ele tinha muito medo (jk's pov)

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Esse é um capítulo que eu não planejei, mas surgiu durante uma onda de inspiração que tive em uma crise de depressão que estava tendo e até que deu bom KKKKK é um pouco mais da historia do Jungkook e seu ponto de vista sobre sua relação com o transtorno de ansiedade e Jimin. ainda não decidi se o proximo continuará sob a narração dele ou na terceira pessoa. então aproveitem. não se esqueçam de comentar e deixar sua estrelinha. obrigada sempre <3

Eu nunca tive muitas expectativas de vida. Eu sempre fui uma pessoa que pensava demais sobre tudo e ao mesmo tempo sobre nada. Desde que me entendo por gente, fui uma criança que vivia com a cabeça nas nuvens. Na escola eu fazia tudo menos prestar atenção no que o professor dizia. Sempre estava divagando sobre a fabricação da borracha, do grafite da minha lapiseira ou o chiclete colado debaixo da mesa. Quando a professora de História contava sobre a ocupação japonesa na Coréia com lágrimas nos olhos, eu imaginava o que as pessoas faziam naquela época, de que tecido eram feitas suas roupas, se eram quentes e incomodas, se gostavam da vida que levavam e se ficariam surpresas caso me vissem, se eu conseguisse voltar no tempo.

Eu era um cabeça de vento. E nada disso mudou.

Porém, numa época, num certo dia que não sei dizer com exatidão, meus pensamentos aleatórios começaram a pesar e querer escapulir por minhas orelhas. Eles não paravam quietos por mais que eu tentasse. Eram como um cardume de peixes alvoroçados por causa de uma pequena minhoca. Eu estava começando a me perder dentro de mim e isso afetava todas as minhas ações.

Houveram dias em que eu me escondia dentro do guarda-roupa e me arranhava porque não conseguia me controlar. Eu queria que aquela espiral de vozes sumisse e me deixassem em paz. Lembro de um dia em especial, eu me encontrava encolhido na minha cama, mordendo meus braços e ouvi um choro. Era Hwanbin, meu irmão, que na época tinha acabado de completar um ano e estava se debatendo dentro do berço. Eu cuidava dele durante a tarde enquanto minha mãe trabalhava como professora de filosofia. Ja havia feito um ano também do falecimento de meu pai, em decorrência de um aneurisma e tudo estava a mil por hora. Minha mãe segurou bem as pontas durante a gravidez e eu arrumei um trabalho a noite como entregador de compras, numa mercearia do bairro. Não podiam fazer muito por um moleque de doze anos. Toda essa situação agravou ainda mais minha ansiedade e pânico, eu simplesmente tinha medo até de acordar de manhã.

Naquele dia, quando fui acudir o Bin, algo naquela carinha babada e naqueles olhos enormes e chorosos, acalmou meu coração. Muitos diziam que meu pai vinha me acalmar por meio dele ou que ele era meu anjo protetor. Eu nunca fui uma pessoa muito religiosa, mas preferi me agarrar nesses achismos para que eu pudesse ter pelo menos uma âncora nos meus momentos ruins. Então, me acostumei a dormir sempre ao lado de meu irmão e brincar com ele para me distrair. Isso funcionou bem até meus catorze anos.

Era o último ano da escola e eu já havia começado a notar meu interesse pela anatomia dos corpos masculinos e ignorava completamente as meninas que me mandavam cartinhas de amor, preferindo observar os meninos trocando de roupa no vestiário. E sinceramente, aquilo me incomodava. Eu tive dezenas de crises existenciais quando me descobri gay. Principalmente porque eu achei que gostava do meu melhor amigo, Yoo Kihyun e morria de medo de perdê-lo por causa de uma besteira dessas. Todavia, para a minha surpresa, Kihyun me roubou um beijo quando estávamos em sua casa e me perguntou se eu tinha gostado. Aquilo me deixou maluco. Eu era um mix de felicidade, confusão e excitação. Afinal, eu era um adolescente cheio de hormônios e espinhas.

Kihyun me confessou que estava gostando de mim e eu, burro, disse que era recíproco. Então começamos a sair em segredo. Nos beijávamos nos banheiros da escola e ele me pedia para o masturbar enquanto fazia o mesmo em mim. Era o mais próximo que eu tinha chegado de uma experiência sexual e na época eu me sentia como fogos de artificio.

kerosene queen & matchstick king • jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora