Eu ainda estava sonolenta. Quase não ouvi as outras coisas que Janson tinha dito. Quando já estava mais acordada, desci da beliche para o chão.
— Vá para o inferno.— retrucou Newt. Ele já estava fora da cama, os punhos cerrados ao lado do corpo, o olhar furioso cravado em Janson.
Memórias? Nunca tinham mencionado nada do tipo para mim.
"O que esses garotos sabem, que eu não sei?"
— Disseram que não éramos obrigados!— Thomas contrapôs.
— Receio não ter escolha.— replicou Jason.— O tempo das mentiras acabou. Nada vai funcionar com vocês ainda no escuro. Sinto muito. Precisamos fazer isso. E, Newt, de todos vocês, será o mais beneficiado por uma cura.
Por algum motivo, esses gatotos eram importantes para Janson, e eu ainda iria descobrir porquê.
— Estamos correndo contra o tempo. Agora vamos, ou os guardas entrarão em ação. Estão prontos para isso, eu lhes asseguro.— Janson prosseguiu.
Minho saltou do beliche acima do de Thomas.
— Ele tem razão.— afirmou sem rodeios.— Se podemos salvá-lo, seríamos completos idiotas em ficar neste quarto mais um segundo que fosse.— Minho lançou um olhar para Thomas e acenou com a cabeça em direção à porta.— Vamos, vamos logo.— passou por Janson e pelas guardas, se dirigindo ao corredor sem olhar para trás.
Eu sabia o que Minho estava fazendo. Fugindo. Ele parecia hostil demais para concordar com toda essa situação. O plano estava em ação, mas não o meu plano de ir pelos tubos. Estávamos improvisando. Improvisação NÃO funciona.
— Vamos ver o que querem que a gente faça desta vez.— Thomas anunciou.— Trabalhei para essas pessoas antes de chegar no Labirinto. Não posso ter me enganado tanto, não é?
— Serão heróis quando isso acabar.— falou Janson.— Vão para o corredor,— ele instruiu os guardas.— deixem a garota. Precisaremos dela mais tarde.
Tinha que dar um jeito de me levarem com eles.
Os guardas e Janson se viraram para sair da porta mas antes eu gritei:
— Espera! Eu quero minha memória de volta. Se eu souber de tudo, posso colaborar com os meus testes.
Um momento de silêncio.
— Eu prometo.
Janson apenas acenou para as guardas em minha direção, para que me levassem. Quando passei perto dele, ele me parou e murmurou:
— Se tentar qualquer coisa, vai se arrepender.
Engoli seco.
— Não se preocupe. Eu nem sonharia.— revirei os olhos e fui empurrada por um guarda para fora da sala.Nos escoltaram pelos corredores, enquanto Janson narrava a jornada como se fosse um guia turístico. Tedioso.
Quando chegamos em outra sala, o Homem-Rato se deteve, virando-se para falar conosco.— Espero que cooperem hoje. Não serei tolerante com nada menos que isso.
— Onde estão os outros?— Thomas perguntou.
— Os demais indivíduos estão em recuperação...
Me perguntei se era possível que Harriet, Sonia e Aris fossem esses indivíduos. Antes que pudesse terminar, Newt o atacou, agarrando Janson pelas lapelas do paletó do terno branco, e o arremessou contra a porta mais próxima. Dei um passo para trás surpresa.
— Chame-os de novo de indivíduos, e quebro esse seu maldito pescoço!
"Dos três garotos, eu achei que o Newt era o mais calmo. Acho que o superestimei.— pensei."
Num instante, dois guardas estavam sobre Newt; afastaram-no de Janson e o atiraram ao chão, apontando os Lança-Granadas - a arma é exatamente como o nome diz, exceto que as granadas grudam, e ao invés de explodir, dão um choque suficiente para desmaiar - para seu rosto.
— Esperem!— gritou Janson.— Esperem.— recompôs-se, analisando a camisa e ajeitando o paletó.— Não atirem. Vamos acabar logo com isso.
Newt se levantou devagar, os braços erguidos.
— Não nos chame de indivíduos. Não somos camundongos tentando encontrar o queijo. E diga aos mértilas dos seus amigos para se acalmarem. Não vou machucá-lo. Pelo menos, não muito.
Um tempo depois, Thomas nos chamou num sussurro.
— Newt, Minho, Bobbie. Acho que ele está certo. Acho que é hora de fazermos o que devemos fazer. Concordamos com isso na noite passada.
O rosto de Minho se abriu em um sorriso nervoso. Newt cerrou os punhos.
Era agora ou nunca.
Iríamos fugir. E eu não gostava nem um pouco desse plano.
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𝗘𝗦𝗖𝗔𝗣𝗘 ;𝙢𝙖𝙯𝙚 𝙧𝙪𝙣𝙣𝙚𝙧
Ficção Científica[completa] ❝ O que você, varão, acha que eu tenho? Desejo de morte? ❞ Depois de uma devastação solar, uma doença criada pelos humanos veio. O Fulgor. Desde então, o CRUEL tenta achar uma cura. Eles colocaram jovens em labirintos, sem memórias, c...