Querido Diário

Domingo - 20 de agosto. - Noite

- Merda. Merda. Merda - Yibo falava baixinho,  saindo as pressas do banheiro, arrumando a toalha na cintura de forma afobada e desajeitada vendo a própria ereção ainda meio desperta marcar um pouco na toalha. Conseguia ouvir o celular tocando e algumas batidas em sua porta. Yibo parou em frente a porta, não sabendo bem se abria mesmo só de toalha; se colocava qualquer roupa, mais aí deixaria o Xiao esperando. Em total desespero, o Wang abriu apenas uma fresta da porta, pondo o rosto e parte do dorso molhado para fora, dando de cara com um Zhan com o celular na mão esquerda e uma pasta na direita. Inacreditavelmente lindo. - Zhan-ge... Eu-u. Só um segundo...

Yibo viu o olhos do veterano travarem em seu pescoço e clavícula, deixando ambos vermelhos. Xiao desviou o olhar e abaixou em pouco o rosto, engolindo em seco. - Cla-aro. Pode ir, Bo-Di. - Yibo não fechou a porta, pensando ser grosseria demais, então a encostou, correndo até o guarda-roupa e pegando a calça e a cueca, voltando as pressas para o banheiro.

- Zhan-ge, pode entrar! - Yibo gritou do banheiro, dando um sinal verde para o Xiao entrar de forma tímida no quarto, retirando os tênis e pondo no suporte para isso. Fechou a porta de forma lenta e sentando na ponta da cama, ainda acanhado pela cena que viu.

Poucos minutos depois, a porta do banheiro se abriu e um acanhado Yibo saiu do cômodo, pois no desespero só pegou a calça e cueca. Na mente do Xiao, tudo que se passava era que Deus estava adorando brincar com sua cara com uma visão tão... quente.

- Desculpe aparecer assim, eu perdi um pouco a noção do tempo. - Yibo passava a toalha em seu pescoço pelos fios azuis, enquanto usava a perna para puxar a cadeira da escrivaninha e se sentava a frente do vermelho veterano. - Então, como posso ajudar, Zhan-ge?

- Ah, sim. É... - "Olhos no rosto dele não no corpo bonito e perfeito". Zhan se acanhou um, mechendo o anel em seu dedo médio em sinal de nervosismo. - Como eu te disse, uma vez por semana temos de pegar as doações de uma fábrica diferente. Catalogar é apenas separar em perecíveis e não perecíveis e aí eu posso levar pra minha casa, pra não correr o risco de ter qualquer tipo de sabotagem. - O Xiao encarou o rosto do azulado, suspirando e olhando fundo os olhos castanhos. - Didi, eu não avisei o coordenador que você iria me ajudar, se quiser desistir não tem problema. Até porque você não tem obrigação nenhuma comigo. - Zhan sorriu compreensivo, pondo uma das mãos na coxa alheia em sinal de empatia.

Wang Yibo tensionou na cadeira, sentindo a mão em sua coxa e complentando mentalmente que sim, ele tinha uma obrigação com ele. Yibo tinha acabado de se masturbar pensado no corpo nú do outro e estava sentido o local em que a mão alheia estava esquentar. Ajudar o veterano era o mínimo que podia fazer para limpar sua consciência imunda e bem, não era sacrifício nenhum.

- Eu não me importo em ajudar, Gege. Eu estou aqui para qualquer coisa que precisar. - Sim, o próprio Yibo viu duplo sentido naquela frase e infelizmente, o duplo sentido não era apenas uma impressão.

"Eu sou o que? Um adolescente descobrindo a punheta?"

Yibo se perguntou, mas teve sua resposta ao perceber as coxas abertadas pelos rasgos da calça absurdamente justa.

"Pelo visto sim."

Xiao sorriu brilhantemente, deixando o coração alheio em êxtase. - Obrigado. De verdade, Didi. Não tem ideia do quanto sou agradecido. - Yibo correspondeu o sorriso alheio e puxou novamente a toalha, passando o tecido pelo cabelo molhado de sua nuca, pensando se puxava ou não outro assunto.

