ele estava apaixonado

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Jimin estava apaixonado.

Ele sabia que estava.

Desde o início, ele sempre soube.

E desde o início ele tem medo.

Jimin tem certeza que a faísca se acendeu no momento em que pisou na sala do primeiro ano do ensino médio e seus olhos foram direcionados exatamente ao menino que usava um conjunto de moletom cinza escuro e Timberlands. O cabelo púrpura bagunçado como se ele tivesse acabado de despertar e o rosto cansado de alguem que não dormia há dias. A voz preguiçosa respondendo seu próprio nome na chamada fez Jimin quase babar.

De qualquer forma, imaginava que Jeon Jungkook fosse hétero e que jamais teria algo com ele. Por isso procurou esconder essa paixonite cheia de hormônios e líbido.

Nunca em sua vida, ele imaginou que terminaria seus dias sendo fodido deliciosamente por Jeon Jungkook. Física e amorosamente fodido.

Desde que Jungkook o segurou com força em seus piores dias, sabia que estava amarrado à ele.
Sabia. E estava apavorado.

— Jimin? — ouviu seu pai dizer do outro lado da porta. — Eu fiz o jantar.

— Não estou com fome, pai.

— Tem certeza? Eu fiz soondubu. Do jeito que você e a mamãe gostavam... — A voz de Park Donghyun soou fraca e esperançosa. — Se quiser, estarei esperando, filho.

Assim, Jimin caminhou até a janela e fitoi o céu estrelado pós temporal. Sentiu os olhos marejarem. Encostou a testa na vidraça e permitiu-se liberar as lágrimas pesadas e o choro entrecortado que parecia querer explodir em seu peito. Soluços interrompiam o silêncio congelante do quarto e a madeira da janela era manchada pelas gotinhas de água que escorriam dos olhos de Jimin.

— Mamãe, se você estiver me ouvindo de algum lugar — ele sussurrou apertando os olhos. — Peça para Deus, ou qualquer um que esteja ao seu lado, que tire essa angústia daqui de dentro — Jimin colocou a mão em cima do coração, fincando as unhas na própria pele, sentindo a ardência por todo seu corpo. — Tudo dói tanto, mãe. Dói tanto... Nunca para de doer.

Era o mesmo sentimento. O mesmo sentimento de quando estava encolhido no colo de Jeon Jungkook há algumas semanas: vazio.
Era pesado e ao mesmo tempo leve. Era um imenso nada. Jimin se sentia um peixinho no meio do mar aberto. Tudo era uma imensidão azul cercada por silêncio, perguntas sem respostas, um eco ensurdecedor e falta de ar.

Jimin só queria fugir para longe. Bem longe. De tudo e de todos. Para bem longe. De si mesmo.

Lembra-se de quando estava com Dongmin e o garoto disse-lhe que gostava mesmo dele. Que havia se apaixonado. Jesus, Jimin sentiu um medo absurdo quando ouviu aquilo. Porque, porra, ele não se apaixonou. Mas Lee Dongmin, sim. E isso o amedrontou pra caralho.
Por isso eles terminaram. Por culpa de Jimin e seu medo de relacionamentos.

Sentindo tremores percorrem sua espinha, recordou-se de Jeon Jungkook e seus belos olhos negros.

“De agora em diante, mesmo que você se sinta só ou pense, nem que seja por um segundo, em desistir, eu não vou te deixar, ok? Nem que eu precise te abraçar até essa dor fodida passar, eu nunca te deixarei sozinho.”

Jimin olhou novamente para as estrelas entre nuvens no céu.

— Mamãe, por favor. Não deixe que aconteça isso de novo. Não deixe que Jungkook se apaixone por mim. Porque a senhora sabe que eu não vou conseguir continuar — Jimin simplesmente não conseguia mais controlar as lágrimas que insistiam em cair, descendo pelo queixo e pousando em sua camisa. Sentia-se tão quebrado e tão covarde. — Não permita isso, mamãe. Porque senão terei que deixá-lo... E eu não sei se quero fazer isso.

O estômago de Jimin começou a doer repentinamente e ele correu até o banheiro do lado de fora do quarto, tendo sucesso em chegar ao vaso sanitário com suas entranhas querendo explodir. Ele vomitou tudo o que podia. Vomitou com seu corpo parecendo fraco e cansado. Ele estava tão fragil quanto papel de seda. Fácil de rasgar. Fácil de jogar fora.

A garganta ardia e a cabeça latejava quando terminou. Sangue pulsando em seus tímpanos. Curvou-se até apoiar a testa sobre o mármore do vaso, sentindo um gosto horrível na língua e mais lágrimas encherem seus olhos.

Era como se seu próprio corpo estivesse tramando um motim contra ele. Era um aviso para que não fizesse besteiras ou haveriam consequências. Maldito seja o sistema imunológico.

Completamente sem forças, Jimin caiu ao lado da privada e apagou.

kerosene queen & matchstick king • jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora