Mexicano

Scary

Eu tinha algumas opções.

1. Sair correndo;

2. Me fingir de morto;

3. Fingir que era uma outra Corrine;

4. Ou simplesmente contar tudo o que estava acontecendo de verdade.

Na real, nem tive muito tempo para pensar sobre minhas escolhas. O Gale mantinha um sorriso no rosto e eu não sabia se era um bom sinal, ou um sinal de "fuja enquanto há tempo".

- Você não vai falar nada? - perguntei assim que ele me alcançou o objeto.

- Sánchez, eu não sou tão tapado assim - aliviei um pouco depois da resposta.

- Desde quando você sabe?

- Já faz um tempo. Uma vez o Johann me contou que viu vocês no cinema, mas eu não levei muito a sério. Mas aí, comecei a reparar em vocês e percebi que não sabem ser discretos na troca de olhares, nem em auditórios.

- Você viu! - lembrei da cena no auditório quando a Corrine estava sentada ao meu lado.

- Na festa de Halloween também. Eu não tinha certeza quando vi vocês no armário, mas depois que você se juntou aos garotos caiu a ficha.

- Ai mds. Você nos viu no armário! - meu rosto esquentou e provavelmente tinha corado um bocado.

- Relaxa Sánchez! Eu só estava esperando você me contar algum dia, mas já que agora você sabe que eu sei, dou meu apoio total.

- Você tá falando sério? - fiquei sem reação por alguns instantes.

- Na verdade o perigo mesmo é passar pelo nosso pai - ele simplesmente ignorou minha última pergunta.

- Ok. Um passo de cada vez. Vou pensar numa maneira de fazer isso. O quanto antes por sinal - nem dava pra acreditar que isso realmente pudesse acontecer.

- Posso te ajudar com isso, conheço as fraquezas do meu velho.

- Serei eternamente grato!

- Esse fato histórico realmente aconteceu dentro da minha casa? - o Peter fingiu emoção.

- Pelo jeito foi sim. Já pode transformar sua casa em um museu, com uma seção dedicada a esse dia "o dia em que o Gale deu a benção fraternal para o Thomáz" - o Tristan entrou na brincadeira articulando como se a frase fosse um letreiro.

- Tá gente, já podemos voltar pro jogo? - eu chamei atenção dos garotos.

- Você não vai responder minha irmã? - o Gale franziu o cenho.

- Depois a gente conversa - tentei parecer indiferente.

- Para de ser maçante - ele tomou o celular da minha mão - Vem cá - nem tive tempo de responder, o braço em volta do meu pescoço me fez sentar ao seu lado no sofá

O Gale bateu uma foto nossa e devo dizer que não estava preparado para aquilo. Saí um tanto assustado na selfie, mas ele enviou mesmo assim. Claro que tivemos que explicar o porquê da foto repentina e por um lado, gostei muito do fato de não ter mais que me preocupar em esconder o romance do Spencer.

A conversa entre os irmãos sobre mim aconteceu bem ali na minha frente, pelo meu celular. Ele me garantiu de que se eu fizesse qualquer burrice, seria considerado um cara morto. Enfim, depois das advertências tivemos uma conversa tranquila. Os garotos se juntaram a nós na seção fotos e esquecemos até do vídeo game.

Quando recuperei meu celular, segui conversando com a Corrine. Ela ainda estava atônita com o fato do Gale apoiar a gente. Realmente parecia algo fora da realidade, mas conhecendo o verdadeiro garoto por trás das brigas, nem parecia uma coisa tão incomum assim.