Capítulo 5

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Tony observava o monitor com muita atenção, mas não dizia nada, eu já estava começando a ficar nervosa. Seu rosto mostrava um olhar curioso e confuso ao mesmo tempo.

— Jarvis, qual é o padrão dessa codificação? — ele perguntou à voz que eu ainda não entendi se é uma entidade ou uma pessoa trancada dentro de uma caixa falando com ele o dia inteiro.

— É o mesmo padrão usado pelo senhor nos documentos antigos da empresa. — a voz explicou.

— Isso... não faz sentido algum — Stark mordiscava a tampa de uma caneta.

— O que não faz sentido? — indaguei de certa forma impaciente e Tony virou o monitor para que eu também pudesse ver.

— Veja, quando você decodifica essa mensagem, só encontra o nome da empresa, o resto são linhas vazias.

— Isso realmente não faz sentido, como todos esses números são linhas vazias? — perguntei confusa.

— Bom, é uma forma mais avançada. Explique como conseguiu esse papel, então tentaremos entender. — ele disse pacientemente — Mas antes, me responda, café ou chocolate quente? — perguntou apontando para a máquina de café.

— Hmm... Chocolate quente.

— Certo, agora pode começar — Tony entregou-me uma caneca.

— Bom, quando minha mãe estava no hospital e já estava bem fraquinha, ela me disse para imprimir um arquivo que estava no computador dela, que no caso seria esse. — expliquei — Eu passei os últimos anos tentando decifrar, mas eu não tinha acesso à internet e o único suporte que tinha eram os livros antigos da biblioteca... Até que no meu aniversário, semana passada, eu consegui permissão para usar o computador por um tempo, achei um site antigo que explicava como funcionava esse esquema de codificação, mas só tive tempo para decifrar as primeiras linhas. — concluí e dei um gole na bebida quente que estava em minhas mãos.

— Uau... uma adolescente que cresceu sem internet, isso me parece interessante — Stark brincou — Eu mesmo criei esse tipo de codificação, mas já faz um bom tempo, nem uso mais.— explicou — Isso agora até faz certo sentido... Eu e sua mãe nos conhecemos na época em que eu fazia faculdade, foi quando eu criei esse sistema. Como éramos próximos, acabei ensinando a ela e mais uns amigos e andavam com a gente... — ele respirou fundo e olhou para cima por alguns segundos — Ela deve ter deixado essas linhas em branco para parecer que era algo grandioso e importante — ele riu levemente em seguida.

— Sr. Stark... acha que esse papel não quer dizer nada? — perguntei com a voz falha.

— Claro que não, Leane não pediria algo à filha no seu leito de morte caso não fosse importante. — Tony rebateu. — Talvez ela soubesse que eu te ajudaria a encontrar seu pai, já que eu sou a pessoa mais inteligente que ela conheceu.

— E modesto, diga-se de passagem — ironizei.

— Vamos fazer assim, te levo de volta ao orfanato e em três dias, ou menos, volto para te dar notícias sobre seu pai.

— Eu não quero voltar... — suspirei, deixando as lágrimas rolarem.

— Você já aguentou tantos anos, aguente mais uns dias! Não vamos colocar a polícia nisso. — ele respondeu simples — O que aconteceu, Elisa?

Eu pensei em contar, mas ele não acreditaria em mim, sei que não... E também, Tony Stark já estava me ajudando muito, não vou exigir mais dele.

— Nada, sr. Stark. — respondi respirando fundo — Eu só estou cansada e queria resolver isso o mais rápido possível.

— Entendo e vou fazer o meu melhor para te ajudar, eu devo isso à sua mãe.— o carinho que ele tinha ao falar dela era muito lindo — Jarvis, peça ao Happy para levar a menina de volta ao orfanato.— olhei para Stark sem entender — Happy é meu motorista.

— Ah, sim, claro.

— Mantenha-se firme e calma, em três dias você terá notícias. — Tony disse guiando-me até a porta.

— Obrigada, de verdade.— agradeci e fui surpreendida por um abraço.

— Se cuida, garota.

Assim que cheguei ao orfanato fui recebida com várias broncas e castigos, nada que eu já não esperasse. Isso era o que menos me preocupava, eu só não queria ver Grant novamente.

— Você acha que é dona do próprio nariz, Elisa? — Adelaide esbravejava — Achou que não fôssemos perceber? Você se acha muito espertinha, Lewis.

"Só três dias", eu repetia em minha cabeça.

— Você não terá mais sua liberdade de circular por onde quiser e na hora que quiser. Se eu disser que você vai para o refeitório, você vai. Se disser para ir para o pátio, você vai. Vai fazer o que eu mandar e na hora que eu mandar. — a voz aguda daquela mulher estava me matando. — Já que se acha tão esperta, imagino que tenha compreendido. — apenas concordei com a cabeça — Agora vá para o seu quarto.

Após o longo e insuportável sermão, fiz o que a chata pediu e fui para o meu quarto. Passei horas deitada em minha cama, olhando para o teto. Pensei em como o Sr. Stark era uma pessoa boa e como queria que ele conseguisse achar meu pai... Eu não suportaria mais dois anos nesse lugar.
Com todos esses pensamentos, acabei pegando no sono.

I Found You • Peter ParkerOnde histórias criam vida. Descubra agora