Retorno e lágrimas.

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— Eu não sei com quem aprendeu a jogar isso, mas estou começando a levar para o lado pessoal, Kendall. — Camila diz um pouco emburrada. Estava mais uma vez na cadeia por duas rodadas. 



— A culpa não é minha se os dados não gostam de você. — A garota provocou, causando uma risada coletiva.

 Era quase final de tarde e no centro da sala, mais precisamente sobre o tapete, as garotas jogavam um dos tantos jogos de tabuleiro que estavam guardados no porão. Camila, Hailee, Shawn, Rosalía e Kendall pareciam imersos em não falir enquanto jogavam Monopoly e Madison estava na cozinha esperando a pipoca ficar pronta.

— Eu estou quase falindo... — Rosalía lamentou observando as poucas cédulas do dinheiro falso em suas mãos. 

— Você ainda pode ganhar com os aluguéis. — Shawn explicou. — Eu, por exemplo, ainda não fali porque vocês vivem caindo nas minhas propriedades. 

— Eu já cai em duas das suas avenidas, Mendes. Não adianta, esse jogo é um roubo.— A de franja bufou. 

— De roubo a Camila entende, afinal, vive na cadeia. — Kendall provocou mais uma vez. 

— Esses dados que são viciados, quando eu não caio na cadeia diretamente, caio em alguma casa que me mande para lá. — A indignação da latina com o simples jogo de tabuleiro mostrava o quanto ela era competitiva. 

— Certo, vamos deixar a Camz em paz um pouco e focar no jogo. — Hailee parte em sua defesa. — Joga os dados, Rosalía. — A morena passa os dois dados para a garota a sua direita. 

A morena segue jogando tentando dividir o foco entre a rodada e o carinho que fazia nas madeixas escuras de Camila, que permanecia deitada com a cabeça sobre seu colo desde que havia perdido a vez. O cafuné foi quase como automático, mas sentia-se um pouco envergonhada por notar alguns olhares, por mais que as garotas tentassem ser discretas e pareciam ter feito um acordo silencioso para não as constranger.

— O que foi? — Camila perguntou baixo.

Hailee não notou que acabou divagando enquanto mantinha o olhar na latina. Parecia ter se tornado algo comum se pegar olhando-a simplesmente sem motivos,  apenas como se aquele fosse seu ponto de fuga favorito e talvez realmente fosse. 

— Nada. — Ela respondeu. A latina sorriu mostrando os dentes e a morena derreteu-se por dentro. 

Por um momento recordou-se sobre o acampamento e também do momento que tiveram dentro da cabana, onde suas inseguranças falaram mais alto no final da noite e ela acabou indo dormir com pensamentos não muito agradáveis. Dois dias haviam se passado desde aquela noite e ela buscou não pensar muito sobre o ocorrido, prometeu a si mesma tentar sem colocar nenhum outro obstáculo e estava fazendo isso, embora sentisse algo fora do lugar.

 Talvez mais uma de suas paranoias.

— Seis! — A morena saiu de seu devaneio quando ouviu Kendall berrar os números do dado. A vez de Rosalía passara e ela sequer notou.

Shawn, que estava ao lado direito da mais nova, parecia proferir palavras silenciosas pedindo quase que mentalmente para que a garota caísse em uma de suas propriedades e ele pudesse ganhar mais um pouco de dinheiro. Uma pena que as cédulas não fossem de verdade, ele bem que gostaria de arrancar uma grana de Kendall, mesmo que Selena fizesse-o devolver depois.

 — A avenida central é minha, você me deve duzentos! — Hailee disse enquanto ria assim que viu o pequeno objeto mover-se até a sua propriedade.

Acaso PrometidoOnde histórias criam vida. Descubra agora