ele estava em pânico

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esse capítulo ficou grandinho, maior do que o de costume e diferente do original!! quem leu a primeira versão e os novos leitores, espero que vcs gostem. comentem bastante quero saber a opinião de vcs <3

O primeiro mês sem Jungkook foi díficil. Pra caralho.

Jimin sentiu o vazio no instante em que colocou os pés para fora na escola porque ele não sabia para onde ir. A casa de Jungkook tinha se tornado sua também. E agora ele sentia-se um pouco perdido.

— É óbvio que você está sentindo falta, Jimin. O cara era praticamente seu namorado — Kim Taehyung disse. — Você não quis ter nada com ele, então não reclame. Não sou obrigado a ouvir essa encheção de saco. 

Dias depois, Jungkook apareceu com um chupão enorme e roxo no pescoço. O cabelo escuro (por que ele parou de pintar?) já atingia metade da nuca e ele parecia sem vontade alguma de tentar controlar os fios rebeldes. Ele parecia mais cheinho do que há algumas semanas. Mas as olheiras ainda permaneciam.

Jimin imaginou se, durante a insônia, Jungkook observava as estrelinhas fluorescentes e pensava nele. 

Provavelmente não, seu idiota. 

No segundo mês, certa noite, Jimin não se segurou e deu uma de stalker. Olhou todas as publicações recentes de Jungkook no Instagram, principalmente as fotos em que ele era marcado. Uma em específico ele estava no que parecia uma festa, rodeado de meninos obviamente chapados. Jungkook parecia flutuar naquela névoa bêbada. Os garotos ao seu lado pareciam meras harpias que só queriam sugar sua energia. (Sim, é um exagero). Mas Jeon Jungkook parecia tão... Leve. E ao mesmo tempo estupidamente arrogante. 

Merda, Jimin estava com tanta saudade.

— Eu quero sumir, eu quero tanto sumir — Jimin sussurrava para os cobertores encharcados de lágrimas em sua cama. Seu corpo tremia e estava difícil respirar. — Eu estrago tudo. Eu sou um maldito idiota que estraga tudo o que toca...

Seus olhos se atraíram para o grande espelho do guarda-roupas e se viu em seu pior estado. Lembrou de mensagens positivas da internet que ele pessoalmente odiava. Mensagens que diziam que você deveria se amar no seu melhor e pior estado. Mas Park Jimin não conseguia. E se condenava por isso. Se condenava demais. 

— Eu sei que sou tóxico — disse para seu reflexo vulnerável no espelho. Irreconhecivel. Fraco. Estranho. Eram essas palavras que as vozes diziam dentro de sua cabeça. Eram essas palavras que a sombra dizia. Que ele havia se tornado um mero nada. — Eu sei que não mereço estar aqui, você não precisa reforçar. 

Jimin rastejou para fora da cama e chegou perto do espelho. Encarou seus próprios olhos e quase teve a certeza que seu reflexo sorriu para ele. 

Eu vou simplesmente tomar tudo que você tem, não importa o que seja, a voz dizia. 

— Cale a boca. Me deixa em paz — Jimin murmurou com os olhos ardendo. 

Mas eu sou você, a sombra fez aquela expressão debochada que Jimin tanto abominava. Você vai se sentir melhor quando me aceitar. 

Não, você não é. Pare de falar! — ele tentava tapar os ouvidos, todavia parecia que ela falava cada vez mais alto. — Para, eu não aguento mais...

Eu sou você e você sou eu, Jimin. Nós somos um. Deveria me aceitar dentro de você. Torne tudo isso mais fácil, seu idiota.

— Por favor, me deixe em paz! — Jimin gritou e deu um soco estrondoso no espelho que se estraçalhou em seu colo. Os cacos do vidro multiplicaram seu reflexo e ele simplesmente os empurrou para longe, ignorando o sangue que escorria de sua mão. A dor que ele sentia no coração era mil vezes pior que aquela. Porra, já fazia mais de dois anos que não tinha crises de pânico. Elas começaram quando Song Taeyeon, sua mãe, falecera devido ao câncer e eram pelo menos cinco toda semana. Jimin não conseguiu ir à escola por dois meses por causa dos remédios tarja preta que ele tomava que o faziam apagar. Dormia para não ter ataques a cada respiração. Dormia para não querer se atirar na frente de cada carro na rua. Dormia para esquecer de que estava vivo. 

Esse tormento perdurou por um ano inteiro e Park Jimin conseguiu se recuperar dos terrores noturnos e diurnos que o perseguiam. Ele frequentou um terapeuta por um tempo até reaver sua autoconfiança e um pouco do controle de sua vida. Largou os remédios e praticava meditação às vezes para acalmar a mente. Seria mentira dizer que as vozes que o atormentavam nas crises tinham desaparecido por completo, mas Jimin as ignorava ocupando a cabeça com a escola. Ocupando a cabeça com Jeon Jungkook. 

Pelo menos até se dar conta de que tinha se apaixonado. 

Jimin ainda estava em seu pior momento quando mantinha um relacionamento com Lee Dongmin. E não conseguiu dar conta. Ele se odiava mais do que qualquer coisa, como conseguiria amar outra pessoa? Como conseguiria doar parte de seu coração à ele se seu coração se encontrava em frangalhos? Como? Por muito tempo ele tentou se agarrar a Dongmin para tentar preencher o vazio, mas só tornava tudo pior. 

E Jimin voltou a se odiar quando percebeu que era o mesmo sentimento com Jeon Jungkook. 

Lee Dongmin e Jeon Jungkook foram o pivô da autodestruição de Park Jimin. E a culpa não era de nenhum deles. 

O telefone tocou. Jimin deu graças aos céus por isso. Seu pai tomava remédios para dormir e não o escutaria. Provavelmente era Kim Taehyung. E ainda bem que era.

JIMIN! POR QUE NÃO TÁ RESPONDENDO MINHAS MENSAGENS?!

— Tae... 

Jimin?! Que voz é essa? Você tá chorando?!

— Por favor, você pode vir pra cá? Eu.. Não tô conseguindo respirar direito... Eu me machuquei e tem muito sangue...

Oh, merda. Aconteceu de novo? Fica quietinho aí, já tô indo. 

Jimin desligou o celular e procurou manter sua respiração num ritmo constante. A sombra sussurrava coisas ruins em seus ouvidos e ele tava dando tudo de si para controlá-la. Seu corpo ainda tremia com o vento que entrava pela janela e corte em sua mão doía como um inferno. 

Taehyung chegou minutos depois juntamente com Kang Hyunggu e eles ajudaram Jimin a se levantar, sem fazer muitas perguntas. Hyunggu lavou a ferida de Jimin e fez um curativo leve, para não machucá-lo ainda mais enquanto Taehyung limpava os cacos do espelho quebrado. Os dois colocaram Jimin na cama e deitaram junto com ele, como sardinhas enlatadas. Jimin chorou ao ser abraçado pelos amigos e agradeceu por não terem o abandonado.

— Nós sempre estaremos aqui com você, Jimin — Hyunggu disse deitado na barriga dele. — Vamos juntar os caquinhos do seu coração sempre que você precisar. 

— Você é minha metade, Jiminie, é óbvio que vou cuidar da gema do meu ovo — Taehyung comentou, fazendo Jimin rir em meio as lágrimas. — Eu te amo muito.

— Também te amo. 

— Tenta dormir um pouco agora. Não precisa ter medo. Não vamos sair do seu lado — Hyunggu assegurou com um sorriso gentil. 

E Jimin tentou dormir. Ele realmente tentou. Não sabe dizer se foi o corte em sua mão que o manteve inquieto ou a bagunça em seu coração. Mas algo o deteve acordado. E então se viu se esgueirando entre Taehyung e Hyunggu no meio da madrugada e correndo pelas ruas geladas de Busan. Uma garoa fina batia em seu rosto e ele tem certeza que o corte na mão voltara a abrir, mas ele não dava a mínima, só continuou a correr. 

Correu até suas pernas quererem esfarelar.

Correu até seus pulmões gritarem de dor. 

Correu até parar na frente da casa de Jeon Jungkook. 

kerosene queen & matchstick king • jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora