86. Songs are able to cure a sad soul

212 35 2
                                        

16:34.

San está na cozinha lavando a louça enquanto canta Smells Like Teen Spirit, ele parece estar bastante animado enquanto pula e finge tocar uma guitarra invisível.

É uma sensação estranha, porém boa, vê-lo assim tão feliz mesmo com tudo desabando ao redor dele.

Me sento no sofá e fico o observando da sala, eu não poderia estar em um lugar melhor do que aqui, mesmo que a situação seja um pouco complicada é bom estar com ele.

É bom saber que temos sentimentos recíprocos, que estamos dispostos a tentar de novo.

Ele se vira para mim e seus olhos encontram os meus enquanto um sorrisinho envergonhado toma conta de seus lábios, e eu sorrio de volta.

—Eu amo você. —sussurro e ele sorri, se virando para limpar o sabão das mãos.

A chuva insiste em cair lá fora e o vento gelado que entra pela porta da sacada chega em meus pulmões, acalmando um pouco meu coração.

—Faz muito tempo que você está aqui? —San pergunta se sentando no sofá e eu nego, olhando para si.

Fodidamente lindo com uma calça de moletom e sem camisa, mesmo no frio.

—Você está com calor? —pergunto abraçando as pernas contra o peito e ele nega —Então por que você está sem camisa? —pergunto e ele ri, dando de ombros.

—É costume, é muito raro eu ficar completamente vestido quando estou em casa afinal, eu estou em casa. —ele diz e eu franzo as sobrancelhas e volto a encarar a vista da sacada.

Eu deveria ir ver minha mãe hoje a noite, talvez jantar com ela e quem sabe até dormir em casa mas eu não quero deixar San sozinho, não quero que ele pense que eu não quero ficar com ele.

—Você está bem? —ele pergunta se deitando no sofá e eu assinto— Então olha para mim. —eu olho e ele estreita os olhos, me encarando como se pudesse ler minha alma.

—Estou com saudades da minha mãe. —confesso e ele aperta a boca em uma linha reta, franzindo as sobrancelhas.

—E porque você não vai ver ela? —ele pergunta e eu encaro seus olhos escuros como a noite.

—Eu não quero deixar você sozinho aqui. —minha voz sai um pouco rouca e ele fica em silêncio por um tempo.

—Eu vou com você se esse for o problema, eu não tenho nada para fazer mesmo. —ele diz e seus olhos encontram os meus, causando as malditas borboletas no estômago.

—Sério? —pergunto me animando e ele da uma risadinha, assentindo.

—Sim, até porque ela é minha sogra. —ele murmura e continua a olhar para mim.

—É. —falo sem corrigir o que ele disse, minha garganta não quer corrigir e dizer: "ex sogra".

—Você vai avisar ela ou vai de surpresa? —ele pergunta e eu pego meu celular para avisá-la.

—É melhor avisar. —falo animado ao ver a resposta e olho para San— Ela disse que eu posso levar você, as oito. —mordo o lábio inferior e ele olha para o relógio na parede.

—Ótimo, ainda temos algumas horas. —ele diz com um tom sugestivo na voz e um sorrisinho cresce no canto de seus lábios.

—San... —falo sentindo minhas bochechas quentes e ele ri.

—Eu não disse nada, só falei que temos algumas horas até lá. —ele diz levantando as mãos e eu estreito os olhos, o encarando por alguns segundos antes de olhar para o tempo chuvoso lá fora.

—Você parece melhor do que ontem, recebeu alguma notícia boa?- pergunto olhando para ele de novo e ele nega.

—Não, eu só escutei algumas músicas e limpei a casa. Fiz uma seção de terapia sem psicóloga. —ele diz se sentando e eu balanço a cabeça —As vezes tudo o que a gente precisa é ouvir um pouco de música e deixar nossas emoções se libertarem, não é bom esconder tudo o que sentimos. —ele diz e eu deito a cabeça em meus joelhos, ainda olhando para si.

—Fico feliz que você esteja se sentindo pelo menos um pouco melhor. —falo.

—É. —ele diz olhando para minha boca e depois meus olhos— Por que você sempre se senta tão longe de mim? —ele pergunta parecendo frustado e eu dou de ombros.

—Você quer que eu me sente perto de você? —pergunto como se não soubesse a resposta e ele se senta na ponta do sofá, perto de mim.

—Quero. Se você se sentar longe de mim não dá para beijar você porque eu sempre vou ter que andar até onde você está. -ele diz encarando minha boca.

Me levanto do sofá e paro em sua frente, ele encosta as costas no sofá e reunindo toda a coragem que me resta eu coloco uma perna de cada lado de seu corpo e me sento em seu colo, encarnado seus olhos, sentindo meu coração bater a mil dentro do peito.

—Melhor assim? —pergunto com a voz um pouco rouca e ele não diz nada.

Suas mãos seguram meu rosto e me puxam até meus lábios se encostarem nos dele, iniciando um beijo calmo e intenso.

Sua língua toca a minha e isso faz meu corpo todo se arrepiar, sua mão em meu rosto e a outra apertando minha cintura fazem meu coração bater ainda mais rápido.

Enfio meus dedos em seu cabelo e puxo devagar, segurando o impulso de mexer o quadril. Ele sobe a mão pela minha cintura intensificando ainda mais o beijo, fazendo as borboletas entrarem em colisão de tão agitadas que estão.

Ele interrompe o beijo pela falta de ar e encosta a testa na curvatura do meu pescoço, respirando fundo. Ele ainda vai me deixar louco.

—Caralho. —ele sussurra e acaricia minha bochecha— Eu posso fazer isso de novo? —ele pergunta e eu dou um sorrisinho.

—"Isso" o quê? —pergunto e ele me beija outra vez.

E assim ficamos pelo resto da tarde, entre beijos e mais beijos mas infelizmente, nada mais além disso.

Are We Still Us? [woosan] • EM REVISÃO •Onde histórias criam vida. Descubra agora