Sonho e entregas.

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A latina remexeu-se sobre as cobertas de forma lenta enquanto seus olhos eram abertos com certa dificuldade por conta da suave claridade adentrando o cômodo. Camila soltou um suspiro preguiçoso, esticando cada músculo do corpo, sentindo-se leve naquela grande cama.

Ela estava sozinha em meio aos edredons.

O gostoso perfume levemente doce fez-se presente quando a latina tateou o lado em que a outra dormiu, fazendo-a lembrar do acontecimento da noite anterior e as borboletas em seu estômago despertarem assim como ela naquela manhã.

Um sorriso bobo desenhou os lábios carnudos, um misto de nervosismo combinado a algo que ela ainda não sabia definir, mas que a fazia sentir-se nas nuvens. Com os cabelos um pouco desgrenhados, a latina sentou-se na cama, finalmente abrindo completamente os olhos e encarando cada canto daquele quarto.

Nenhum sinal de Hailee.

Ela provavelmente acordou mais cedo. Camila pensou.

Embora estivesse envergonhada, ela teria que encarar a morena hora ou outra, mas isso não a impedia de gastar o máximo de tempo possível por ali. Camila arrastou-se para fora da cama, sentindo o assoalho frio sob os pés descalços e caminhou de forma preguiçosa — quase arrastando-se — até o banheiro.

— E se ela voltar a me odiar? — Perguntou de forma baixa para si mesma após lavar o rosto com a água gelada. Não se arrependia de ter beijado Hailee, mas admitia que agiu por impulso e agora sentia-se insegura sobre como a outra reagiria.

Camila encarava a própria imagem no espelho, como se esperasse que seu reflexo realmente a respondesse com alguma frase motivadora ou conselho milagroso. O que não aconteceu, obviamente.

Alguns momentos da madrugada preencheram a mente da latina, fazendo-a vacilar na tentativa de tentar não focar naquilo por ao menos um minuto. Mas quando ela lembrava das sensações, era como se estivesse deitada novamente de frente para a morena. Lembrou do olhar castanho sobre o seu, pegando-a de surpresa e fazendo suas pernas fraquejarem — ela provavelmente cairia se não estivesse deitada. Suas bochechas esquentaram quando lembrou do quanto os lábios de Hailee eram macios, mesmo que o beijo não tenha passado de um selar demorado, foi o suficiente para fazê la ansiar por mais.

Ela iria enlouquecer.

Há duas semanas atrás acreditava com todos as forças que detestava a garota, há uma semana pareceu a ideia mais infernal de todas estar presa em uma casa de campo com a mesma e agora... ela desejava que os dias se arrastassem lentamente.

Passou mais alguns minutos no banheiro, gastando tempo entre escovar os dentes e arrumar coragem para caminhar pela casa. O andar de cima encontrava-se em pleno silêncio, fazendo-a descer as escadas rumo ao andar inferior. Seus pés pareciam pisar em ovos, estava nervosa e andava de forma tão lenta que o assoalho da escada sequer rangia.

Na cozinha, Hailee encarava a torradeira sobre o balcão como se aquele fosse o objeto mais inusitado que já pudera ver, perdida demais em seus pensamentos, como um gato observando um aquário com alguns peixinhos. As mãos apoiavam o queixo, enquanto a sua mente vagava por lembranças de um sonho que tivera na noite anterior e dominava seus pensamentos desde que acordou. 

Um sonho. 
            
O toque, a respiração, o gosto... as borboletas em seu estômago voaram ao lembrar-se de cada detalhe do que a sua mente criou. Escondeu o rosto entre as mãos quando sentiu o rubor em suas bochechas, uma linha fina desenhou seus lábios em um sorriso bobo. Sentia-se como a adolescente apaixonada do ensino médio.

— O que está fazendo? — Hailee foi pega de surpresa pela voz de Camila atrás de si. Virou o corpo rapidamente para encará-la, encontrando a latina com os cabelos presos em um rabo de cavalo e ainda parecendo estar com um pouco de sono.

Acaso PrometidoOnde histórias criam vida. Descubra agora