Mexicano

Corrine Gale

...

- Sánchez?

Eu percebi seu apelo pela terceira vez. Não faço a mínima ideia do que ele estava falando, porque estava contando do meu passado trágico pra vocês.

- Sim professor?

- Eu te fiz uma pergunta.

- Eu acabei me dispersando um pouquinho, desculpe. Mas poderia repetir?

- Oi eu sou o Sr. Johnson, leciono história na escola Donnavan que fica em Missouri na terra, estávamos falando sobre a vida fora da escola Sánchez, já sabe se vai querer ficar na terra depois disso?

A turma riu com o deboche. E sim, todos já estavam meio acostumados comigo, eu viajava bastante durante as aulas. Gostava bastante dele, ele era engraçado e aquele tipo de pessoa que podia conversar quando algo estivesse errado. Mas, voltando ao assunto, percebi que ele falava sobre a faculdade, ou o que eu iria fazer depois da formatura.

- Ainda tenho minhas dúvidas, mas meu plano é entrar pro corpo de bombeiros.

- E morrer queimado - o Spencer não podia perder a deixa.

- Gale por favor!

- Tudo bem professor, quando ele gritar por socorro em um incêndio vou fingir que não ouvi - falei virando pra trás e o encarando.

- Cala boca!

- Meninos já chega! Se querem atrapalhar minha aula vou mandá-los pra fora!

Eu virei de volta para frente e fiquei quieto. Bom, vocês devem estar se perguntando se meu desejo por virar bombeiro tinha algum motivo. Talvez tenha. Eu queria ajudar pessoas em perigo e poder devolver pais a filhos em segurança, ou apenas salvar vidas que sempre são importantes pra alguém.

Talvez isso tenha vindo desde berço, mas depois do acidente, essa chama aumentou. Eu admirava o trabalho destes profissionais e, se tudo desse certo, queria seguir esse rumo. Sei que existem muitas outras profissões mais específicas para isso, mas é difícil discutir com uma paixão.

O sinal anunciava a hora do intervalo e era praticamente como as grandes caçadas. Tinha gente voando pelos corredores pra pegar os melhores pratos, ou empurrando uns aos outros pra sentar nas mesas mais populares. E sim, eu tinha minha própria matilha: o pessoal neutro. Éramos a maioria, mas é claro, que eu tinha um círculo de amigos mais próximos:

Além do Gabriel, tinha outros três garotos, o Phil, o Tristan e o Peter, que se juntaram à nós nas primeiras semanas do 1° ano. E se tratando de relacionamentos amorosos meu coração já era ocupado por uma garota: Corrine Gale - e sim, a própria irmã do Spencer. Bom, lá vai outra história.

Flashback on

No início do meu segundo ano, percebi uma garota nova na aula eletiva - a qual reunia 1°, 2° e 3° ano. Por sorte o Spencer não gostava de latim. Como ela era do 1° ano, só nos encontrávamos nas aulas de terça. Passamos umas 2 semanas trocando olhares até que ela me seguiu no TT. Aí eu descobri suas outras redes sociais, e seu parentesco com o rei da selva.

Comecei a tomar mais cuidado pra não ficar a olhando na hora do intervalo, ou quando o Spencer estava por perto. Acabou que minha querida irmã pegou meu celular em um momento de distração e mandou uma mensagem pra ela. Não a culpo, na verdade sou grato à ela até hoje, porque eu não teria tomado iniciativa.

Começamos a conversar muito depois daquela mensagem e, sempre que dava, trocávamos algumas palavras na escola entre troca de períodos ou nas aulas de terça. E enfim chegou o grande dia da festa de boas vindas do latim. Sem Spencer e outros "espiões" que eu tinha que cuidar.