𝟎𝟎𝟐 ➭ 𝐌𝐄𝐌𝐎𝐑𝐈𝐄𝐒

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    Eu ainda estava sonolenta. Quase não ouvi as outras coisas que Janson tinha dito. Quando já estava mais acordada, desci da beliche para o chão.

— Vá para o inferno.— retrucou Newt. Ele já estava fora da cama, os punhos cerrados ao lado do corpo, o olhar furioso cravado em Janson.

Memórias? Nunca tinham mencionado nada do tipo para mim.

"O que esses garotos sabem, que eu não sei?"

— Disseram que não éramos obrigados!— Thomas contrapôs.

— Receio não ter escolha.— replicou Jason.— O tempo das mentiras acabou. Nada vai funcionar com vocês ainda no escuro. Sinto muito. Precisamos fazer isso. E, Newt, de todos vocês, será o mais beneficiado por uma cura.

Por algum motivo, esses gatotos eram importantes para Janson, e eu ainda iria descobrir porquê.

— Estamos correndo contra o tempo. Agora vamos, ou os guardas entrarão em ação. Estão prontos para isso, eu lhes asseguro.— Janson prosseguiu.

    Minho saltou do beliche acima do de Thomas.

— Ele tem razão.— afirmou sem rodeios.— Se podemos salvá-lo, seríamos completos idiotas em ficar neste quarto mais um segundo que fosse.— Minho lançou um olhar para Thomas e acenou com a cabeça em direção à porta.— Vamos, vamos logo.— passou por Janson e pelas guardas, se dirigindo ao corredor sem olhar para trás.

    Eu sabia o que Minho estava fazendo. Fugindo. Ele parecia hostil demais para concordar com toda essa situação. O plano estava em ação, mas não o meu plano de ir pelos tubos. Estávamos improvisando. Improvisação NÃO funciona.

Vamos ver o que querem que a gente faça desta vez.— Thomas anunciou.— Trabalhei para essas pessoas antes de chegar no Labirinto. Não posso ter me enganado tanto, não é?

— Serão heróis quando isso acabar.— falou Janson.— Vão para o corredor,— ele instruiu os guardas.— deixem a garota. Precisaremos dela mais tarde.

    Tinha que dar um jeito de me levarem com eles.

    Os guardas e Janson se viraram para sair da porta mas antes eu gritei:

— Espera! Eu quero minha memória de volta. Se eu souber de tudo, posso colaborar com os meus testes.

    Um momento de silêncio.

— Eu prometo.

Janson apenas acenou para as guardas em minha direção, para que me levassem. Quando passei perto dele, ele me parou e murmurou:

— Se tentar qualquer coisa, vai se arrepender.

Engoli seco.
— Não se preocupe. Eu nem sonharia.— revirei os olhos e fui empurrada por um guarda para fora da sala.

    Nos escoltaram pelos corredores, enquanto Janson narrava a jornada como se fosse um guia turístico. Tedioso.
    Quando chegamos em outra sala, o Homem-Rato se deteve, virando-se para falar conosco.

— Espero que cooperem hoje. Não serei tolerante com nada menos que isso.

— Onde estão os outros?— Thomas perguntou.

— Os demais indivíduos estão em recuperação...

    Me perguntei se era possível que Harriet, Sonia e Aris fossem esses indivíduos. Antes que pudesse terminar, Newt o atacou, agarrando Janson pelas lapelas do paletó do terno branco, e o arremessou contra a porta mais próxima. Dei um passo para trás surpresa.

— Chame-os de novo de indivíduos, e quebro esse seu maldito pescoço!

"Dos três garotos, eu achei que o Newt era o mais calmo. Acho que o superestimei.— pensei."

    Num instante, dois guardas estavam sobre Newt; afastaram-no de Janson e o atiraram ao chão, apontando os Lança-Granadas - a arma é exatamente como o nome diz, exceto que as granadas grudam, e ao invés de explodir, dão um choque suficiente para desmaiar - para seu rosto.

— Esperem!— gritou Janson.— Esperem.— recompôs-se, analisando a camisa e ajeitando o paletó.— Não atirem. Vamos acabar logo com isso.

Newt se levantou devagar, os braços erguidos.

— Não nos chame de indivíduos. Não somos camundongos tentando encontrar o queijo. E diga aos mértilas dos seus amigos para se acalmarem. Não vou machucá-lo. Pelo menos, não muito.

Um tempo depois, Thomas nos chamou num sussurro.

— Newt, Minho, Bobbie. Acho que ele está certo. Acho que é hora de fazermos o que devemos fazer. Concordamos com isso na noite passada.

    O rosto de Minho se abriu em um sorriso nervoso. Newt cerrou os punhos.

Era agora ou nunca.

Iríamos fugir. E eu não gostava nem um pouco desse plano.

𝗘𝗦𝗖𝗔𝗣𝗘 ;𝙢𝙖𝙯𝙚 𝙧𝙪𝙣𝙣𝙚𝙧Onde histórias criam vida. Descubra agora