- Ah... Olha, isso é pra você. - Zhan estendeu a pasta para o outro, deixando o vermelho retornar para seu rosto na mesma medida em que Yibo fazia uma cara de desentendimento e pegava o objeto. - Eu não tenho certeza do que é, sinceramente acho que eu não deveria te entregar levando em conta que foi meu irmão que escreveu, mas não pode ser tão ruim, né? Na verdade pode sim, mas aqueles dois não são loucos.

O azulado pegou a pasta preta, um pouco receoso por saber que seria algo vindo das duas "pestes". Quando finalmente viu o conteúdo, a gargalhada do Wang foi inevitável, chegando ao ponto de por a cabeça pra trás, tentando controlar a risada.

- O que foi?

- Seus irmãos são incríveis! - Yibo punha a mão no peito controlando a respiração e mostrando o papel ao mais velho. Kang e Chang haviam posto dentro da pasta duas camisinhas e um sachê de lubrificante, além de mais um papel dizendo que não viram camisinhas com o irmão e não queriam que ele sentisse dor.

"Se machucar nosso irmão, que vai receber a seco é você, Yibo!"

- Meu Deus! - O veterano não tinha ideia de onde por o rosto. Seus irmãos eram pestes! Como puderam fazer uma coisa assim? Que vergonha! - E-Eu sinto muito. Eles... Aí que pragas!

- Pelo menos eles se preocupam com você, Gege. Minha irmã teria me dito pra me virar. - O Wang ainda sorria colocando as coisas em cima da cama e deixando de enrolar pra enxugar as madeixas azuis. - Quando disse pra minha irmã que eu tinha me interessado por alguém ela veio até a faculdade pra falar com a pessoa. Tive de pagar a academia dela por três meses pra ela ficar quieta.

Foi a vez de Zhan sorrir, achando a irmã alheia uma pessoa incrível. A risada do mais velho se cessou, vendo que o Wang enchugava os próprios fios de forma muito bruta. - Bo-di, seu cabelo vai perder a cor rápido desse jeito. - O Xiao se levantou, se pondo a frente do homem mais novo e tocando a toalha úmida. - Se fizer com tanta força seus fios vão quebrar e a tinta fica gás mais rápido, Didi.

Yibo não respondeu, apenas aceitou o movimento em seus fios, além de ouvir o outro dizendo que sua irmã parecia ser perfeita. - Ela é uma doida, isso sim. Semana passada ela jogou um sapato no homem que traiu a amiga dela, eu perguntei o que ela tinha na cabeça e ela me respondeu que tinha cabelo. - O azulado viu o mais velho sorrir com gosto, não controlando os lábios e sorrindo junto.

- Por mais sem noção que meus caçulas sejam, eles não me respondem por eu ser o mais velho, até porque eu posso muito bem tirar o celular daquelas pragas. Vantagens de ser o mais velho. - O cabelo do Wang foi afastado da toalha, esta que Zhan estendeu para o mais novo. Em cima da escrivaninha, o Xiao viu uma escova de cabelo, não tardando em pegar e arrumar os fios alheios.

Zhan penteava os fios de forma gentil e lenta, se pondo na frente do mais novo que continuava sentado na cadeira. Yibo não sabia pra onde olhar, pois tudo que via era o corpo esguio a sua frente e as coxas firmes na altura de suas mãos, as sentido coçar para tocar ali. Mas ninguém contava que o mais velho tropessaria no pé da cadeira e o Wang levaria as mãos a cintura marcada em reflexo para o outro não cair, deixando o mais velho apoiar as mãos finas nos ombros largos e despidos.

- Pirralho, você sabe do seu... - A voz de Yixuan morreu ao ver ambos os homens se segurando de forma tão íntima. O estudante de educação física não escondeu o sorriso malicioso ao ver as camisinhas em cima da cama e o rosto do veterano em chamas. - Mil perdões, podem voltar ao que estavam fazendo.