𝟎𝟐𝟐 ➭ 𝐖𝐄'𝐑𝐄 𝐁𝐀𝐂𝐊

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    Após ouvir aquilo, os primeiros a se levantar foram Brenda, Minho e Teresa, que foram correndo para fora da sala. Jorge e eu apenas os seguimos, não muito apressados.

Thomas estava parado lá. Gally o acompanhava.

Minho foi o primeiro a vê-lo e o puxou para um abraço de urso. Em seguida, foi a vez de Teresa. Thomas parecia até zonzo em meio a tantos abraços e palavras de boas vindas. Devo acrescentar que o abraço de Brenda, foi um pouco mais longo do que todos os outros.

— Não posso explicar tudo agora. Mas para resumir, temos que encontrar os Imunes que o CRUEL sequestrou.— falou Thomas.— Depois, devemos achar a porta de uma saída alternativa, onde eu soube que tem um Transportal nos esperando.

— Temos que sair antes que o Braço Direito explodir tudo. Então devemos nos apressar para buscar os outros Imunes.— comentei.

— Exato. Pra isso, temos que voltar ao Labirinto.

— Nós sabemos.— todos respondemos.

— Tentaram colocar eu e Brenda lá. Tivemos sorte.— falei, expirando.

Em seguida, Thomas nos mostrou uma carta que havia encontrado numa pasta, no Laboratório. Também nos mostrou um mapa que levava até os dois Labirintos, que aparentemente, ficavam no subsolo. Só demorou alguns poucos minutos até todos nós concordarmos com aquilo.
Enquanto andávamos pelo corredor em que estávamos, o pessoal do Braço Direito, gritava, chamando-nos de loucos e afirmando que seríamos mortos em minutos. Eu ignorei cada comentário que nos foi dirigido.

    Com Brenda indicando o caminho, seguimos adiante e descemos um único lance de escada. Tomamos um atalho através de um antigo depósito, que dava em outro longo corredor. Mais escadarias.
    Nos aproximamos do fim de um corredor e viramos à direita. Só havíamos descido três degraus quando, do nada, alguém agarrou Thomas pelos ombros.

— Thomas!— gritou Brenda.

Ele caiu e rolou. Em seguida ouvi um grito estridente, parecia de Teresa ou Brenda. Foi quando alguém agarrou minha canela e puxou, me fazendo cair e bater a cabeça no chão.

— Aw!

Eu não conseguia distinguir quem era, mas já estava em cima de mim. As luzes brancas estavam apagadas, apenas com a mesma luz vermelha. Ao que eu podia ouvir, os outros também haviam sido atacados. A pessoa em cima de mim apertava meu pescoço com os mãos, eu já estava sem ar. De alguma forma, consegui sacar a faca em meu quadril, e tentei apunhalar a pessoa, em modo de defesa. Imediatamente, senti sangue pingando em minha barriga, em seguida o sujeito caiu para o lado, soltando um grunhido. Não estava mais se mexendo. Foi quando as mãos do indivíduo se afrouxaram e eu conseguia respirar direito novamente.
Rapidamente, encostei minha mão em minha cabeça, onde doía e ardia bastante. Provavelmente havia um corte. Minha nuca estava molhada em sangue.

Me levantei, olhando ao redor para ver quem eu poderia ajudar. À luz mortiça, vi Minho montado sobre um homem, socando-o, o indivíduo sem demonstrar qualquer resistência. Brenda e Jorge haviam dominado outro guarda, e, quando eu olhei, o homem já havia fugido. Teresa, Gally e Thomas pareciam bem, apenas recuperando o fôlego.

— Vamos!— gritou Thomas.— Minho solte esse homem!

O garoto desferiu mais alguns socos, se levantou e deu um último pontapé no homem. As juntas das mãos, estavam machucadas.

— Certo. Agora podemos ir.— disse, arrumando a roupa.

Os outros voltaram a correr. Mas eu apenas caminhava.

"Você acabou de matar um homem."

"Nem foi um crime tão grave. Você vive roubando coisas"

" Matar é diferente de roubar. Ninguém tem o direito de tirar uma vida."

"Se não fosse ele, seria você."

    Talvez pela primeira vez, eu senti remorso pelas minhas ações. Mas resolvi aceitar que não foi minha culpa. Os pensamentos afundavam em minha mente.

— Você está bem?— perguntou Minho, voltando alguns passos até chegar perto de mim.— Está machucada?— indicou o sangue em minha barriga.

Eu apenas neguei com a cabeça.

— Não é meu.— murmurei.

— Ah. Ainda bem.— expirou.— Vamos.

Assenti e comecei a correr até os outros.
Descemos outro lance de escada e chegamos, aos tropeções, em outro aposento. Eu reconheci aquele lugar. Era onde Rachel havia morrido. Mas estava um pouco diferente. Os painéis de observação estavam quebrados, estilhaços de vidro cobriam o chão e não havia eletricidade.
Brenda apontou para a escada que conduzia ao local onde precisávamos ir.

— Por que será que não tem ninguém?— perguntou Minho, observando em volta.— Se estão mantendo pessoas aqui, por que não há guardas?

— Quem precisa de soldados para guardá-los quando se tem o Labirinto fazendo esse trabalho por você?— sugeriu Gally.— Demoramos muito tempo para encontrar uma saída.

— Quanto tempo ficaram no Labirinto?— questionei.

— Dois anos.— respondeu Gally.

— O mesmo comigo e as outras garotas.— comentei.

— Lar doce lar.— murmurou Minho. Apontava para um buraco redondo acima de nós. Era o buraco que constituía o Precipício. Quando o Labirinto estava em operação, fora usado hologramas para ocultá-lo, assim como o céu. Era evidente que tudo aquilo havia sido desativado, e eu podia até ver uma parte dos muros. Uma escada portátil havia sido colocada abaixo dele.

— Não posso acreditar que estávamos aqui de novo.— disse Teresa, se aproximando de Thomas.

— Não é melhor subirmos lá?— questionou Brenda, cortando qualquer conversa que estivesse por vir.

— Sim.— concordou Thomas.— Vamos.

Subi a escada antes de Thomas, que foi por último. As memórias que vivenciei no Vale voltavam constantemente. Eu sentia falta das garotas. Faziam mais de dois meses desde que eu as havia visto por último. Eu me perguntava se elas estariam bem, as que sobraram, ao menos.

Onde o céu um dia, fora real e azul, agora havia apenas um sombrio teto cinza. As paredes continuavam as mesmas, mesmo sem os hologramas. As heras continuavam lá, grudadas nas paredes até o topo.

Eu estava de volta.

𝗘𝗦𝗖𝗔𝗣𝗘 ;𝙢𝙖𝙯𝙚 𝙧𝙪𝙣𝙣𝙚𝙧Onde histórias criam vida. Descubra agora