CAPÍTULO 3

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Ela era muito linda! E arrogante, teimosa, debochada...
E sexy!
Mas ao falar o nome do amigo, o olhar dela esfriou, e ela fechou a cara. Qual o problema com Gabe? Será que ele a engravidou? Meu Deus! Será que era um bebê de um homem normal com uma mulher Nova Espécie?
" Qual o problema? Eu conheci o doutor Marshall quando precisei de tratamento para meu joelho. Ele era um especialista em ortopedia e praticamente me fez andar de novo. Eu devo muito a ele."
Ela torceu a boca.
"Engraçado. Todos nós tínhamos esse sentimento de gratidão por ele também.
O fato dela ter falado no passado, o incomodou. Gabe era um ser humano brilhante, bondoso, dedicado.
Qualquer mulher seria afortunada por engravidar de um homem como ele. Mas pensar nele transando com ela mexeu com as entranhas dele.
"Ele salvou vários de nós muitas vezes. Novas Espécies não vivem num paraíso sem problemas, senhor Crane. Ficaria surpreso do tanto que nossos médicos trabalham. Nossa segurança é constantemente ameaçada. Nossos machos estão sempre furados de balas.
"Você fala do ataque que sofreram a um tempo atrás? Eu mesmo estou numa comissão para investigarmos quem estava por trás disso. Há uma equipe do FBI investigando. E iremos fundo nessa história."
"Tudo o que queremos é Justiça. Nós temos nossos meios, vamos encontrar o tal de Hunter e ele vai pagar."
O sorriso dela, antes doce, agora se tornou cruel. Ele ficou ainda mais atraído. Sempre gostou das garotas más.
"Bom, voltando ao assunto, o doutor Gabriel, criou muitas drogas. Entre seus experimentos ele estava tentando descobrir porque nós não conseguimos engravidar."
Ela o olhou medindo bem suas feições. Robert não se importou. Ele sabia que era bonito. Ele era maior que a maioria dos homens, era forte, rico, e muito influente. Mas algo no olhar dela, o confundiu. Ela estava concentrada no rosto dele como que procurando algo. Não havia a admiração, nem mesmo desejo no olhar dela dessa vez.
"Senhor Crane, o único tratamento que fez com o doutor Gabriel foi no seu joelho?"
Ele se mexeu desconfortável. Ele e Gabriel eram amigos e ele não se sentia bem contando sobre os favores que ele prestou ao médico em todos esses anos.
"Por que?"
Ela desviou o olhar dando uma trégua. Robert achou que os olhos de gato dela iriam perfurá-lo. Era um olhar muito direto, parecia enxergar a alma dele.
"Por nada, eu só fiquei me perguntando se ele não testou nada no senhor. Ele nunca se conformou com os métodos conhecidos, ele sempre ia além. Mas eu fico feliz por você, se não foi o seu caso."
Ela respirou fundo e continuou:
"Eu tive uma desavença com uma mulher chamada Sophia. Ela me cortou o rosto, me desfigurando."
Ela estremeceu. Deve ter sido um episódio muito doloroso de sua vida pois uma lágrima brotou no olho dela.
"Qual o nome todo dela, você sabe? Eu posso encontrá-la facilmente." Ele ficou furioso. Mas que droga de segurança eles tinham?
Ela enxugou as lágrimas e sorriu um sorriso enorme e ele não entendeu nada. De triste, ela passou a alegre, e em seus olhos havia muita ternura. Enfim, mulher grávida! Ninguém nunca iria entender.
"Sophia mora aqui mesmo na Reserva, e ela é uma amiga muito querida." O olhar maldoso voltou. "Toque em um fio do cabelo dela, e suas bolas já eram."
Ela estava falando sério. Ele já estava atraído, agora a devoção dela despertou admiração. Ela era única.
"Acontece que o ferimento inflamou e eu fiquei dias sendo cuidada pelo doutor. As cicatrizes não curaram direito e eu fiquei meio doida. Hoje eu me arrependo muito do mal que eu causei." Ela baixou a cabeça. Era um assunto doloroso. Ele via agora. Talvez fosse melhor poupá-la. Ele já tinha entendido.
