15:00.
O dia está nublado e o vento bagunça meu cabelo enquanto estou em pé, observando as borboletas da pracinha. Eu estava cansado de chorar copiosamente então resolvi tomar um banho e vir até aqui, observar as crianças com suas vidas divertidas e sem nenhum problema.
O vento está gelado e eu respiro fundo, sentindo o ar preencher meus pulmões. Eu não sei se realmente tenho coragem de ir atrás dele.
Caminho pela calçada lotada de quadradinhos verdes e brancos, eles conseguem prender minha atenção sem o mínimo esforço.
-Ah, me desculpe! -alguém diz ao esbarrar em mim e eu olho para trás.
-Sem problemas. -falo franzindo as sobrancelhas, eu conheço esse garoto de algum lugar e tenho a impressão que ele também sabe quem eu sou.
-Espera, você é aquele cara da balada, não é?- ele pergunta e eu assinto.
-É, sou eu. - falo e ele dá um sorrisinho, estendendo a mão para me cumprimentar.
-Eu sou Juyeon, você é...?- ele olha em meus olhos, com suor escorrendo pelo seu pescoço e molhando a gola de seu moletom.
-San. - falo apertando sua mão de volta com um sorriso simpático.
-San? É um nome bonito. -ele diz sorrindo e então seus olhos encontram os meus- É um nome bonito para uma pessoa bonita. -ele diz com um sorriso tímido, ainda me encarando.
-Obrigada, eu acho. -falo um pouco envergonhado, soltando sua mão.
-Você não quer sei lá, tomar um café? -ele pergunta meio sem jeito, olhando em volta e eu me lembro da cena na balada.
Seus lábios nos meus, seu cheiro de cigarro, seu perfume, suas mãos fodidamente habilidosas em tocar meu corpo de uma maneira excitante.
-Sem beijos, claro. A não ser que você queira. -ele diz um pouco envergonhado e eu o olho surpreso.
-Por mim tudo bem, mas não tem nada aberto hoje. -falo com um dar de ombros, mordendo o lábio para evitar um sorrisinho.
-Pode ser na minha casa? -ele sugere e eu estreito os olhos- Não se preocupe, eu moro com minha irmã e meus pais, então não vamos ficar sozinhos.
-Certo. -falo e ele sorri.
-Ótimo. -ele diz e eu o acompanho, tentando descobrir um pouco mais sobre ele.
•••
A casa dele é bem diferente do que pensei que seria.
Eu esperava quadros de bandas de rock e cores fortes, até pessoas usando drogas. Mas a casa dele é perfeitamente arrumada, com cheiro de produto recém passado no chão, uma decoração com cores pastéis e quadros com algumas pinturas que causariam horas de reflexões.
- Caralho. -falo baixinho, andando atrás dele até a cozinha.
-Você esperava drogas e uma multidão de pessoas e mulheres seminuas, não é? -ele diz sem parecer muito ofendido e eu balanço a cabeça - Você gosta de café sem ou com açúcar?
-Meio termo. -falo e ele vira a cabeça para me olhar enquanto coloca a água para ferver.
-Você quem prepara o seu café?- ele pergunta andando pela cozinha e eu balanço a cabeça.
-Não, eu não sei fazer café.
-Você não cozinha? -ele pergunta um pouco surpreso e eu nego.
-Não, meu namorado quem... fazia isso.-falo com a voz baixa e ele me olha.
-Você namora?
-Namorava. -falo fingindo um tom de indiferença e ele balança a cabeça.
-O que você tem comido nós últimos dias, então?- ele pergunta e eu o olho.
Suas mãos puxam a barra da blusa para cima e ele a tira, expondo o peitoral definido. Olho para qualquer lugar que não seja ele, sentindo minhas bochechas esquentarem.
-Macarrão instantâneo. -respondo e ele franze as sobrancelhas.
-Como você ainda está vivo? -ele dá uma risadinha e eu dou de ombros.
-Eu também não sei. - respondo me sentando na cadeira, observando ele terminar de preparar o café e o colocar em uma xícara.
-Aqui. -ele diz se sentando de frente para mim, me entregando uma das xícaras.
-Obrigado. -falo soprando o café, sentindo seus olhos em mim.
-Esse silêncio é constrangedor. -ele diz se sentando de forma mais preguiçosa na cadeira e eu olho para ele, sentindo meu estômago gelar.
-Me conta mais sobre você e o que gosta de fazer, então. -falo e ele se ajeita na cadeira me olhando com um sorrisinho animado.
-Eu não sei o que falar sobre mim, o que você quer saber? -ele pergunta e eu dou de ombros.
-Me conte sobre sua irmã.
-Ela não é minha irmã de sangue, ela é adotada. -ele diz com um sorrisinho- Minha mãe adotou ela há três anos e não poderia ter feito escolha melhor. Ela tem cinco anos, mas é a pessoa mais incrível que eu conheço. -ele diz com os olhos brilhando e um sorriso orgulhoso me fazendo sorrir também.
-Qual o nome dela?- pergunto escutando alguns passos na escada.
-Yerin.
-Juyeonie.. -escuto uma voz doce chamar ele atrás de mim e olho para trás, vendo uma criança com os cabelos pretos todo bagunçado.
-Oi, princesa- ele diz sorrindo para ela e ela sorri de volta, coçando os olhos enquanto caminha até ele.
Ele a coloca sentada na cadeira ao seu lado e ela deita a cabeça na mesa o encarando, seus olhos são escuros como o cabelo dela e ela parece ter acabado de acordar.
-Aonde você foi? -ela pergunta levantando a cabeça apoiando o queixo na mão.
-Eu estava correndo. -ele diz calmo, acariciando os cabelos escuros.
-Quem é ele? -ela pergunta olhando para mim e eu dou um sorrisinho.
-É um amigo. -ele responde e ela olha para ele com os olhos estreitos e então olha para mim de novo.
-Qual o nome dele?
-San. -ele diz segurando o riso e eu engulo em seco.
-Entendi. -ela diz e em seguida desce da cadeira, voltando para o quarto sem dizer mais nada.
-Acho que eu tenho que ir. -falo bebendo o resto do café e Juyeon me olha.
-Agora? -ele pergunta se levantando- Posso te passar o meu número? É que... eu realmente queria manter contato com você, se não for te incomodar -ele diz com as bochechas vermelhas e eu sorrio.
-Claro. -falo e entregando meu celular para ele, engolindo em seco- Te vejo por aí? -pergunto.
-Claro, até mais. -ele diz deixando um beijinho em minha testa.
Caminho pela calçada de volta a minha casa, sentindo meu coração um pouco acelerado.
Olho para trás e ele ainda está olhando, aceno para ele com um sorriso que não sai do meu rosto e ele devolve da mesma forma até nos perdermos de vista. O que deu em mim?
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Are We Still Us? [woosan] • EM REVISÃO •
أدب الهواةSan todos os dias escreve em seu bloco de notas o quão triste se sente pela falta de Wooyoung e o quão arrependido ele está por ter o deixado partir sem dizer ao menos uma única palavra que o confortasse. Mas então um dia triste e monótono como qua...
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