CAPÍTULO 15

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O carro saiu cantando pneus do estacionamento interno, e Kit sentiu uma pontada no peito. Ele tinha falado o que sentia. Essa droga também poderia ser chamada de droga da verdade. Pois ela fazia as pessoas botarem para fora tudo o que elas, por inúmeros motivos, guardavam para si. Ele tinha pesado os prós e contra de se relacionar com ela. Foi isso que ela entendeu do desabafo dele. Ele era um macho nobre com uma missão de vida definida. Ser um político honesto. Trabalhar para aqueles que precisavam. Ela não era insensível às causas sociais. Ele estava do lado que faz as coisas acontecerem. Ele não podia sair. Ela sentiu uma lágrima rolar pelo rosto. Maldito doutor Gabriel Marshall! Ele dissera que não poderiam ficar juntos nem se quisessem. Era verdade.
Ela olhou para um lado e para outro, sem saber onde ir. Não queria ver Vingeance. Não havia desculpa pela violência gratuita, que Vingeance tinha usado contra Robert.
"Kit." Vingeance apareceu do nada. Ela deu uma bofetada nele tão forte que a cabeça dele foi para trás.
E como também usou as garras, um corte marcou a bochecha dele.
"Você não devia ter batido nele como bateu. Foi covardia!"
O corte que ela fez com as garras, começou a cicatrizar e logo não havia mais nem a marca.
"A quanto tempo você tomou aquelas drogas pela última vez?"
"Ele fez um coquetel estranho e me deu, Kit. E não foi só em mim. Nunca fiz segredo disso."
Ele a olhava como se estivesse com pena dela. Era uma situação complicada a deles. Robert, um congressista e ela uma Nova Espécie. Ela balançou a cabeça. Deveria se preocupar com o filhote e só.
"Me leva pra casa Vingeance."
Ele prontamente a pegou no colo.
"Não precisa me carregar, me leva de jipe." Ela quis rir, mas conseguiu ficar com o rosto sério.
Ele rosnou, e continuou a andar com ela nos braços.

Duas semanas depois, kit estava na varanda da cabana com John. O filhote tinha um livro infantil e mostrava a ela o quanto já estava adiantado na sua alfabetização.
Ela tinha acabado de guardar as roupinhas da filhote. John tinha acertado, era uma fêmea.
Todos ficaram em êxtase. Com a filhote dela, já contavam com quatro fêmeas da segunda geração.
A esperança de perpetuação dos Novas Espécies, estava cada vez mais assegurada.
No dia seguinte seria a cesárea dela. Já tinha passado dos cinco meses, então Trisha resolveu por uma cesárea, ainda que houvesse o problema das drogas que o doutor administrou nela durante o tempo em que a deixou "catatônica". O medo de Trisha era que a anestesia não pegasse. Sem falar na rapidez da reconstrução de tecidos.
Era um desafio. Ela estava com um pouco de medo. Provavelmente sentiria muita dor, mas pela sua filhote valeria a pena.
"O urso par... d, o, dó. O urso pardo! Viu, madrinha, eu sei ler!"
A voz de John a trouxe de volta. Ela tinha de levá-lo a casa dele. Já quase era hora do jantar.
"Vamos Johnny, tenho de te levar para casa."
Ele juntou os livros e os colocou numa mochila e a olhou com expectativa.
"Posso ficar no vovô, um pouquinho? Ele sorriu e ganhou, ela não conseguia negar nada para ele.
Chegaram a casa de Jericho e Elisabeth e John entrou correndo.
"Johnny, cumprimente seu tio e sua tia!"
Ele voltou correndo e beijou Elisabeth, deu um olá para Jericho, e entrou correndo na casa.
"Ele adora o vovô!" Elisabeth disse.
"Deve ser porque o vovô tem a mesma idade dele. Ontem ele disse que Sarah não quis assistir Shrek com ele pela décima vez."
"E o vovô quis?" Kit adorava o velhinho que vivia xingando os machos, desenhando todos e era companheiro de brincadeiras de John.
"Escute!" Disse Elisabeth rindo.
A música tema do filme do Shrek soou, alta. Kit riu. Mas a risada se transformou num ofego de dor. Era uma dor forte, bem na parte baixa do ventre. A filhote ia nascer.
Outra dor forte veio e ela não aguentou, e gritou se abaixando e segurando a barriga. Elisabeth gritou por Jericho e ele a pegou no colo. Seria mais rápido assim.
No hospital, Trisha e Alison vieram correndo e a colocaram em  quarto.
"Kit, querida, você ainda não tem dilatação. As dores vão continuar, até que seu colo se alargue e a bebê possa sair."
Ela teve uma contração e gritou de novo.
"Mas e a anestesia?"
"Vamos esperar até você ter pelo menos uns quatro centímetros de dilatação, aí veremos. Mas acho que não vai fazer efeito, eu sinto muito, kit."
Outra contração, dessa vez mais forte ainda. Céus! Doía muito.
E assim se passaram três horas, com kit gritando de dor, Vingeance rosnando para todos na recepção, John, vovô e Harley brincando de pega-pega no hospital, Florest apostando com os outros a hora em que a filhote ia nascer.
Foi então que Trisha, já cansada de ouvir os gritos de Kit, anunciou que ela estava tendo dilatação suficiente para que Kit começasse a fazer força para a filhote sair.
E aí veio o trabalho de empurrar. Kit empurrou, empurrou e a dor continuava. Mas ela não parou até que sentiu algo escorregando de dentro dela. E com um último empurrão, ela sentiu que tinha conseguido. No colo de Trisha estava a filhote mais linda que ela já viu. Com uma massa de cabelos loiros quase brancos de tão claros. E dois olhos enormes e azuis olharam firme para ela, antes de chorar com toda a força dos pulmões. Kit riu e estendeu as mãos para Trisha, que colocou sua filhote em seus braços. Na mesma hora o berreiro parou e ela sorriu, um sorriso cheio de dentes, com duas presinhas despontando.
















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