"Kit. Se esse assunto for muito difícil para você, não precisa me contar, ok? Pelo que entendi, o tratamento para curá-la da infecção de alguma maneira possibilitou a gravidez. Foi isso?"
Ela o olhou surpresa. Ele podia ver as engrenagens do cérebro dela processando o que ele disse. Talvez ela não tenha considerado esse fato.
"Na verdade... Não há como saber direito o que ele fez. Mas eu estou grávida. E isso pode ser considerado um milagre."
Ele pegou a mão dela. E firmou o olhar nas pupilas alongadas dela, os tons de verde eram lindos, havia desde raios quase amarelos no centro a um verde intenso na borda. Ele, por um momento esqueceu o que ia dizer.
"Eu sei que acabamos de nos conhecer, mas eu te dou a minha palavra de honra de que não direi uma palavra sobre isso a ninguém. Você sabe a importância dessa gravidez, mas eu não seria capaz de expor você e o bebê. Talvez daqui a alguns, anos quando Gabriel voltar, ele possa solucionar esse mistério."
Ela sorriu aliviada. Pensar que foi capaz de preocupar e assustar uma  mulher grávida o deixou envergonhado.
"O doutor foi embora sem nos avisar. Você sabe  onde ele poderia ter ido?" Perguntou se levantando. Ela era alta devia passar de um metro e oitenta. E a barriga estava escondida no vestido largo. Era um vestido bem composto, até um pouco fora de moda, com a gola amarrada no pescoço, mas justo nos seios, de cintura alta e bem rodado, indo até o tornozelo. O cabelo vermelho intenso tinha algumas mechas mais claras e era comprido, indo até a cintura dela.
Ela foi chegando a porta e se virou como para se despedir. Ele sentiu um vazio no peito. Talvez conseguisse alguma desculpa para voltar.
Aí se lembrou:
"Eu já ia me esquecendo. Gabriel me ligou umas duas semanas atrás, mas não disse onde estava. Então, eu o informei que viria aqui e ele me disse que lhes cumprimentasse em nome dele."
Ela o ouvia atentamente, e meio que pareceu desapontada. Ele tinha que perguntar. Afinal ele estava acobertando um enorme segredo.
"Você ficaria ofendida se eu te perguntasse quem é o pai? Por favor, se não quiser dizer, não vou insistir. Mas..."
"Mas o que?" Ela estava parada na porta, linda, alta e imponente com o vestido apertado nos seios.
"Se você estivesse grávida de mim, eu não deixaria você sozinha com homem nenhum, então, bom, aquele cara não pode ser o pai."
"Ele não é."
Ela também não diria. Outra coisa para admirar, ela era direta e objetiva. Ele a viu se virar e notou que o vestido só tinha umas linhas trançadas nas costas. A pele bronzeada das costas dela era magnífica. Ele não queria ir. E a última tentativa de passar mesmo que mais um segundo na presença dela foi algo que Gabriel lhe disse.
"Kit. "Ela se virou " Gabriel me disse algo que talvez faça sentido pra você, Ele me disse que talvez se eu dissesse a data do meu aniversário, eu ganharia um presente."
Ela piscou várias vezes. Mas o momento passou e ela riu. Foi uma risada meio nervosa, mas ele nunca a tinha visto rir. Devia ser alguma piada interna deles.
"E qual seria a data de seu aniversário, senhor Congressista?" Ela tentava disfarçar, mas os olhos dela estavam muito atentos, e havia um certo pavor, tal qual ela o olhou quando ele disse o nome de Gabriel.
"Vinte de agosto de sessenta e cinco"
Ele foi falando e se aproximando, pois infelizmente a conversa estava acabada. Sorte que ele não estava longe, pois deu tempo de se mover e ampará-la na hora que ela desmaiou.



























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