ele era a bela rainha querosene

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— O que tem de errado com seu cabelo? — Taehyung perguntou, com uma careta.

Jungkook estava ofegante de tanto correr até o hospital. Ficou tão exasperado com a notícia que sequer quis lavar o cabelo. Ou seja, ele se encontrava em uma mistura esquisita entre castanho, loiro e rosa. Entretanto, ele mal ligava para aquilo. Apenas queria saber sobre Park Jimin.

— Nada. Onde ele está? O que houve?

— Vem comigo, ele acabou de acordar — Taehyung disse e começou a caminhar pelos corredores brancos que cheiravam a cloro e desinfetante. — Não foi nada grave... Foi uma quedra de pressão que ocasionou em um desmaio. Ele tá com anemia.

Na mesma hora Jungkook parou no caminho. — O quê?

— O que o que?

— Uma queda de pressão, Taehyung? Você me deixou desesperado às nove da noite por causa de uma queda de pressão? — Jungkook perguntou, desacreditado. — Porra! Eu achei que fosse alguma coisa mais grave!

Depois que Jimin desmaiou no banheiro de casa, seu pai o encontrou minutos depois e o levou para o pronto-socorro, alarmado. Fizeram exames de sangue e uma ressonância em Jimin, tudo para provar que o menino estava anêmico há meses.

— Desculpa, é que eu entrei em pânico e não sabia para quem ligar... — ele fez um biquinho e Jungkook suspirou. A cabeça dele doía.

— Tá, foda-se. Cadê ele? — Taehyung indicou a porta do quarto mais a frente. A respiração de Jungkook falhou um pouco mas ele tentou ignorar. — Ele está sozinho lá?

— Sim. O senhor Park foi para casa pegar algumas roupas para o Jimin e me pediu para ficar aqui por enquanto. Vai lá, eu fico aqui fora.

Jeon Jungkook assentiu e colocou a mão na maçaneta na porta, girando-a para abrir.

Jimin tinha os olhos fechados e seu rosto estava pálido. Jungkook sentiu falta do rosa natural das bochechas gordinhas dele. Quando fechou a porta, Jimin abriu as orbes escuras e um finco surgiu entre suas sobrancelhas.

— Jungkook? — ele indagou com a voz rouca. — Por que está aqui?

— Taehyung me ligou. Não gostou de me ver? — Jungkook sentia-se um pouco envergonhado. Desde que percebeu seus sentimentos por Jimin, ele não sabia muito bem o que fazer. Agora só de estar na presença dele fazia seu estômago embrulhar.

— Taehyung é um idiota. — Jimin bufou. — Jungkook, a gente precisa conversar.

O rosto do Jeon se iluminou. Meu deus. — É, eu... Eu queria te falar uma coisa...

Jimin fez sinal para que ele se aproximasse, sentindo o nervosismo tomar conta de todas as suas células.

— Pode falar.

Jungkook mexia nos anéis de suas mãos, sentindo um suor gelado escorrer de sua nuca. Porra.

— Eu só... Me preocupo muito com você. Tipo, muito. Eu nem sei como, Jimin, mas... Você meio que se tornou tudo pra mim.

Jungkook

— Me deixa terminar — Jungkook pediu, segurando firme na mão do Park. — Eu não sei te dizer quando aconteceu e o porquê, mas meu coração de repente começou a bater por você, Jimin. De repente tudo começou a girar em torno de você, Jimin. O meu mundo começou a orbitar ao seu redor. E eu posso não ser um homem romântico, definitivamente não sou, mas você me faz querer ser. Me faz querer ser uma versão melhor de mim. Me faz querer levantar da cama todos os dias só para te ver e só de pensar em te ver, meu coração já bate feito um louco e... — ele tomou fôlego. — Eu tô apaixonado por você, Park.

Os olhos de Jimin não desviaram de Jungkook nem um segundo qualquer, permanecendo firmes e apavorados.

