Cafuné e toque aveludado.

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PREPAREM O CORAÇÃO!

Os olhos castanhos acompanhavam uma gota solitária escorrer no vidro da janela pelo lado de fora, a garoa trazia consigo um vento mediano, mas que era suficiente para fazer os galhos das árvores ao redor da grande casa chacoalharem um pouco. As almofadas postadas sobre o estofado da janela de sacada estavam intactas em seus lugares, enquanto a morena permanecia com os braços cruzados em frente a mesma, torcendo mentalmente para que aquilo não passasse de uma chuva fraca.

— Eu desliguei as luzes do andar de baixo. — Ouviu a voz da latina atrás de si e virou-se para ver a mesma encostada no batente da porta de seu quarto. — Precisa de algo?

Ambas notaram que seus moletons combinavam — os mesmos que ganharam de Keana — e um rubor leve foi desenhado nas bochechas das garotas. Depois de um longo dia na floresta desfrutando das águas refrescantes do riacho, o fim de noite estava presente. 

— Acho que... — Hailee estava prestes a negar, mas lembrou-se da garoa que caia do lado de fora. Olhou de soslaio por cima dos ombros e notou algumas folhas soltando-se dos galhos. — Na verdade, será que poderia ficar aqui hoje? — A pergunta saiu de forma sincera.

Camila pendeu a cabeça um pouco para o lado e observou a chuva caindo atrás da morena e logo entendeu o motivo, os lábios formaram uma linha fina, quase como um sorriso compreensivo e assentiu. Ela queria estar ali, mas não apenas porque a outra precisava, e sim porque simplesmente queria. Mesmo que não entendesse exatamente o porquê ou se negasse a tentar entender.

A latina adentrou ao cômodo em passos lentos e com as duas mãos dentro do bolso do moletom caminhou até sentar sobre a cama macia. Um sorriso sincero moldou os lábios de Hailee, em um agradecimento silencioso por Camila não a deixar sozinha naquela noite.

— O que quer fazer? — A latina indagou. — Tenho certeza que o seu programa favorito não é encarar essa janela. — Riu nasalmente.

Definitivamente não. Hailee pensou.

— Podemos ver um filme qualquer. — Hailee apontou para a televisão na parede em frente à sua cama. — Costumo dormir tarde e ela tem sido a minha distração esses dias. — Prosseguiu.

A morena caminhou até a mala posta sobre a sua cama e tratou de colocar algumas camisas que tinha espalhado sobre a mesma dentro do objeto, possuía a mania de não desfazer completamente a mala em suas viagens.

— Insônia?

Hailee sorriu envergonhada e negou com a cabeça enquanto fechava a mala com um pouco de dificuldade.

— É um pouco constrangedor explicar... — O olhar da morena encontrou o da outra, ela parecia estar curiosa. — Sempre que chove, a Keana corre para a minha casa porque sabe que eu não durmo muito bem, então ela me faz cafuné para que eu adormeça mais rápido. — Hailee deixou sair.

Sentia falta da melhor amiga.

— Ah... — Fora tudo o que saiu dos lábios carnudos.

Um breve silêncio instalou-se e a morena pode sentir suas bochechas esquentarem novamente, envergonhada ela tratou de fingir que nada aconteceu e calmamente guardou a sua mala embaixo da cama para em seguida, apagar as luzes e ligar a televisão — sem esquecer de programá-la para desligar sozinha. Antes de deitar, notou que a latina parecia querer falar algo, mas a sua boca fechava, abria e nenhum som dela saia.

— Você está bem? — O tom de voz da morena era preocupado. Estava sentada sobre a cama e os dedos agarravam o edredom.

— E-eu posso... — Camila praguejava-se mentalmente por não conseguir falar e ainda mais por aquela ideia ter passado em sua mente. — Posso...

Acaso PrometidoOnde histórias criam vida. Descubra agora