Temos WhatsApp, Instagram, Facebook, mas as cartas, elas deram origem a tudo.
○Heather
○
- Heather...
Apenas essas poucas horas já perdi a conta de quantas vezes Kaiser pronunciou meu nome.
Heather. Heather. Heather.
Heather. Heather.Meu nome saindo de sua boca era tudo que eu não queria escutar neste momento, achei que eu fosse a esperta, imaginei que eu que fosse a filha da puta que iria usar ele, mas não, descobrir algo surpreendente, ele que estava me usando.
Obrigada kaiser, servirá de experiência.
- Irei deixar você explicar, o que isso... - Botei o gravador na frente do seus olhos, prácticamente esfregando em sua cara. - Está fazendo aqui. No seu bolso. Gravando nossa conversa.
Com o gravador em mãos eu o desliguei, sentei novamente no banco me distanciando de Kaiser e respirei fundo esperando sua explicação. Por mais que não importasse o que ele dissesse, nada iria mudar nada.
- Eu...Só...Era a última vez que eu precisava fazer isso. - Desviei do seu olhar nervoso e quase desesperado, para absorver suas palavras.
"Última vez"?
Então ele já vez isso antes!
"Precisava"?
Alguém estava o obrigando.Eu tentava pensar qual foi a última vez que eu tive uma conversa com Kaiser que realmente importasse de alguma coisa, mas nada me vinha a memória, a não ser... Aquela única vez.
- No carro! - Digo em voz alta quando me lembro da última vez que tivemos uma conversa que realmente poderia ter sido importante para alguém. E esse alguém não seria nem ele, nem eu. - Quando me perguntou sobre a garota que se suicidou, você realmente queria saber daquilo, por quê?
- Heather - Fecho os olhos com força não aguentando mais escutar meu nome sair de sua boca. - Me disseram que você empurrou a garota, mas é óbvio que eu não acreditei, por isso eu perguntei, mas meio que você desconversou e agora estamos aqui.
Eu não entendi nada do que Kaiser havia falado, porque além de mal explicado a única palavra que ficou em minha cabeça foi "empurrou".
Que merda isso significava?
Eu não empurrei ninguém, droga. Alguém poderia ter empurrado Alexia? Quais são as chances de não ter sido um suicídio e sim um homicídio?
Talvez...Zero vírgula dois porcento.
Em extenso e bem claro.
Alexia sem sombras de dúvidas havia se suicidado, não posso deixar minha cabeça se enganar, deixar Kaiser me enganar, até porque, dessa parte, eu sabia.
- Heather...
- Em vez de ficar dizendo meu nome em vão porque não me diz o nome da pessoa que mandou você fazer isso? - Era tudo o que me importava neste momento, o nome da pessoa que quer que eu diga algo para me incriminar de alguma forma. De qualquer forma.
Eu deveria ter uns nomes em mente e eu tenho, mas são muitos nomes, eu tenho uma lista gigante de nomes que podem pensar que eu empurrei Alexia, por isso não tenho tempo pra imaginar ou tentar acertar na sorte ou simplesmente intuição, eu preciso que ele diga.
- Sony - Finalmente, um nome diferente saindo de sua boca - Apenas sei seu primeiro nome, uma garota alta, loura...
- Já entendi. Ela veio falar com você? - Pergunto não desviando meu olhar de Kaiser nem por um segundo, ele não vai mentir pra mim novamente.
- Sim, perguntou se você treinava no meu ginásio de boxe e eu disse que sim, e depois ela me contou o que havia acontecido com uma amiga de faculdade. - Ele tenta se aproximar mas desiste quando eu lhe encaro de forma ameaçadora, apenas com meu olhar eu poderia mata-lo. - Eu não acreditei Heather, e por isso aceitei isso, pra mostrar pra ela que você não empurrou aquela garota.
- Ninguém empurrou Alexia, Kaiser, porque ela se jogou e disso eu tenho certeza. - Eu tinha? Não, eu tenho que ter.
Tenho que ter certeza porque as probabilidade de alguém te-la empurrado são, zero, zero vírgula dois.
- Vá pra casa, o gravador fica comigo, e se Sony for te procurar, diga pra ela vim até mim, porque eu, com certeza, vou atrás dela. - Aperto com força o gravador em minha mão esbranquiçando meus dedos de forma dolorosa.
Sem dizer nada Kaiser faz o mesmo percurso que nós fizemos pra vim pro jardim e some conforme vai andando pela calçada.
Kaiser estava assustado, uma pessoa assustada não costuma mentir, mas ele mentiu pra mim esse tempo inteiro, por isso eu ainda tinha um pé atrás, mas talvez eu deva ter os dois pés atrás. Talvez meu corpo inteiro.
Merda!
Nos conhecemos a anos, achei que eu poderia confiar nele, achei que ele gostasse de mim, mas é incrível como as coisas funcionam pra mim, na verdade, nada funciona.
Sony, eu deveria imaginar que suas ameaças não eram vazias, desde a primeira vez que ela veio me questionar o que eu havia feito no dia que Alexia se jogou da faculdade, eu deveria ter percebido que mesmo eu dizendo pra ela não perder seu tempo comigo, ela não seguiria meus conselhos, por mais que fossem ótimos.
Levanto do banco com o gravador em mãos e caminho para dentro de casa indo direto pro meu quarto, meus pais não estavam mais na sala, imagino que já estejam dormindo e que provavelmente ligaram para o meu celular mas eu nunca teria certeza. Quem sabe irei ter que comprar outro.
Ligo o abajur da minha escrivaninha e me sento na cadeira, abro a gaveta e pego uma carta, a carta que Alexia havia deixado na minha mão, ela disse que eu deveria entregar pra a pessoa certa, no momento certo, disse que eu saberia quando seria o momento certo.
Mas agora eu estou perdida e insegura, pessoas acham que eu teria coragem de empurrar uma pessoa de um terraço, isso é inimaginável.
Sony, Venia, Alan e Logan.
Essas pessoas estavam na minha cola, desconfiam de mim e vão fazer de tudo pra eu dizer apenas verdade, mas a verdade não vai ser algo que eles vão gostar de ouvi, mas insistem em correr atrás dela, então que corram e vença o melhor.
Porque a verdade não está comigo, está nesta carta e quando a pessoa certa abrir ela, vai se decepcionar, porque de uma coisa que eu sei, é que a verdade dói, dói muito mais que uma mentira mal contada.
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She Knows Everything (Concluida)
Fiksi RemajaA sinceridade pode ser uma desgraça quando são faladas para pessoas que não suportam a verdade. A pergunta é, como você irá lembrar de mim, mesmo não estando mais entre nós?! A única certeza que eu tenho é que irei lembrar de você dá forma mais ridí...