando pelo tom grosso. Já sem qualquer paciência o Wang pôs o braço sobre os olhos suspirando em desagrado.

- B-Bo-di?... - Yibo engasgou quando escutou o tom de voz tímido e recuado, retirou o braço dos olhos em espanto, enquanto seus olhos aumentavam de tamanho.

- Zhan-ge!? - Yibo quase gritou, sentindo o coração quase parando em sua caixa torácica, pensando se foi ele que achou seu diário e agora estava querendo tirar satisfação. Podemos perceber que o Wang nunca se tocou o que é anonimato, mas, era sabido que a única pessoa que podia o indentificar era o homem por quem era apaixonado.

"Deus, Buda, Alá, Mãe da Lua. Qualquer um! Esquece tudo que eu já pedi até hoje, só me leva! Por favor, me leva."

- Ahn... Sim. É-é uma má hora? E-u posso ligar depois não tem problema, ou espero até segunda. - Wang quase se bateu com o travesseiro. Claramente Xiao achava que estava sendo um incômodo e se assustou com sua acidez.

- Não! Não é isso! É que... Eu achei que fosse Wenhan me dizendo que queria que eu comprasse o almoço dele. - Ok, uma desculpa um pouco convincente. Dava pra engolir, apenas não fale nada estúpido, Yibo! - Problema Zhan-ge, algum? Não! Espera! Q-quer dizer... - Yibo escutou o veterano sorrir em alto e bom som e parou pra ouvir o som que tanto gostava, sentido que seu medo e seu mau humor evaporando.

- Desculpa te ligar assim do nada, Didi. - Zhan respirou fundo, ainda sorrindo um pouco. - Na verdade, eu preciso de ajuda. Lembra quando eu disse que a gente ia começar a arrecadar o sangue e os alimentos no último dia de agosto? - Wang respirou com mais facilidade, percebendo que o assunto não era seu diário. Fez um arranhar de garganta em concordância ao outro, esperando ele continuar. - Bem, eu preciso de alguém pra me ajudar com a campanha dos alimentos, já que a de sangue é muito maior do que eu, SungJoo e Mei Laoshi achávamos. - Xiao respirou fundo, um pouco embaraçado pela situação - Bo-Di, eu sei que você não é um dos representantes, mas eu preciso de ajuda pra organizar e eu não conheço ninguém da sua turma, então... Eu só confio em ti, Bo-Di.

"Tudo bem, não precisam me levar agora. Podem esperar mais algum tempo".

O azulado travou por um instante, com medo do seu coração estar tão alto que o outro pudesse escutar, mas óbvio que jamais negaria algo a Xiao Zhan. - Se-em problema, só me diga o que eu tenho que fazer.

- Sério?! Obrigado, Bo-Di! Não sabe o quanto esta me salvando. - A alegria na voz do mais velho era notável, provavelmente estava falando com seu sorriso de coelho naquele rosto lindo. - Uma vez por semana a gente tem que ir nas fábricas que se alistaram na faculdade pra participar da gincana e me ajudar a catalogar o que os estudantes arrecadaram. O coordenador vai me ligar hoje a tarde, aí eu posso te passar, ok? Posso passar no teu quarto no início da noite? Juro que não vai ser tão ruim quanto parece ser.

Óbvio que não iria ser tão ruim, ficaria pelo menos um dia da semana com o veterano, além dele vir no seu quarto de noite. - Ah, sim! Claro! Sem problema... Espera, hoje? Mas seus irmãos não estão machucados, Gege? Eles vão ficar bem?

- Eles vão voltar pro colégio hoje a tarde, a diretora já me disse que os alunos foram detidos e tudo mais. O médico disse que eles podem ir pro colégio, só não podem voltar a praticar esportes, além de tomarem cuidado. Mas vai ficar tudo bem com eles. Obrigado por se preocupar, Bo-Di.

- Espero que eles se recuperem bem, Zhan-ge. - Yibo sorriu percebendo que a conversa estava ficando mais leve e íntima.

