𝟎𝟏𝟑 ➭ 𝐆𝐎 𝐀𝐖𝐀𝐘!

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    Aquelas palavras foram um golpe para mim, Thomas e Minho pareciam tão chocados quanto eu.

— Mostre-nos onde ele está.— Minho pediu, ignorando o que os guardas disseram.

O guarda ergueu as mãos.

— Não ouviu o que acabei de dizer?

— Não fez o trabalho completo.— insistiu.

— Nem pensar. Vocês nos pediram para encontrá-lo, e nós encontramos. Agora deem nosso dinheiro.— o baixinho sacudiu a cabeça.

— Parecemos estar com ele, por acaso?— perguntou Jorge.— Ninguém vai ganhar um centavo até que ele esteja aqui.

    Os dois guardas não pareciam muito satisfeitos e trocavam sussurros inquietos, aparentemente discutindo.

— Ei!— gritei, irritada, os interrompendo.— Se vocês, varões, querem o dinheiro, nos levem até lá!

Se entreolharam um última vez antes do de bigode responder:

— Muito bem. Sigam-nos.

    Viramos e percorremos o caminho feito antes pelos guardas. Minho seguia logo atrás deles, com os demais em seu encalço.

    Não imaginei que as coisas pudessem piorar por ali, mas, ao avançarmos um pouco mais ao centro do complexo, constatei que estava enganada. As construções estavam mais dilapidadas, as ruas mais sujas. Avistei pessoas deitadas nas calçadas, fitavam o céu com um olhar vazio, um ar de tola alegria que parecia quase religioso.

"A Benção tem um nome apropriado."— pensei.

    Os guardas foram em frente, movimentando os Lança-Granadas para a esquerda e para a direita, apontando-o a qualquer um que ficasse a menos de quatro metros de distância deles. A certa altura, passamos por um homem com uma aparência devastada, no exato momento em que se atirava sobre um adolescente dopado e começava a espancá-lo. A cena foi horripilante.
    Parei, imaginando se não deveríamos ajudar.

— Nem pense nisso.— murmurou o guarda.— Continue andando.

— Mas não faz parte do seu trabalho...

— Se nos metêssemos em toda briga violenta que víssemos, já estaríamos mortos. Esses dois que resolvam os problemas.

    Prosseguimos, e por fim chegamos a uma área aberta. Uma tabuleta no alto proclamava em letras grandes: ZONA CENTRAL.
    Os guardas pararam, e o de bigode se dirigiu a nós:

— Só vou perguntar uma vez. Têm certeza de que querem entrar aí?

— Sim.— respondeu Minho, sem hesitar.

— Seu amigo está no salão de boliche. Assim que apontarmos a ele, quero o nosso dinheiro.

— Vamos em frente.— grunhiu Jorge.

    Havia Cranks por toda parte. Corriam de um lado para o outro em uma área circular com cerca de cem metros de diâmetro. Alguns riam histericamente, outros batiam com tapas grosseiros nas costas uns dos outros, era simplesmente horrível. Uma mulher, por algum motivo, gritava em plenos pulmões, o rosto vermelho pelo esforço, o pescoço evidenciando veias saltadas pela tensão.
   Era como se o Palácio dos Cranks tivesse saído diretamente de um pesadelo bertubador.

— Lembrem-me de não comprar nenhuma propriedade aqui.— ironizou Minho.

— Onde é o salão de boliche?— perguntou Thomas.

— Por aqui.— instruiu o guarda baixinho.

    Dirigiu-se para a esquerda, e o seguimos. A maioria dos Cranks cessou a atividade febril na qual estavam envolvidos para nos acompanhar com o olhar. Ouvíamos vários comentários obscenos, assobios ou insultos enquanto caminhávamos.
    Quando alguém agarrou a camisa de Thomas, o que fez Brenda parar, e assim, eu, Jorge e Minho.

𝗘𝗦𝗖𝗔𝗣𝗘 ;𝙢𝙖𝙯𝙚 𝙧𝙪𝙣𝙣𝙚𝙧Onde histórias criam vida. Descubra agora