Então, ele o beijou sem pensar.

Jimin puxou Jungkook pela nuca e colou os lábios nos seus, o beijando como se sua respiração dependesse do oxigênio dele. O beijo sem pudor e sem controle, com sua mão enroscando no cabelo fora de ordem do Jeon. Com a outra mão, Jimin a pôs sobre o peito dele, sentindo o coração disparado sob sua palma.

E Jungkook o beijava de volta. A sensação da língua de Jimin movendo-se como poesia saindo da boca de um poeta; soava como uma promessa feita por Deus.

Jungkook segurou uma das mãos de Jimin com força. Era quase como um porto-seguro; um oasis no meio de um deserto vermelho. Ele estava tonto, ofegante e bobo mas continuou apreciando os lábios selvagens de Jimin nos seus e porra aquela boca era a merda da oitava maravilha do mundo.

Foi então que a boca de Jungkook ficou incompleta e sua mão, vazia.

Ele abriu os olhos imediatamente, assustado.

Jimin limpava os lábios levemente com o rosto vermelho e os olhos atordoados e marejados.

O que estava acontecendo?

— Jimin?

— Desculpa, Jungkook... Mas eu precisava do seu beijo pela última vez...

Jungkook piscou. — O quê?!

— Acabou, Jungkook. Nós dois juntos. Acabou.

E foi naquele instante que Jungkook pode sentir todo ar ser expulso de seus pulmões e a terra tremer sob seus pés.

— Eu estive pensando sobre isso e percebi que não podemos continuar mais.

— Mas, Jimin–

— Não podemos, Jungkook! — A voz de Park Jimin saiu destruída, porém ele prosseguiu. — Eu não quero mais! Eu não te quero mais. Eu enjoei, entendeu?

Se o mundo estivesse em completo silêncio, seria possível ouvir o coração de Jungkook quebrando em milhões de pedacinhos. Lágrimas inundaram os olhos dele. — Enjoou...?

— Enjoei. Eu não preciso mais de você.

— M-Mas eu me declarei pra você! Jimin, e-eu abri meu coração pra você!

— Eu sei, mas o que eu posso fazer se não sinto o mesmo?!

E ponto.

Aquilo doeu no peito de Jungkook como se espadas flamejantes estivessem o perfurando de cada vez.

— Vai embora, Jungkook. Sei deve estar doendo, mas–

— Cale a porra da sua boca, você não sabe de nada! — Jungkook explodiu, com lágrimas escorrendo por suas bochechas vermelhas. Merda, ele estava tão quebrado.

— Sei que deve estar doendo porque não está sendo fácil pra mim também. Você se tornou um amigo para mim, só que não dá mais. Só tenta me esquecer, Jungkook, porque eu vou fazer o mesmo. Eu tenho certeza que sentirei a sua falta, mas eu vou apagar você. Eu preciso apagar você, então, por favor, vá embora!

Jungkook levantou tão rápido que derrubou a cadeira, fazendo um estrondo extremamente alto. Ele enxugou as lágrimas e se afastou da cama e de Jimin, caminhando em direção à porta. 

Eu odeio você — foi a última coisa que ele disse para Jimin, olhos queimando em raiva e mágoa, antes de bater a porta.

Sem esperar por qualquer outra coisa, Park Jimin afundou o rosto nas mãos e gritou em puro ódio, mordendo uma de suas palmas para abafar o barulho. Ele tem certeza que sentiu gosto de sangue, mas ele não poderia dar a mínima para aquilo agora.

Kim Taehyung entrou no quarto dizendo umas palavras desconexas demais para o gosto de Jimin que tinham lágrimas descendo como tempestade e o coração sendo devastado por um tsunami. Jimin condenou a si mesmo por ter acabado de ferir a alma de um anjo.

Me perdoa, Jungkook. Por favor, me perdoa.

kerosene queen & matchstick king • jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora