Capítulo 1 - Go to hell

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Eu ando muito cansado, ultimamente eu tenho andado cansado o tempo todo

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Eu ando muito cansado, ultimamente eu tenho andado cansado o tempo todo. Tentei disfarçar e dar o meu melhor para fingir estar tudo bem, mas com o passar do tempo eu apenas desisti de fazer todo esse teatro idiota.

Olhos curiosos me cercando quando menos esperei, se esgueirando pelos becos escuro dessa cidade cheio de fofoqueiros. Algumas palavras eram tão falsas, entretanto, outras eram tão verdadeiras que me assustavam. Meus pais nem ao menos notaram, não descobririam nada se não fosse essas pessoas sem ter o que fazer.

Às vezes eu queria que meus pais não brigassem tanto, que depois de cada briga abafada que eles acham que eu não ouço, não ficassem cada vez mais quebrados. É meio impossível para eles, só não conseguem mais resolver todos esses conflitos acumulados e apagar suas magoas, se livrar do rancor.

Eu queria não trazer mais problemas para dentro de casa, mas minhas mãos coçam e formigam ansiosas por uma boa luta. Cada pedacinho do meu corpo implorando por adrenalina, mesmo que depois eu fique todo dolorido e surrado.

Então aqui estou eu, parado na frente da porta branca, desse escritório também branco que cheira a remédio e melancolia. Vestindo uma blusa cinza por debaixo do moletom e uma bermuda preta, minha cabeça chiando para eu fugir daquele lugar.

Tomei coragem e empurrei a porta, ela era pesada demais para seu papel naquele lugar branco, parecia errada. Tinha um homem com um casaco caro e chique sentado em uma poltrona, me senti um trapo pelo meu moletom velho, mas eu não sou do tipo que se veste para impressionar alguém.

Conversamos por algumas horas durante semanas, contei a ele sobre meu mundo sem cores, ele me deu remédios de várias cores e tamanhos. Eu queria tacar todos aqueles frascos no chão, pisotear até virar tudo poeira e gritar, gritar muito com ele, mas apenas acenei e sai.

Estou mais leve, mas não me sinto bem e nem sei se um dia eu realmente vou estar. Ainda não consigo ver cores, achei que ele resolveria meus problemas, mas ele apenas falou que não pode me ajudar com isso, que é um trauma psicológico que ele não pode curar.

Maldito, esse era o seu trabalho, seu único trabalho era curar a porra da minha cabeça. Me pergunto se um dia eu vou conseguir concertar ela, parar de dar a minha alma aos peixes. Está tudo acabado, então eu apenas vou para casa, pelo mesmo velho caminho de terra, onde eu e Deku brincávamos, mas agora tem apenas poeira lá.

Deku, o que aconteceu mesmo com ele? Acho que se mudou de cidade, sua tia estava doente, isso foi há dois anos e meio, não voltou mais. Eu queria pedir desculpas para ele, mas ele me trataria com desgosto e inferioridade e eu não tenho conseguiria lidar com isso.

Agora eu estou na porta de casa, o som de algo quebrando lá dentro parece ecoar pelos meus ouvidos, não quero entrar, mas é o único jeito de fazer eles pararem com isso. Tenho que entregar essa nova receita de remédio e finalmente contar para eles sobre a verdade. Tenho medo de não conseguir abrir a boca e a ela não sair, as coisas ditas em voz alta se tornam pesadas e mais dolorosas.

End of the SummerOnde histórias criam vida. Descubra agora