- Eu enxerguei direito ou meu cérebro está imaginando coisas? - virei ligeiramente para a Corrine assim que li o nome do Spencer no telão.
- Você não está imaginando coisas Thomáz. Depois que ele descobriu toda a verdade e a confusão já não podia mais ser desfeita, a culpa pesou. Aí veio a brilhante ideia de te substituir, já que era algo extremamente importante pra você.
- Como se a carta simplesmente não fosse suficiente - lembrei da surpresa de alguns dias atrás.
- Eu nunca vi o Spencer tentando consertar o erro dessa maneira - ela olhou o irmão ao longe.
- Eu sei que sou especial - debochei jogando um charme.
- É, eu sei - seu sorriso me contagiou - Essa coisa que você tem de olhar pra essência das pessoas e não só pro exterior faz todo mundo te querer por perto.
Sorri sincero para ela e nossos dedos se entrelaçaram. Fiquei muito contente em saber do que o Gale estava fazendo por mim, eu sabia que ele daria tudo de si para ajudar a equipe e isso me aliviava.
O torneio iniciou e eu pude perceber o quanto a plateia era barulhenta ali de cima. No meio de todos aqueles apitos e gritos mal dava pra se escutar direito. Eu permaneci com a mesma animação dos meus companheiros, porém me segurando pra não descer as arquibancadas direto para a água.
Acompanhei eufórico as equipes que competiam pelo terceiro lugar e para minha felicidade os Warriors venceram da Connor, o que os deixou sem premiação. Vibrei com a derrota dos nossos inimigos e preparei o coração para o revezamento que viria a seguir.
A maioria do pessoal, incluindo a gente, acompanhava a disputa em pé. Eu nem percebi quando alguém inesperadamente passou apressado pela nossa fileira e trombou em mim como se eu fosse um alvo. Levei a mão ao ombro que gritou com a colisão e virei rapidamente para ver o doido varrido que tinha me atropelado.
- Desculpa! Te machuquei? - fiquei inerte ao reconhecer os olhos por debaixo dos óculos.
- Johann! Quem foi que te deixou passar? - a Corrine não foi discreta.
- A competição é aberta ao público meu bem! - tentei processar o que estava acontecendo enquanto massageava minha lesão.
- Não deveriam deixar você nem pisar mais nesse colégio! - a garota soltou rispidamente.
- Perdeu a língua Thomáz? - ele me encarou depois de ignorá-la.
- Não, só estou poupando minha saliva - franzi o cenho ao devolver o olhar.
- Sabe que eu não queria te ver machucado né? - ele provocou deslizando o dedo pela tira da minha tipoia.
- Seus joguinhos foram longe demais Johann - o Gabe percebeu o alvoroço e se juntou à conversa.
- Foi o Sánchez que complicou tudo! Eu dei a ele o poder da escolha, era só ter deixado essa loirinha aqui - sua mão deslizou por uma mexa caída em seu rosto.
- Fica bem longe dela! - puxei a garota para trás de mim.
- Aposto que você queria estar lá naquela piscina, ou estou errado? - ele desviou o olhar com um sorriso cínico.
- Sabia que existem coisas mais importantes do que uma simples competição? - tentei parecer indiferente mesmo com meu sangue fervendo.
- Ah, mas um futuro brilhante não é tão substituível assim - seu riso foi ousado - Acho que uma prova física exige dois braços completamente saudáveis não?
Eu ri abertamente daquela pergunta retórica deixando um grande ponto de interrogação em suas feições. Seu jogo era me provocar com o assunto dos bombeiros, mas eu tinha quase certeza de que ele não havia sido informado da surpresa que o Gale me deu.
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Mexicano
Teen FictionThomáz Sánchez, um quase formado estudante de ensino médio. O último ano promete festas, brigas, amores e, quem sabe, uma amizade improvável.