Meus batimentos dispararam assim que me vi caído na grama do outro lado da rua. O carro em alta velocidade, passou buzinando e acabou acertando a bola que, por acaso, caiu na hora exata da sua passagem. Um Spencer Gale me olhava sem reação, ainda processando o que acabara de acontecer. Eu não sabia o que fazer, se saía correndo ou oferecia ajuda. Simplesmente deixei meus instintos no comando.
Levantei um tanto ofegante e ofereci a mão para o garoto ainda no chão. Ele olhou para mim como se eu tivesse feito algo muito errado, achei até que ele fosse me xingar, mas depois de hesitar por alguns instantes, aceitou a ajuda sem pronunciar uma palavra. Com o cenho franzido me deu as costas e seguiu para a estrada.
- Eu sei me cuidar sozinho - um Gale um tanto confuso me gritou enquanto se dirigia à bola atropelada.
Eu não quis retrucar. Sei que tinha feito tudo por impulso, mas faria de novo se fosse necessário. Olhando pelo lado bom, não virei saco de pancada, nem fui alvo de uma agressão verbal e isso já era um grande marco entre Gale e Sánchez.
- O que foi isso? - um Gabriel totalmente pasmo me questionou assim que voltei para perto deles.
- De verdade, eu também não sei - confessei flexionando os ombros.
- Isso se chama Altruísmo - ele disse convicto.
- Que? - nós três falamos em conjunto.
- O Sánchez aqui, não consegue deixar de pensar no próximo. A natureza dele coloca o bem dos outros muitas vezes a cima do seu próprio bem, mesmo que seja alguém como o Gale - o loiro citou com um tom de voz firme.
- Ai que fofo - o Phil debochou enquanto eu revirava os olhos.
- Que bom que temos alguém autista no grupo - o Tristan jogou e a gente caiu na risada.
- É "AL-TRU-ÍS-TA" seu imbecil - o Gabe deu um tapinha em sua nuca.
Depois que nos recuperamos da crise de riso, resolvemos voltar para perto dos outros alunos. No início da tarde, teríamos uma breve palestra sobre a instituição - nota-se que ninguém estava muito animado para tal fato - e em seguida, terminaríamos de ver o resto dos cursos.
O clima entre mim e o Gale mudou de alguma forma, ele não parava de me olhar e, sempre que eu retribuía, ele desviava. Não tinha entendido ao certo se ele tinha ficado bravo ou se queria agradecer de alguma forma. Sei que para o Spencer Gale agradecer, algo muito fora da realidade tinha que acontecer.
Enfim chegamos ao prédio voltado à prática esportiva. Por incrível que pareça, justo naquela tarde estavam fazendo uma pequena disputa de revezamentos. Com o consentimento da turma e dos professores, fomos autorizados a assistir ao torneio. Alguns colégios tinham vindo de fora para competir ali, justamente por não terem acesso a outro lugar com uma piscina olímpica.
E, devo admitir, aquela era enorme. Muito maior do que a da nossa escola, fiquei me coçando do banco pra não interromper o campeonato e me jogar de roupa na imensidão azul.
- Eu aposto que o Sánchez nada muito melhor do que esses caras - o Gabe me tirou do meio das minhas ideias malucas.
- Acho que eles só não estão muito acostumados à essas piscinas. O professor comentou que eles vieram de cidades pequenas só pra fazer esses revezamentos.
- Mas, então a faculdade só cede o espaço? Não tem nada a ver com os acadêmicos? - o Phil perguntou.
- Eu acredito que não. Os participantes parecem ter a nossa idade. E se olharem bem, cada grupinho tem o símbolo da própria escola.
- Acho que tinha alguma coisa no seu café! Salvando pessoas, observando detalhes - o loiro cutucou os outros.
- Eu só me interesso demais nessas competições, ou vocês esqueceram que estão na presença do capitão do time de natação da Donnavan? - eu semicerrei os olhos e olhei para os garotos com confiança.
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Mexicano
Teen FictionThomáz Sánchez, um quase formado estudante de ensino médio. O último ano promete festas, brigas, amores e, quem sabe, uma amizade improvável.