Receios e recomeços.

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O olhar castanho da morena repousou em um ponto qualquer do assoalho mais à frente, estava na sala da grande casa, enquanto um filme qualquer passava na tv, apenas para evitar o silêncio. Camila estava ao seu lado, ambas sentadas sobre o tapete felpudo, desfrutando de um café da manhã simples posto sobre a mesinha de centro.

Hailee sentia-se anestesiada.

Após o beijo trocado na cozinha, decidiram levar o café da manhã até aquele cômodo e comer por ali mesmo, mas a partir do momento em que se sentou no tecido macio, ela pareceu mergulhar na própria bolha de pensamentos.

Camila, que estava ao seu lado passando geleia de morango na sua torrada, olhou-a de soslaio. Se pudesse ter um poder, escolheria o de ler pensamentos e entender o que se passava na mente da morena, mas não possuía, então fez o que pessoas normais fazem. Ela perguntou.

— No que tanto pensa? — A latina indagou curiosa.

Em você.

Hailee quase disse, foi por pouco.

— Apenas algumas coisas idiotas. — Ela sabia que agir daquela forma não ajudaria em muita coisa, mas era acostumada a pensar demais, planejar demais. Sentia que havia saído dos trilhos e não saber o que fazer depois a amedrontava.

— Compartilha comigo. — Camila pediu, deixando as torradas sobre o prato e depositando toda a sua atenção na garota ao seu lado.

— Não sei se devo encher você com as minhas paranoias. — A morena disse de forma baixa, mais um pouco e a outra não a ouviria.

Camila encostou suas costas no sofá atrás delas, dobrou os joelhos e apoiou os braços sobre o mesmo. Pensativa com a fala da mais alta, ela perguntou-se mentalmente o que seria dali para frente, poderia dar tudo certo ou dar tudo errado, mas não podia fingir que nada tinha acontecido a partir daquele ponto.

O toque dos lábios macios da morena sobre os seus ainda estavam gravados em sua mente e ela jurou ainda poder sentir o gosto do beijo e o toque das mãos quentes e grandes em sua nuca. Camila, por mais confusa que pudesse parecer, não estava disposta a desistir naquele ponto e deixar tudo do jeito que estava antes.

Uma semana havia sido mais do que suficiente para que ela pudesse ver a outra com outros olhos, ou que pelo menos notasse o quanto tanto negava inconscientemente. Lembrou de quando foi o porto seguro da garota em meio a tempestade e da sensação de importância quando teve os braços dela rodeando o seu corpo, querendo apenas a sua presença, precisando apenas do seu cuidado.

Camila queria estar ali para Hailee.

E admitir aquilo para si mesma causava pequenos redemoinhos em seu estomago, como se borboletas voassem de um lado para o outro. Sentia-se insegura e receosa, mas se deixasse aquilo tomar conta de si, o beijo durante a madrugada sequer teria acontecido e sabe-se lá por mais quantos dias elas seguiriam daquela forma.

A latina ponderou por alguns segundos, não queria pressionar a garota.

— Insegurança? — Camila perguntou, mas soou como uma afirmação. — Eu também estou me sentindo assim. — Permitiu-se admitir em voz alta.

O olhar, antes perdido, foi direcionado aos olhos cuidadosos e intensos da latina. Hailee pode jurar que poderia passar horas e horas os encarando, viu ali algo como um abrigo e não segurou um repuxar de lábios em um sorriso tímido, mas que aqueceu o peito da latina.

— Sim...

A morena disse um pouco envergonhada.

— Sabe... — Camila iniciou, desviando o olhar por um momento para focar em um ponto qualquer, mas logo seus olhos encontraram-se novamente. — Lembra das perguntas que te fiz no riacho?

Acaso PrometidoOnde histórias criam vida. Descubra agora