- Nah, aqueles dois pestinhas podem estar um pouco parados agora, mas daqui a pouco eles vão estar me dando nos nervos como sempre. Por falar neles, desculpa pelo Chuyue, meus irmãos ainda estão me perguntando que é você. - Zhan suspirou por saber que os dois não esqueceriam daquilo tão cedo. No fundo da ligação Yibo pode ouvir um latido, algo quebrando e barulho de campainha. - Pelo amor de Deus, Xiao GuoChang abre a porta e vê se é a senhora LiangHi pra pegar o Yoda. YuKang é melhor que isso não tenha sido a tampa das minhas panelas! - Yibo gargalhou alto ouvindo o Zhan continuando a falar com os irmãos. - Senhora LiangHi, não tem problema, a gente fica com o Yoda sempre que a senhora quiser. Tchau, Yoda, até sexta, meu bebê

- Zhan-Ge? - Yibo ainda sorria pela cena que ouviu, querendo saber se o mais velho precisaria desligar.

- Oi! Desculpa, a gente tava cuidando do cãozinho da vizinha e ela veio buscar ele e os meninos deixaram uma das panelas cair. Eu errei, Didi, eles não vão esperar nem duas semanas, já estão bonzinhos. - Xiao sorriu junto ao mais novo, ouvindo um dos gêmeos continuar conversando no corredor com a vizinha e o outro vendo alguma coisa na TV smart.

- Minha sorte por ser irmão caçula. Minha irmã danaria a mão na minha cara se eu tocasse nas coisas dela. - O mais novo falou se lembrando de Wang SuQing, tinha calafrios só de lembrar das vezes que retrucou sua irmã. Teve sorte de não dar uma de Rihanna e Rom pom pom pom Yibo down. - Minha irmã é assustadora, ela é ainda mais grossa do que eu.

- Grosso? Você é sempre um amorzinho, Didi.

- Não é como se eu conseguisse ser grosso com você, deve ser crime federal ser rude com alguém tão meigo. - Yibo tapou a boca, as palavras saíram sem controle, ouvindo um risinho tímido vindo do mais velho, se sentindo um tapado por ter falado o que pensava.

- O-Obrigado, Didi. E-Eu... - Zhan sorriu sentindo as bochechas esquentarem e mordendo a boca em nervosismo, mexendo a mão que não segurava o celular brincar com a barra de seu camisão. - Você é adorável, Yibo.

- Só d-disse verdades, Zhan. - Xiao quis se enterrar, Yibo nunca o chamou sem o sufixo de irmão mais velho, era íntimo demais, algo que apenas amantes e casais usavam.

- YuKang! O nome dele é Yibo! O nome do namorado do Da-ge é Yibo! Ele estão cheios de namorico aqui, ele tá até vermelho de vergonha! - Ambos os universitários escutaram GuoChang gritar para o irmão, assim como os passos apressados do Kang indo em direção do quarto do irmão mais velho.

- Você ouviu minha conversa, Xiao GuoChang!? - Xiao Zhan parecia incrédulo, até mesmo Yibo gelou ouvindo aquilo, mas não pode negar que gostou de ser chamado de namorado do veterano. - Bo-Di, eu converso com você na faculdade. Tenho que controlar esses dois. Beijo, Didi.

- Boa sorte. Beijo, Zhan-Ge. - Yibo sorriu divertido. A família Xiao era realmente doida, bem que Jiacheng o avisou, mas não fazia mal, queria descobrir mais sobre a vida de seu veterano.

Yibo pôs os braços atrás do pescoço, sorrindo bobo para o teto, pensando em quanto tempo demoraria para o mais velho vir em seu quarto.

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MEU DEUS! XIAO ZHAN VIRIA EM SEU QUARTO NESSA NOITE E SEU QUARTO ESTAVA PIOR QUE PRAÇA PÚBLICA DEPOIS DE CARREATA DE ELEIÇÃO.

Levantou as pressas tentando por a cama e o colchão de volta na base. Olhou ao redor e percebeu que iria precisar de um milagre naquele quarto.

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