Capítulo - 25

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Se eu dissesse que nada mais me surpreende, eu estaria mentindo.

Se eu dissesse que nada mais me surpreende, eu estaria mentindo

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Logan



Heather

Heather

Heather

Seu nome, seu rosto, ela se desfazendo do meu toque, se distanciando de me quando eu me aproximei, caralho, isso ia me matar.

- Apartamento legalzinho... - Alan surge na sala com dois salgadinhos em uma mão e uma Heineken em outra. - Que cara é essa...conheço essa cara.

Ele me explicou o que tinha acontecido, Rodrigues ambém mandou uma mensagem para ele, mas sem ser anônima, dizendo que se quisesse saber quem era o verdadeiro culpado, que fosse até o lugar marcado, vi as mensagens e doido da cabeça como Alan estava, mesmo sendo Rodrigues mandando mensagem, ele iria, por Alexia e foi o quê fez.

Eu poderia brigar com ele por não ter me avisado nada, ocultado essa situação, mas a verdade é que tudo era muito triste, toda a situação.

Era praticamente tudo ou nada por Alexia.

Alan era a única pessoa que eu tinha agora. E mesmo ele com essa loucura, eu continuava conhecendo ele e sei o quanto me apoiou em minhas loucuras também.

Era assim que funcionava.

Alan tinha botado os pés em cima da mesa de centro assim que sentou no sofá, mas quando viu minha "situação" tirou os pés e botou tudo que estava em suas mãos em cima da mesa, deixando tudo de lado e prestando toda sua atenção em mim.

- Conheço esse olhar e sinceramente, espero que não seja isso. - A voz de Alan chama minha atenção e eu o encaro precisando botar isso que estou sentindo pra fora, por mais que no final talvez não seja uma boa idéia.

- Alan... - Tento dizer, mas nada sai e na verdade nem precisou, Alan passou de um sofá pro outro se sentando do meu lado e de um jeito estranho me abraçou.

- Caralho Logan que merda falaram pra você? - Eu lhe encaro e ele aberta os olhos num ato de raiva, como se tentasse se controlar. - Minha vontade é de queimar todos esses racistas de merda.

Era simplesmente inacreditável a maneira que eu não precisava falar nada pra Alan entender que eu não estava bem, por mais insuportável e chato as vezes, ele era um bom amigo e disso eu não podia reclamar, mesmo se eu quisesse, e quisesse muito, nada apaga o que eu e ele passamos ao longo dos anos.

Eu não poderia incluir isso a situação da minha irmã e as merdas que ele estava fazendo para tentar resolver ocaso.

- Não foi exatamente isso desta vez, eu acho. - Digo afundando minha cabeça em minhas próprias mãos tentando pensar no que havia acontecido.

- Quem foi a pessoa? Conhece? Sabe o nome, idade, onde mora? - Eu até poderia rir diante a situação e da preocupação genuína de Alan, ele sempre foi assim. - Não estou brincando Logan, sabe que pratiquei jiu-jitsu por um bom tempo.

Eu não podia dizer o nome da pessoa, não poderia dizer o nome dela, eu não posso dizer que ela é a responsável pelo meu estado de agora, mas com certeza foi um ponto crucial pra eu ficar assim. Dizer que ela é a principal responsável seria injusto.

Desconfiado.

Frustrado.

Com medo.

Medo dela realmente sentir nojo de mim, medo dela não gostar da minha companhia de forma alguma e eu está forçando alguma relação com ela, isso tudo só me deixava apreensivo, sei que nos últimos dias meus pensamentos só se resumia a ela, nela, em Heather, e isso me deixava paranóico de alguma forma, assim como todas as minhas tentativas de aproximação com garotas.

- Logan, antes de qualquer coisa eu só queria dizer que quando entramos na balada a primeira pessoa que todos olham é você, você não precisa ir atrás das garotas, porquê elas vem atrás de você, por mais que você mande todas embora. - Ele põe suas mãos em meu rosto me forçando olhar em seus olhos. - Não estamos mais na escola, onde crianças que não receberam educação dos pais são malvadas umas com as outras e os adultos passam a mão pela cabeça com a desculpa de "são apenas crianças".

Não estamos mais na escola, não estávamos no ensino fundamental, talvez essa seja a parte mais difícil de eu compreender e a mais feliz de todas, a que me dá um alívio, eu não estava mais no fundamental, eu já havia passado pelo aquele inferno, onde em colégio de menino rico eu era o único preto, o zoado, humilhado e ridicularizado por crianças de nove a dez anos.

Não podia esquecer que eu também era um garoto rico, mas estudar em um lugar onde todos eram na mesma cor e você o único "diferente". Pensei que iria ser assustador e surpreendentemente conseguiu ser pior que isso.

Durante aquele tempo era tudo preto e branco, o cinza, não existia.

Mas Alan tava lá e se hoje eu tenho algum resquício de saúde metal e psicológico, sem dúvidas é por causa dele, e o agradeço por isso.

Eu não sei muito bem o que sentir com Heather, sempre arrumando alguma forma de se afastar de mim fisicamente, isso desbloqueou uma memória, e destravou um gatilho, um gatilho que infeliz nunca se apaga da minha memória.

O primeiro amor, e o mais traumatizante.

"Tenho nojo de você."

Esse tipo de comentário que saia com facilidade da boca de uma garota de 10anos, querendo ou não, ainda rondava minha cabeça, meu primeiro amor havia sido um monstro e não queria ter sido tão inocente pra aceitar isso, mas na época ninguém me avisou, nem me ensinou que o que faziam comigo todos os dias, era crime.

Queria ter tido amor próprio e ter parado de ir atrás dela até meus 16 anos.

Heather me lembrou essa garota por míseros segundos e eu me amaldiçoei por ter comparado ela a alguém tão horrível, mas quando eu perguntei sobre ela sentir nojo de mim e nem uma palavra ter saído da sua boca, eu só queria ir embora dali e não ver ela nunca mais, pra mim minha resposta já tinha sido respondida.

Heather não tinha confirmado, mas fez o pior, não havia negado e meu pensamento consegue ir longe demais as vezes.

Eu aceitei seu convite inusitado, mesmo não estando em um dia bom, aceitei sem pensar o pedido de Heather, não conseguir ser gentil, alegre e extrovertido como sou sempre ou pelo menos tento ser, uma tentativa de fazer as pessoas gostarem de mim, eu tentei ajudar ela, tentei, mas tudo aquilo que aconteceu foi uma grande merda, talvez grande demais pra eu conseguir suportar por muito tempo.

- Certo, não quer falar sobre, tudo bem, vamos estreitar sua televisão nova então. - Alan diz depois do meu longo tempo sem lhe dizer uma palavra e pega o controle da televisão.

- Na verdade eu vou deitar um pouco, se eu continuar pensando sem dúvidas minha cabeça vai explodir. - Levanto do sofá e subo as escadas indo em direção ao meu quarto.

Nada estava arrumado ainda já que eu havia me mudado ontem, mas minha cama estava ali e era tudo que eu precisava no momento.

Eu só rezava que em meus sonhos ela não aparecesse.

She Knows Everything (Concluida)Onde histórias criam vida. Descubra agora