CAPÍTULO 14

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Robert acordou num quarto estranho. Parecia um quarto de hospital. Ele tentou se levantar e sentiu uma fisgada no braço. Olhou e viu um curativo enorme, envolvendo todo o braço. Ele se lembrou das garras daquele filho da puta rasgando a pele dele. Tinha sido uma péssima idéia encher a cara e procurar briga com aquele cara. Mas ele queria uma desculpa para vê-la. E ele pensou que ninguém iria realmente machucar um Congressista. Enganou-se. Teria de ficar longe do Congresso por, pelo menos uma semana.
Ele lembrava-se pouco dos detalhes. Mas tinha certeza de que ela havia aparecido. Pena que tarde demais. O brutamontes já tinha acabado com a cara dele.
Ela o ajudou. Então talvez aparecesse. Ou talvez não. Se ela soubesse as coisas que disse para provocar o tal de Vingeance para a luta, ela mesma arrancaria as bolas dele.
Ele estava com saudade, com tesão e com muita raiva de Kit por ainda não dizer se era verdade que o bebê que ela esperava era dele.
Ouviu a porta abrir e fechou os olhos.
"Eu sei que você está acordado, querido, só vim trocar os curativos."
Era o Nova Espécie que se achava médico. Será que nesse hospital deles, não havia médicos humanos?
"Eu quero ver um médico de verdade. Agora!" O Nova Espécie fez menção de falar alguma coisa, mas Robert estava cheio. Ele iria quebrar aquele quarto inteiro." Cale essa boca se quiser continuar com esses dentes nela."
Levantou-se em toda sua altura e avançou no "enfermeiro".
Mas aparentemente o enfermeiro também sabia lutar pois ele desviou do soco de Robert, e saiu fechando a porta. Robert então sentiu o temperamento explodir e começou a quebrar tudo o que via pela frente. Lançou a cama na parede, e puxou o varão das cortinas, rasgando o tecido.
"Robert! Por favor se acalme. Robert!"
Era Kit. Ele ouvia a voz dela ao longe. Tentou se localizar, e ela continuou falando o nome dele e ele foi se acalmando. Se sentou no meio da bagunça e olhou a volta. Que vergonha!
Abriram a porta e ela entrou seguida do enfermeiro e outra mulher. A outra era a doutora Trisha, que entrou com Slade  atrás dela.
"Senhor Crane, o senhor está sob o efeito da droga de regeneração. Tivemos de aplicá-la em você por causa do ferimento no seu braço. Essa droga tem esse efeito colateral. Mas em pouco tempo irá sair do seu organismo."
Droga de regeneração? Era por isso que tinha vontade de sair matando qualquer um que estivesse no caminho?
Ele colocou as mãos na cabeça. Ela se sentou e pegou uma das mãos dele.
"Calma! Calma, respire fundo. Daqui a pouco, você se sentirá melhor.
"Eu quero sair daqui." Ele queria sair o mais rápido possível. Viu o celular dele no chão no meio dos tecidos rasgados da cortina.
"Martin, me tire desse lugar agora."
Levantou-se. Saiu sem olhar para ninguém. Ele tinha se portado como um idiota. Estava cansado e queria ficar longe do olhar penalizado dela.
Continuou andando até sair do complexo e Martin, seu motorista e também guarda-costas, o esperava.
O susto na cara de Martin o faria rir, mas não estava para risadas. Havia muita raiva saindo dele.
"Senhor Crane..."Por mais que pedisse para Martin chamá-lo de Robert, ele fingia não ouvir, e continuava chamando-o de Senhor Crane. Talvez se deslocasse a mandíbula dele, ele não o chamaria de senhor. Foi indo na direção do motorista quando a ouviu o chamando.
"Robert!"
"O que quer, Kit? Eu não disse que tenho estado ocupado? O mundo não é essa bolha de felicidade e violência que vocês vivem aqui! Existem pessoas que têm de trabalhar para comer, você sabia disso? Eu tenho que trabalhar para que pessoas tenham emprego, saúde, educação e dignidade. Tenho que lutar todos os dias, naquele lugar cheio de homens que defendem seus próprios interesses, que não têm vergonha de prejudicar milhares de pessoas pobres, fazendo leis que aumentam impostos e dificultam o acesso a casa própria por exemplo. Eu vejo coisas vergonhosas naquele Congresso, mas continuo, pelo simples fato de saber que estou fazendo a coisa certa!"
Ele estava gritando. Martin pegou no braço são dele e levou safanão que o fez voar longe.
Ela continuou andando, a barriga enorme se projetando para frente. Quando ela se aproximou, ele se ajoelhou e apoiou a testa na barriga dela, e sentiu um chute do bebê. Meu Deus! Naquele lugar até quem ainda nem tinha nascido já batia nele.
Ele ficou ali, respirando fundo, sentindo os chutes do bebê e sentindo as mãos dela em seus cabelos.
Mas a realidade era o que era. Então ele se levantou. Olhou nos olhos verdes de gata dela e disse:
"Kit, eu senti tanta saudade. Mas eu também senti tanta raiva de você! Eu vou, mas eu volto. Assim que esse bebê nascer, aí sim, nós iremos conversar.










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