𝟎𝟏𝟗 ➭ 𝐁𝐋𝐔𝐄 𝐖𝐀𝐑𝐃𝐑𝐎𝐁𝐄 𝐀𝐍𝐃 𝐎𝐋𝐃-𝐍𝐄𝐖 𝐅𝐑𝐈𝐄𝐍𝐃

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Eu ainda não acreditava no que estávamos fazendo. Íamos realmente atacar o CRUEL. Isso é como música para os meus ouvidos.
    O dispositivo de Charlotte já havia sido instalado. Ele só precisaria ser ativado por Thomas , caso o contrário, seríamos todos mortos, ou pelos guardas, ou pelos explosivos — particularmente, eu prefiro explosivos, deve ser mais rápido.

Estávamos arrumando os Bergs que trouxeram para a instalação principal do Braço Direito, para partirmos. Oitenta pessoas, no total.
Pegavam facas, garfos, pedaços de madeira — e/ou metal —; qualquer coisa que fosse útil.

    Eu estava indo para os laboratórios, procurar algo mais. Segundo Alana, haviam outras coisas úteis dentro de alguns armários.
Pessoas corriam de um lado paro o outro no corredor, segurando coisas. Uma bagunça.

Todos estavam um tanto empolgados.

    Entrei na primeira porta destrancada, e caminhei até um armário azul, perto de outros dois idênticos, o abrindo.

— Não deveria confiar nele.— ouvi alguém falar atrás de mim. Rapidamente, me virei.

— Você não cansa de me assustar e perturbar?— questionei, tornando para o armário novamente.

Peguei uma chave de fenda.

— Eu não faço de propósito.— replicou Minho.

— Certo, certo. Confiar em quem?

— Aris.— respondeu, se encostando em uma das mesas.— Acho que Thomas não te contou o que ele e a bela amiguinha dele, Teresa, fizeram.

Ergui uma sobrancelha.

— Não. Exceto quando você disse que os tentaram matá-lo.— me virei.— O que mais houve?

— Quando saímos para o Deserto, caminhamos por bastante tempo. Também foi quando fui atingido por um raio. Pouco depois encontramos com o Grupo B, inclusive, Teresa estava com elas. Aris estava conosco.— fez uma pausa.— Teresa foi com Thomas para outro lugar, Aris também foi sem que soubéssemos. Então foi quando rolou algo muito maluco. Não sei explicar toda essa mértila em detalhes, mas foi isso.

— Prometo que vou ficar com um pé atrás, mas o varão ainda é meu amigo.— falei, pegando uma serra e colocando em cima da mesa em que ele estava encostado.

Ainda faltava dois armários.

— Vai ficar encostado aí, ou vai me ajudar?— cruzei os braços.

— Certo, varão.— respondeu, me imitando.— Você é tão mandona.

    O ignorei e fui em direção ao armário. Não havia muitas coisas que pudéssemos usar. Haviam provetas, tubos, balões de fundo chato, e outras coisas de vidro. Era inútil. A não ser que quebrássemos nas cabeças dos adversários, o que seria meio esquisito.

— Achou algo?— perguntei, fechando a porta do armário em que eu procurava.

— Não muito. Só achei algumas tesouras.

— Deve servir.— murmurei para mim mesma, em seguida voltando ao tom normal:— Vamos voltar para o galpão. Mas primeiro preciso de uma sacola.

— Sim, senhora.— replicou Minho, num tom teatral.

— Minho, só cale a boca.

    Uma batida na porta pôde ser ouvida. Em seguida um homem alto, pele escura e cabelos brancos entrou — ele não me era estranho —, seguido por Vince.

— Roberta, sei que não é um bom momento, mas alguém estava muito ansioso para vê-la novamente.— falou Vince, parando.— Este é Ramirez.

"Como assim novamente?"

Imagino que não tenha recuperado suas memórias, não?— perguntou o homem, ou melhor, Ramirez.

— Não.— balancei minha cabeça.

— Certo. Randall não estava de brincadeira.— murmurou.— Te conheci anos antes de ir para o Labirinto. Eu era um antigo amigo de sua mãe. Mas... eu fiz uma decisão errada e... fui parar trabalhando para o CRUEL. Me arrependo daquilo.— o olhar dele se tornou para Minho:— Você cresceu bastante, garoto. Ficou forte.

    Por pouco não deixei uma risada escapar.

— Me conhece também?

— Sem dúvidas. Vocês dois viviam se metendo em encrenca quando menores.— respondeu Ramirez, indicou com a cabeça.— E quando incluíam aqueles tais de Thomas e Gally, ainda que fosse difícil, era pior.

A testa de Minho franziu. Não fiquei muito surpresa, porque eu meio que já sabia daquilo; por causa dos sonhos.

— Não fico surpreso em saber que continuam sendo amigos.— continuou.

— Obrigado?— respondeu Minho, antes de Vince e Ramirez se retirarem.

Assim que a porta se fechou novamente, eu soltei uma risada.

— Do que está rindo?— questionou o de olhos puxados, cruzando os braços.

— Nada.— repliquei soltando uma última risada, em seguida ficando séria.— Achou a sacola que pedi?

— Sua habilidade de mudar de humor tão rápido me assusta.— comentou, me entregando uma sacola de lona amarela.

Algo já estava lá dentro. Uma faca. Menor do que a que eu havia furtado do motorista. Rapidamente, a tirei da sacola e coloquei em minha cintura, ao lado da outra.

— Você não perde uma oportunidade de roubar algo, não?

— E você não cala a boca.— retruquei.

"Por que ele está mais irritante que o normal?"

Gostei dessa faca.— falei.

Todas as coisas que pegamos nos armários, foram direto para aquela sacola. Iria facilitar na hora de levar para o Berg.

— Vamos.— chamei, arrumando a sacola em meu ombro, em seguida saindo do laboratório.

Seguimos pelos corredores até o galpão em que os Bergs estavam sendo preparados, então encontrando Alana dentro de um deles.

— O que conseguiram?— perguntou ela, conforme nos aproximávamos.

— Algumas tesouras, uma chave de fenda e uma...— respondeu Minho.

— A sacola de lona.— o interrompi, antes que mencionasse a faca.— O que não é muito útil.

— Certo.— expirou, Alana e se virou, andando na direção oposta.

    Agarrei a manga da camiseta de Minho e o puxei rampa a baixo.

— A primeira regra sobre furtar qualquer coisa, é não falar que você a pegou.— o repreendi.

— Tenho certeza que ela deixaria você ficar com a sua preciosa faca.— falou Minho, no tom de ironia.

— Não, ela não deixaria. Imagino que Alana e Vince pensem e ajam assim: se você tiver uma faca, não pegue-a para você, guarde, até conseguir outras.

Antes que eu pudesse ouvir a resposta, Gally se aproximou. Então olhou para a minha mão, que agarrava a manga da camiseta de Minho, para mim, Minho e novamente para a mão. Rapidamente soltei.

— Vince está chamando para embarcar. Então é melhor irmos logo.— ele se pronunciou.

— Certo. Vamos logo com isso.— resmunguei, andando à frente.

"Esquisitos."

𝗘𝗦𝗖𝗔𝗣𝗘 ;𝙢𝙖𝙯𝙚 𝙧𝙪𝙣𝙣𝙚𝙧Onde histórias criam vida. Descubra agora