𝟎𝟏𝟖 ➭ 𝐅𝐑𝐈𝐄𝐍𝐃𝐋𝐘

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   O tiro foi seco.

   Minha primeira reação, foi um susto. O desespero batendo em meu peito. Minho e Gally tinham o mesmo semblante, preocupados com o barulho.

    Thomas abriu novamente a porta da van, assim entrando. Não olhou para nenhum de nós, apenas dizendo:

— Um Crank tentou me atacar... Newt foi embora.

   Ele se encostou na parede da van e fechou os olhos, mas parecia que algo estava errado. Ele parecia arrependido.
   O resto da viagem foi um borrão confuso na minha mente. Pensei sobre o que deixou Thomas tão abalado, sobre minhas companheiras...
   Passamos por mais Cranks, inclusive tivemos que atirar algumas granadas pela janela em alguns momentos.

   Depois transpusemos o muro da cidade e o portão que dava para o pequeno aeroporto, alcançando a porta enorme do hangar, guardada com atenção por mais membros do Braço Direito.

    Não se falou muito; Fizemos apenas o que nos foi mandado, seguindo para onde deveríamos ir.
   A rampa do compartimento do Berg já se encontrava aberta. O piloto, já em seu assento.

— Sua mochila e seu casaco estão à espera ali na rampa.— avisei para Thomas, não muito animadamente.— Lá tem comida e água. Vai precisar.

— Obrigado.— ouvi Thomas murmurar.

    Me detive e me virei para ele.

— Só vou lhe perguntar uma vez.

— O quê?— franziu a testa.

— Tem certeza do que vai fazer? Tudo o que sei sobre essa gente é podre. Eles sequestram, torturam, matam... Fazem qualquer coisa para conseguir o que querem.

    Thomas ficou em silêncio, como se pensasse, mas logo respondeu:

— Vai dar tudo certo. Fiquem prontos para quando eu voltar.

— Ou você é o garoto mais corajoso que já conheci, ou é o mais estúpido. Seja como for, boa sorte.

    Me virei em direção da van, andando, e encostei-me no capô. Observei Thomas adentrando o Berg, em seguida sendo acolhido pelo piloto.

— Vamos voltar para a Base.— avisou Gally, assim que o Berg partiu.— Temos que preparar tudo para invadir.

   Minho e eu nos entreolhamos. Assim como todos nós, ele parecia cansado. Não tivemos sequer um dia tranquilo, desde o Labirinto.

— E quanto Jorge?— questionou Minho, antes que eu pudesse dizer algo.

— É, temos que buscá-lo.— acrescentei.

    Gally revirou os olhos.

— Certo. Vamos buscá-lo e seguiremos direto para a base.

— Bom isso.— assentiu Minho.

                                         ✵

    Quarenta minutos depois, já estávamos lá. O caminho foi tranquilo. Muito mais quieto do que a viajem anterior. Nós três estávamos claramente abalados, mas cada um demonstrava de uma maneira. Eu simplesmente chorava, mas não tanto quanto antes. Gally, apenas ficava quieto, olhando a estrada enquanto dirigia. E Minho, fitava o chão com tristeza, como se estivesse lembrando de coisas vividas.

    Assim que chegamos na instalação, Gally desbloqueou uma grande porta com um cartão-chave, que abriu, revelando uma sala não muito grande, algumas cadeiras e um balcão. Jorge, Aris e Teresa estavam lá. Alguns guardas do Braço Direito também marcavam presença.

— Bobbie?— chamou Aris, um pouco incrédulo. Para ele, eu deveria estar morta, provavelmente.

— Oi.— dei um leve sorriso.

— Achamos que estivesse morta!

— Bom te ver também, A.

    Eu até diria algo do tipo: "Não... vai demorar muito tempo até a minha morte", mas nenhum de nós estava no clima de brincadeiras.

Dei um rápido abraço nele, e me soltei.

— Você deve ser Teresa... Ouvi muito sobre você.— estendi a minha mão. Apesar das lembranças não muito agradáveis que eu tinha dela, tentei ser educada.— Sou Bobbie.

    Ao invés de apertar, ela apenas virou a cabeça em direção ao Gally, e perguntou:

— Onde está o Thomas?

"É tão difícil assim ser amigável?"

Uh... Ele voltou para o CRUEL. Mas não por vontade própria.— respondeu Gally.

— O que?!— ela quase gritou.

— Ele vai ficar bem. É parte do plano.— acrescentei.

— E se ele...

— E se ele, nada. Temos um plano e vai dar tudo certo, principalmente se ninguém nos atrapalhar.— retrucou Minho, fitando Teresa, os olhos cerrados.

    Claramente ele não ia com a cara dela. Muito menos com a de Aris, ele o encarava com raiva. Talvez fosse verdade o que dissera para mim.

— É bom vê-la de novo, hermana.— Jorge se pronunciou.

— Bom vê-lo também, Jorge. Viemos buscá-lo. Temos um plano de pé.

Gally, está na escuta?— perguntou Vince, pelo rádio.

Sim, Vince.— respondeu ele.

Preciso que voltem agora. Estamos indo para a instalação do CRUEL daqui duas horas.

Entendido. Já estamos indo.— replicou Gally, desligando o rádio.— Temos que ir. Agora.

— Certo.— assentimos.

No fim, decidimos que Teresa e Aris iriam conosco. Afinal, quanto mais pessoas melhor.

𝗘𝗦𝗖𝗔𝗣𝗘 ;𝙢𝙖𝙯𝙚 𝙧𝙪𝙣𝙣𝙚𝙧Onde histórias criam vida. Descubra agora