Trauma e conforto.

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Hailee se agarrava a Camila como se ela fosse seu farol particular, a luz que iria lhe guiar naquela noite de chuva intensa e trovões tão altos que a faziam tremer nos braços da garota de cabelos negros.

Camila tinha uma das mãos na costa da menina e a abraçava mais forte sempre que a sentia estremecer, a outra mão fazia um carinho singelo no cabelo dela, era a primeira vez que tinham um contato íntimo como aquele, sem brigas, sem indiretas, era apenas Camila ajudando alguém em um momento difícil, ainda sim, era estranho.

Estava tão acostumada a trocar insultos com Hailee que ter a menina ali tão frágil no seu abraço era totalmente inusitado, ela soluçava com a cabeça deitada em seu peito, as lágrimas pareciam não ter fim, o barulho do vento na janela do quarto faziam a menina se encolher ainda mais quase ao ponto de virar uma pequena bola humana no colo de Camila.

Vê-la daquela forma a fazia sentir falta da Hailee irritante, queria que ela parasse de chorar e arrumasse qualquer motivo para implicar consigo, mas enquanto este não vinha continuava a fazer carinho no cabelo dela, esquecendo que os seus estavam ensopados da chuva que tomou no caminho, da blusa também molhada e do frio que sentia. Hailee não sabia, mas seu corpo também a esquentava.

O silêncio no ambiente não era incomodo, apenas alguns ruídos eram ouvidos pelas duas garotas sentadas sobre a cama. A tempestade do lado de fora ainda era forte e muito possivelmente havia acabado com o luau do outro lado do lago. Os ventos fazem com que alguns galhos de árvores próximas batessem em um ritmo repetitivo no vidro da janela. Aquele clima poderia ser o ideal para muitas pessoas que gostavam de sentir a sensação fria o cheiro de terra molhada. Todavia, a morena apenas queria que aquilo acabasse o mais urgente possível. Hailee ponderou alguns segundos com as mãos trêmulas agarrando a camisa da latina, mas ao ouvir o vento soprar mais forte ao lado de fora fazendo os barulhos no vidro da janela voltassem a acontecer, ela agarrou ainda mais o tecido como se dependesse daquele ato. Hailee não havia notado até aquele momento, mas as roupas de Camila estavam molhadas. Não ensopadas, mas, ainda assim, suficiente para que pudesse causar um desconforto em usar.

Fechou os olhos com força, o medo cedendo um pouco de espaço para a vergonha, mas não se afastou de Camila, a pele fria da garota era confortável e não queria ter que olhar as orbes negras e assumir em voz alta seus medos já escancarados. Contudo, uma batalha interna começava a se iniciar no seu peito, ficar ali quieta e deixar Camila a proteger do mundo lá fora ou a encarar e evitar que a menina pegasse um resfriado por sua causa.

Preferiu a segunda opção mesmo que isso significasse uma exposição inevitável, se afastou um pouco de Camila o suficiente para que pudesse olhar em seus olhos e se perder neles, negros como uma noite sem estrelas, manteve as mãos na barra da camisa da garota e por alguns instantes esqueceu o que falaria.

— Camila. — O tom em sua voz era quase inaudível. Quase. Mas Camila havia escutado o chamado em forma de um sussurro.

Os olhos negros procuravam algo de errado na expressão da morena, além das lágrimas marcadas em seu rosto e de o olhar cansado. Camila queria certificar-se de que ela estava bem.

A latina respondeu com um leve aceno de cabeça, em um pedido silencioso para que a mais alta prosseguisse.

— V-você está molhada. — Hailee praquejou-se mentalmente por ter gaguejado. Ela não sabia se era parte do medo que ainda sentia ou por estranhar estar tão próxima a Camila.

— Desculpe. — Camila imaginou que havia molhado a garota com as suas roupas e se afastou alguns centímetros para retirar o casaco que era a peça mais fácil naquele momento. — Eu molhei você? — Indagou com um tom preocupado.

Acaso PrometidoOnde histórias criam vida. Descubra agora