Kit olhou para Ann sorrindo e disse:
"Malandrinha! Eu deveria deixar você dormir com todas essas roupas, viu?" Mas só de pensar no desconforto que ela sentiria, kit retirou tudo e a deixou só de fralda.
" Você gostou do seu quarto, lindinha? A mamãe adorou."
O quarto era maravilhoso. Novas Espécies nunca se importaram com luxo. Kit, apesar de parecer arrogante, orgulhosa e até um pouquinho esnobe também não se importava. Mas quando viu a delicadeza da decoração, as bonecas de pano, as cores que remetiam às cores do quarto dela na casa de Vingeance, ela sentiu uma onda de ternura e gratidão por ele ter se importado. Isso era algo que as fêmeas humanas, acasaladas com seus amigos sempre diziam."O caminho para o coração de uma mãe se chama filho."
Mas ela manteria a mente no controle, não o coração. Não deixaria essas pequenas gentilezas nublarem o entendimento da situação. E a situação era que ele invadira a Reserva com um destacamento do Exército, e a trouxera contra a vontade.
E Kit pensou que viver naquela casa luxuosa, com aquele macho seria muito bom se aquele macho não fosse um homem público, ela não fosse Nova Espécie e não tivesse que esconder sua filhote do mundo. E ainda havia o fato de que um monstro com motivações desconhecidas estava a espreita. Kit não conseguia parar de pensar em qual seria a exigência daquele louco.
Enfim, Ann dormiu e ela fechou os olhos. Amanhã seria um novo dia.Duas semanas se passaram na gaiola dourada, como Kit costumava chamar.
Quase não via Robert. Ele estava relatando um projeto importante sobre energia solar, seus usos e como a população carente poderia ter acesso a essa tecnologia.
As reuniões eram extensas e marcadas por discussões, imposições e manobras políticas. Ele sempre chegava cansado, mas nunca deixava de perguntar como foi o dia de Ann, e brincar com a filhote. Nesses momentos kit saía e deixava pai e filha se conhecerem. Eles estavam empenhados em criar uma rotina onde Ann pudesse se sentir amada e cuidada pelos dois. E parecia que estavam conseguindo. Kit passava todo o dia com a filhote e não poderia estar mais feliz. Ela dava grandes passeios pela propriedade com Ann em um carrinho de bebê. Muitas vezes ia a cozinha e preparava ela mesma a refeição delas, para desespero da cozinheira que adorou o fato de ter mais alguém para comer a deliciosa comida dela. Halfpint se encantou com o jardineiro e não foi mais vista.
Robert chegava e os olhinhos de Ann brilhavam e ela sorria, estendendo os bracinhos para ele. Com duas semanas de vida, ela já estava bem maior e mais pesada, como se estivesse com uns três meses. Trisha apareceu uma semana atrás, para examinar Ann, e disse que ela estava muito bem, mas seu desenvolvimento não era tão acelerado como os outros filhotes Nova Espécie. Isso se devia ao fato de que o pai era totalmente humano, exatamente o contrário dos outros filhotes cujo pai era Nova Espécie.
Kit não se importava. Na verdade quanto mais tempo Ann ficasse pequenina, melhor, seria mais tempo para curtir bem cada fase. Tammy uma vez tinha se lamentado por ter seus filhotes totalmente dependentes dela por tão pouco tempo. Com um ano, eles já corriam por toda a Reserva, e passavam mais tempo fora do que dentro de casa, no colo dela.
Mas Ann era diferente. Ela ainda mamava no peito durante todo o dia, ainda não se sentava, e demorou uma semana para firmar a cabeça. E Kit amava pensar que teria um bebê filhote por pelo menos um ano. Ela estava maravilhada.
Sophia também veio e passou uma tarde inteira com ela e Ann. Ela não podia ficar muito tempo, pois seria arriscado trazer John também, mas o tempo em que ficaram juntas foi muito bom. John mandou muitos desenhos, e Kit pediu a Robert para mandar enquadrar para decorar o quarto de Ann. Eram desenhos muito bons, seu afilhado estava muito acima na escala de desenvolvimento dos filhotes Nova Espécie. Por mais que eles fossem formidáveis, John era extraordinário.
E ela e Robert, mesmo sem a presença de Halfpint, não tiveram mais nenhum tipo de contato fora do que a educação exigia. Em noites como aquela depois que Ann mamava e dormia, Kit se segurava para não procurá-lo. Mas ele tinha ganhado a aposta e mesmo assim não tinha pedido a ela para compartilhar sexo.
Ela queria. Muito. Mas ela tinha seu orgulho. Não iria ceder. Porém, se ele a procurasse, não sabia se conseguiria resistir.
Ele pareceu muito cansado essa noite, kit ficou preocupada. Haviam manchas escuras sob os olhos dele, e ele até parecia mais magro. Talvez fosse impressão. Ele estava trabalhando demais, dizia que essa questão era muito importante para famílias pobres, e que já estava em discussão a tempo demais.
Como não conseguia dormir, cansada de rolar na cama, pensando em Robert, foi até a janela.
O bônus de ser Nova Espécie era o olfato apurado. Ela podia sentir o cheiro de cada flor, cada animalzinho que estava no jardim. Era uma das melhores coisas em ser Nova Espécie.
Essa noite estava particularmente perfumada. Várias flores desabrocharam e segundo o jardineiro de Halfpint, aquela noite seria a única noite em que uma certa flor floresceria. Kit logo sentiu um cheiro diferente. Não era a flor. Era um cheiro viril e másculo. Estava molhado, devia estar na piscina.
Kit se arrepiou toda. Ir ou não à piscina?
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KIT
FanfictionKit, a mais arrogante Nova Espécie, passou por maus momentos. E agora, tudo que ela quer é ter paz, longe de qualquer macho. Mas um acontecimento fantástico mudará a vida dela para sempre, e ela acabará descobrindo como é incrível amar e ser amada. ...