KIT

CAPÍTULO 19

Robert afastou o rosto, mas continuou olhando para Kit.
Ann dormiu de novo e ela se levantou.
"Ela sempre dorme tanto assim?" A bebê chorava, mamava, dormia. E só.
Kit sorriu.
"Sim, ela só tem um dia de vida, Robert. Mas ela tem a vantagem de dormir bastante. E Trisha me orientou a ficar de olho nas cólicas."
Meu Deus! Cólicas? Bebês Novas Espécies tinham cólicas?
"Isso é uma coisa Nova Espécie? Trisha receitou algum remédio?"
Ela balançou a cabeça.
"Na verdade, bebês Nova Espécie não tem cólicas, mas a maioria dos bebês humanos têm. Como Ann não tem tantos traços Nova Espécie como os outros, Trisha pediu para observar."
Kit foi falando, pondo Ann na cama e começou a tirar as roupinhas dela. A bebê abriu os olhos e começou a choramingar.
"Vamos tomar um banho, lindinha, aí você poderá dormir toda a noite." Ela falava e a bebê parecia entender cada palavra. Kit se virou para ele.
"Onde é o banheiro?"
Robert então se lembrou do quarto que mandara decorar.
"Ann tem uma suíte só dela. Por aqui."
Entrou no quarto adjacente ao de Kit e ela o seguiu com Ann pelada nos braços. Ele esperou ela examinar o quarto da bebê cheio de expectativa.
Ela correu os olhos por todo o quarto.
"O que achou? Você pode redecorar se quiser."
Ele queria muito que ela se sentisse a feliz ali. Ele tinha a trazido contra a vontade dela, mas não sabia bem o que fazer. Todos os planos dele, sempre eram sobre como tirá-la da Reserva. O que aconteceria depois ele não planejou nada.
Ela entrou no banheiro e parou diante da pequena banheira de louça.
"Que gracinha! Pena que não vai servir por muito tempo."
Ela ligou as torneiras, e passou a bebê para ele.
Ann não gostou de sair dos braços da mãe, começou a chorar. Robert tentou niná-la, mas ela foi chorando cada vez mais alto.
Kit a pegou e pôs na banheira. Ela parou de chorar na hora e sorriu. Robert sentiu um calor tão gostoso no peito, vê-la feliz o deixou feliz. Ele sentiu que faria o que fosse para que ficar com elas.
"Vou deixar você cuidar dela e mandarei trazerem uma refeição para vocês. Você tem alguma preferência?"
Kit fez uma cara faminta. Toda aquela confusão deve tê-la feito esquecer de comer."
"Mande trazerem bifes mal passados, muitos."
"Sobremesa?" Ele não resistiu e a olhou com desejo. Ela daria uma ótima sobremesa.
Ela entendeu o olhar, mas não esboçou reação. Kit era durona, ele sabia disso e gostava.
"Pudim."
Ela gostava de pudim? Bom saber.
"Algo mais senhorita?" Ele tentou soar divertido enquanto tentava não pensar nela comendo pudim, a boca dela saboreando o doce. Pare, Robert! Está se tornando um pervertido!
"Nós gostamos de refrigerante de cereja, você têm?"
"Sério? Vocês sempre gostaram ou isso foi depois de Gabriel tratar vocês?"
"Sempre gostamos, porque? O que aquele monstro tem a ver com isso?"
"Eu estava com mais de duzentos quilos e praticamente numa cadeira de rodas quando me tratei com ele. E por incrível que pareça, ele me fornecia esse refrigerante de cereja, eu o tomava, e mesmo assim emagreci muito. Eu achei estranho vocês gostarem, só isso."
Ela tirou a bebê da banheira e a secou mesmo ante os protestos de Ann. Sua filha era bem geniosa. Ele riu.
"Onde aprendeu a cuidar de bebês?"
"Com Tammy. Ela teve três praticamente de uma vez. Noble e Honor tem apenas sete meses de diferença entre eles, e quando ela teve Pride, eu estava de serviço na Reserva, então ajudei." Ela sorriu nostálgica." A casa de Valiant é muito divertida, Tammy é uma ótima mãe."
"Você também, eu vejo a dor que você sente a cada vez que ela mama, mas você aguenta e ainda sorri." Ela pareceu surpresa por ele notar a dor que ela tinha de sentir para alimentar Ann. Mas não disse nada.
Ela terminou de secar toda a pele de Ann, colocou uma fralda e só.
"Não vai colocar roupas?"
Ela balançou a cabeça.
"Descobrimos, ou melhor, o doutor descobriu, que filhotes têm a temperatura corporal maior que a nossa. Então sempre que possível, eles devem ficar apenas de fralda."
"Sim, mas você disse que Ann não tem os mesmos traços que os outros."
Ela sorriu, seu sorriso malvado. Esse fazia com que ele endurecesse.
"Vista-a se ela não chorar desesperada, eu faço algo que você queira."
A temperatura de Robert subiu nas alturas.
"Qualquer coisa?" Ela balançou afirmativamente a cabeça." E se ela chorar?"
"Você faz algo que eu quiser."
Perigoso! Eles tinham esse negócio de promessas, honra e tal. Ela estava ali, porque Brass lhe prometera fazer o que ele pedisse, e ele pediu para ser avisado quando o bebê nascesse. Se ela pedisse para ir embora, ele teria que deixar.
Melhor não, ele só precisava de tempo. Ela o desejava também. Ele só teria que esperar. Mas como era um idiota, se viu falando:
"Feito."
O sorriso malvado permaneceu na boca dela todo o tempo que ela gastou para vestir Ann. E ela jogou sujo. Vestiu várias roupinhas, teve até que buscar um casaquinho no outro quarto, ocasião em que ele implorou baixinho para a bebê colaborar e não chorar. O engraçado é que Ann o olhou como se entendesse cada palavra.
No fim Ann estava vestida como se estivessem no Alasca.
E não chorou. Ele riu alto e ela fez alguns barulhinhos com a boca.
"Você pediu para ela não chorar." Kit estava entre divertida e raivosa.
Ele deu de ombros.
"Você sabe o que eu quero. Mas vou deixá-la descansar. A comida não demora."
Os olhos dela soltaram faíscas verdes pela arrogância dele. Mas ter a última palavra era muito bom. Saiu antes que Ann se cansasse da brincadeira e abrisse o berreiro.