Capítulo 6

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Nova York, 26 de Maio de 2016

Faltava tão pouco tempo para o prazo de três dias do Sr. Stark, eu não aguentava mais esperar, muito menos aguentava viver nesse inferno. Adelaide estava me deixando sem jantar todas as noites, eu era mandada para o quarto às dezoito horas, uma hora e meia antes de todo o resto. Isso de certa forma me ajudou, eu não precisava ver a cara de Grant, já que ele trabalhava somente no período da noite.

Assistir o noticiário com a Sra. Roberts toda as tardes acabou se tornando um costume, ela era tão carinhosa, me lembrava de minha vó, que faleceu poucos meses antes de minha mãe.

"Homem-Aranha impede assalto ao banco de Manhattan e salva passageiros de ônibus desgovernado"

— De novo esse tal de Aranha salvando reles mortais. — ela comentou — O Homem de Ferro eu até entendo, é só um louco dentro de uma lata, mas esse Aranha é muito estranho, ele escala paredes e solta teia.

— Deve ser alguma coisa no traje dele que ajuda a fazer isso... — comentei levando um punhado de pipoca até a boca.

— Eu tenho pra mim que ele é envolvido com drogas, ou com o "Coiso" — ela fez chifres com os dedos, referindo-se ao Diabo, não pude controlar minha risada.

— Isso faz muito mais sentido, a senhora tem razão — concordei com ela, como sempre.

O jornal acabou às dezoito horas, então me despedi da Sra. Roberts para ir dormir antes que Adelaide aparecesse gritando comigo.
Eu caminhava pelo corredor tranquilamente quando uma voz infelizmente conhecida por mim chamou pelo meu nome.

— Elisa, senti sua falta — até mesmo a respiração dele me causava náuseas — Por onde esteve?

— Estive ocupada. Boa noite, sr. Grant — falei tão rápido que ele provavelmente nem entendeu, entrei no quarto e fechei a porta, ouvindo seus comentários nojentos pelo outro lado.

Deitei-me em minha cama, mas o medo me dominava, encontrar com aquele monstro era tudo que não estava em meus planos. Chorei muito até conseguir pegar no sono e tive pesadelos terríveis sobre aquela noite.

Nova York, 27 de Maio de 2016

Acordei agitada, estava ansiosa pelas respostas de Tony Stark. Arrumei-me e escovei meus dentes antes de sair do quarto. Meu dia passou normalmente, apesar da minha ansiedade. Pela tarde após assistir televisão com a Sra. Roberts, fui para o quarto, durante o percurso, acabei passando perto da recepção e escutei uma voz conhecida.

— A senhora não está compreendendo, eu preciso levar a garota comigo. — a voz era de Happy, motorista do sr. Stark. A curiosidade me dominou, então encostei-me por perto para ouvir a conversa.

— Não é assim que as coisas funcionam. — Claire, a recepcionista, explicou sem paciência.

— Não sei se a senhora compreendeu, mas eu estou aqui a mando de Tony Stark.

— Poderia estar aqui a mando do Papa, mesmo assim não levaria a menina sem dar entrada para adoção ou trazendo uma documentação legal.

— Pessoas como a senhora complicam muito o meu trabalho — ele resmungou enquanto pegava seu celular — Tony, o serviço aqui é péssimo, não vão liberar a Elisa. Claro que eu já falei que é a pedido de Tony Stark. Eu sei, mas não posso levá-la a força. Certo, vou resolver. — ele finalizou a ligação com o Sr. Stark. — A tal autorização que a senhora tanto quer foi enviada, poderia checar o e-mail por gentileza? — Happy já não estava nada "happy".

— Viu? Se tivesse me enviado isso desde o começo, as coisas seriam mais fáceis — Claire disse sarcástica — Hernesto, vá buscar Elisa. — pediu ao zelador.

Eu corri em direção do quarto, se Hernesto visse que eu estava escutando a conversa, a situação poderia ficar bem feia.

Não se passaram nem cinco minutos e o zelador bateu na porta chamando-me. Finalmente tudo parecia estar dando certo.

— Chegamos, você pode subir direto para a sala do Sr. Stark. — Happy explicou ainda dentro do carro, eu assenti e saí do veículo.

Assim como ele ordenou, entrei no prédio, peguei o elevador e fui direto a sala de Tony Stark. A porta estava entreaberta e pude escutar ele conversando com a Srta. Potts.

— Como assim? Como chegou a essa conclusão, Tony? — eu não podia ver seu rosto, mas sua voz entregava seu desapontamento.

— É simples, Pepper, eu coloquei os melhores detetives dos Estados Unidos atrás do cara e eles chegaram até mim. — ele explicou sem paciência.

— Mas existe a possibilidade disso estar certo?

— Existe.— sua resposta foi direta — Eu fiz o exame com o DNA da caneca.

— E o que pretende fazer? Você não cuida nem de você mesmo, Tony. — ela esbravejou — Sabe que depois que contar para ela você terá que assumi-la, você acha mesmo que pode ser pai?

Por alguns segundos não consegui prestar atenção no que disseram. Tony Stark era meu pai... Eu procurei por tanto tempo, e quando o encontrei, fiz com que ele procurasse a si mesmo.

— Eu não sei se vou contar. Eu tenho muito a perder, você sabe disso, Pepper. Essa empresa, tudo que já construi... tudo que eu sou. — fiquei abalada com a declaração de Stark... ele achava que eu queria me aproveitar da fortuna dele?

Lágrimas tomaram conta do meu rosto e meus sentimentos assumiram o controle. Em um ato involuntário, abri a porta e vi a feição assustada dos dois ao notarem minha presença.

— Eu não quero seu dinheiro, não quero nada seu.— minha voz estava mais forte e nervosa do que eu esperava — Eu passei a minha vida toda tentando descobrir como achar meu pai. Eu não fazia questão de que fosse rico e famoso como o senhor, por mim poderia ser um morador de rua. Eu só queria um pai, alguém para me proteger... para eu não ter que passar de novo pelas coisas que eu passei — as lágrimas não paravam de rolar, enquanto os adultos me olhavam estáticos — Mas não se preocupe, senhor Stark, pode continuar com a sua fortuna e sua vida feliz, peço desculpas pelo incômodo. — saí da sala em seguida, ignorando seus chamados, desci pelo elevador e deixei o prédio o mais rápido possível.

I Found You • Peter ParkerOnde histórias criam vida. Descubra agora