Capítulo 15 - Red boy

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– Para de jogar água em mim seu maldito!

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– Para de jogar água em mim seu maldito!

– Não seja mal-humorado Bakubro! – O idiota do Pikachu continuou jogando água em mim, eu teria voado no seu pescoço se Mina não tivesse feito uma bola de canhão quase em cima de mim.

– Desculpa Baby boy, não te vi aí.

– Pare de me chamar assim sua alien doida.

Mergulhei a fim de desviar de mais um dos ataques de Denki, nadei para a parte mais afastada, perto da cachoeira, era um pouco perigoso mas eu não tinha que suportar aquele amontoado de pessoas. Fiquei sentado em uma pedra, metade do meu corpo na água gelada.

O sol estava mais fraco, mas ainda assim era muito quente, eu só espero que minha pele não fique toda queimada depois. A conversa de mais cedo ecoa na minha mente, não me fizeram perguntas, apenas aceitaram que eu estava escondendo isso deles, estou incomodado.

Fiquei os observando de longe, embora eu esteja cansado, uma parte de mim está calmo, estão vou ficar nela mais um pouco. A água sempre teve esse efeito em mim desde pequeno, mas com o passar dos anos eu parei de ir em praias e riachos.

Não entendo o porquê, mas me traz uma melancolia muito grande, como se estivesse gravado em algum lugar do meu coração. Eles não parecem ter percebido meu sumiço no meio daquela bagunça ou talvez não se importem, se eu for embora, ninguém vai se importar.

No fim, eu fiquei até o final do dia com eles ali, mesmo que quieto no meu canto. Isso pareceu deixá-los feliz, então não me importei com o tempo perdido, não tinha nada para fazer nos dormitórios mesmo.


* * *


Depois de um banho rápido fui direto para o saguão, o jantar estava quase pronto quando começou a chover, no começo era devagar, calmo e quase raro, mas depois ficou tão forte que dava medo. Os trovões pareciam ecoar dentro da minha mente, se repetindo cada vez mais altos.

Senti uma mão em cima da minha, era quente e cálida, meu coração errou três batidas com o susto. Olhei para o lado, Kirishima me encarava com um sorriso no rosto, eu conseguia ver o vermelho pintando suas bochechas.

– Você está com medo?

– Claro que não, é só uma chuvinha.

– Eu tinha bastante medo de chuva quando era criança – Sua risada saiu tímida, quase nula, mesmo assim ele continuava sorrindo – Porque toda vez que chovia a árvore na frente de casa fazia um barulho horrível e os galhos se quebravam, ela era muito velha.

Ficamos em silêncio por um tempo, Eijirou parecia ter toda a atenção dele na conversa que Ashido desenvolvia animada. Ao contrário dele, a única coisa que eu conseguia focar era no toque quente da sua mão, mesmo depois de eu afirmar que não estava com medo, ele continuou segurando, era uma sensação gostosa.

Meia hora depois Aizawa pediu para voltarmos pro quarto, a chuva estava piorando cada vez mais, o professor ficou com medo de acontecer algo. O garoto soltou a minha mão para voltarmos, eu queria ter pegado sua mão de volta, mas fiquei com vergonha demais, me arrependi no segundo seguinte.

Era um pouco engraçado, eu passei um bom tempo segurando a mão quente, mas a minha esfriou em poucos segundos, como se estivesse morta. Sempre foi assim, tão fria o tempo todo, mas agora me incomodava, eu queria aquele calor reconfortante de novo.

Eram nove horas, estava todo mundo exausto, não consegui dormir, muitas coisas se passavam na minha cabeça o tempo todo, sobre os acontecimentos do dia. A hora em que contei minha condição, se repetia em loop nas minhas memórias, tentado decifrar aquele momento que não teve nada de especial.

– Bakugou, você tá acordado? – Era a voz de Eijirou, olhei pro lado, Denki estava desmaiado, acho que Sero também.

– Estou.

– Não consigo dormir.

– Está com medo da chuva?

– Não, eu só, não consigo dormir.

Um raio caiu, iluminou o quarto todo e depois de algum tempo veio o estrondo. Ficamos em silêncio, uma parte de mim queria descer da minha cama e ir na dele, talvez assim eu dormisse mais rápido. Seria muito inapropriado e vergonhoso, então fiquei deitado na minha cama, segurando as cobertas com força.

– Kirishima – O chamei, reunindo a coragem que eu não tinha para aquela pergunta – Qual é a cor dos seus olhos?

– castanho, mas todo mundo fala que se parece com vermelho – Senti meu coração na boca, batendo tão rápido que eu achei que não era possível.

– E do seu cabelo?

– Eu pitei de vermelho, preto é muito sem graça – Sei que ele está sorrindo pelo tom divertido que está usando.

– E o do Pikachu?

– O Denki é amarelo com o raio preto, não sei porque ele pinta assim, mas não é tão ruim. O do Sero é preto natural e o da Mina é rosa.

– Eu sei.

– O que?

– Eu sei que o dela é rosa, Uraraka me contou.

– A sua amiga?

– Uhum.

– Deve ser difícil né? A gente fala o nome das cores mas você não deve saber como são.

– Eu quase esqueci como elas eram, eu conseguia ver quando era mais novo.

– Como?

– Perdi a capacidade com dez anos, por aí, ninguém sabia até o ano passado, eu tentei esconder a todo custo, achei que uma hora elas voltariam.

– Me desculpa, eu não devia ter perguntado.

– Não me importo, é um pouco relaxante falar sobre isso com alguém, eu nem sei como eu as perdi.

– Não sabe?

– Não.

O silêncio voltou, achei que iriamos dormir, então fechei os olhos e me concentrei na chuva, ao fundo eu conseguia ouvir algumas risadas, provavelmente do outro quarto.

– Você acha que elas vão voltar algum dia?

– Espero que sim – Não sei se devo revelar que consigo ver as vezes, é sempre com ele, um vermelho escuro e encantador.

– Quer dormir aqui comigo?

– Porque? Está com medo? – Debochei ácido, mas não o escutei rir como das outras vezes.

– Talvez um pouco.

Desci da cama, com medo de cair no escuro, puxei meu travesseiro e joguei para o garoto. Ele me deu um pouco do espaço e eu deitei do seu lado, praticamente grudado em si, já que a cama era muito pequena.

Eu conseguia tranquilamente ouvir seu coração batendo, se acalmando aos poucos, sua respiração quente batendo em meu rosto. Todo o quarto pareceu se emundar de azul, primeiro pensei ser apenas algo da minha cabeça, mas eu podia ver detalhadamente o pijama azul forte do garoto, cheio de tubarões cinzas.

– Boa noite docinho.

– Boa noite Eijirou.


Era como um calmante natural, nem percebi quando começou a fazer efeito, logo eu já estava dormindo, debaixo das cobertas junto do garoto vermelho.

End of the SummerOnde histórias criam vida. Descubra agora