🍂116. The letter🍂

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22:30.

-Finalmente em casa!-suspiro quando Wooyoung fecha a porta e estendo a mão para ele.

Ele deixa a mochila ao lado da porta junto com os sapatos e então segura minha mão, o puxo até seu corpo estar colado no meu e abraço sua cintura enquanto uma de minhas mãos acariciam seu cabelo.

Com a cabeça deitada em meu ombro ele suspira também, seus dedos fazem um carinho gostoso em minhas costas e eu inalo o cheiro gostoso do seu cabelo. O que é "estar em casa?" em um sentido literal? Porque as vezes falamos que determinado local é nossa casa mas anos depois nos mudamos dali e aquele lugarzinho aconchegante deixa de ser sua casa.

O mesmo serve para pessoas, nos empolgamos dizendo que aquela pessoa é nosso 'lar' e nossa 'casa' mas um tempo depois ela vai embora, deixa de ser seu ponto de conforto e muitas vezes te deixa para trás com lágrimas nos olhos e com o coração partido... Então, o que é estar em casa?

-Está queimando seus neurônios outra vez?-Wooyoung pergunta me olhando e eu dou um sorrisinho.

-É, estou. -falo deixando um beijo na bochecha dele, seus olhos escaneiam meu rosto e ele suspira.

-Recita algo pra mim?-ele pede e eu franzo as sobrancelhas.

-Agora?-ele assente e deita a cabeça em meu peito outra vez e eu busco em minha mente algo que eu lembre para dizer.

Com um suspiro e um beijo em seus cabelos eu respiro fundo e falo calmante as palavras profundas que li em algum livro da trilogia de Textos cruéis demais para serem lidos rapidamente.

-"Poderiam nos transportar pra um território em conflito no mesmo instante dos seus braços tocando minha costela e abraçando a minha desesperança que mesmo assim eu continuaria estagnado na sua clavícula, na parte sua que ninguém mais tem." -seus olhos escuros voltam a me encarar e ele sorri pequeno.

-Ah. -é só o que ele diz antes de deixar um beijo delicado em meu pescoço.

-O que foi? Você não gostou?-pergunto quando ele se afasta de mim e esfrega as mãos.

-Não é isso amor, eu só não sei o que dizer. -ele fala encarando o chão e então seus olhos voltam para mim, um brilho apaixonado domina eles.

-Hum.

-Eu vou tomar um banho. -ele diz e eu balanço a cabeça, vendo ele andar até o quarto.

-Eu morreria por você. -sussurro para mim mesmo quando ele me olha da porta do quarto e ele para por uns segundos.

Sei que ele ouviu pelo jeito como seu rosto se contorceu e ele fez uma careta confusa e depois abriu a boca e não disse nada, sei também que ele deve estar queimando os neurônios como ele mesmo diz agora mesmo. Mas o que eu disse é verdade, pode ser assustador e até mesmo exagerado para alguns mas eu morreria pelo cara que está tomando banho com o meu sabonete agora.

Passo a mão pelo cabelo e me sento no sofá, pego meu caderno e abro em uma folha em branco. Faz tempo que eu não escrevo nada. Uma idéia surge e eu começo a escrever.

A caneta desliza pelo papel com delicadeza, fazendo um barulho relaxante enquanto marca meus sentimentos intensos demais para serem ditos. Cada batida descompensada do meu coração, cada "eu te amo" dito silenciosamente, cada noite mal dormida, tudo colocado em uma folha de papel.

-Do seu San. -falo sozinho quando termino de escrever e dobro o papel, caminho até o quarto e o coloco em cima da roupa de Wooyoung.

Volto para a sala e pego um casaco e calço meus sapatos antes de sair para caminhar. Meu coração bate tão errado e tão rápido que parece que vou morrer a qualquer momento, as luzes da cidade prendem minha atenção enquanto caminho sem rumo.

Are We Still Us? [woosan] • EM REVISÃO •Onde histórias criam vida. Descubra agora