Acordei no segundo toque do alarme e, subitamente, me veio à mente a mensagem anônima. Balancei a cabeça tentando expulsar aquela nota e fui para debaixo do chuveiro. A água quente batendo em minhas costas me fez sossegar por alguns instantes, mas logo o pensamento voltou à tona. Procurei me focar em outras coisas e lembrei do pedido que o Alex faria mais tarde.
Eu estava deveras animado. Seria um dia importante para a Rose e queria que tudo saísse dentro do planejado. Quase não consegui conter minha euforia na hora do café, conversando mais do que normalmente faço. Ela até perguntou se eu estava bem e inventei que era algo relacionado à Corrine.
Por um lado era verdade, eu estava atônito pela nossa primeira semana oficial juntos. O recesso de natal estava próximo e eu esperava fazer um encontro de casais. Mas enfim, isso seria decidido mais pra frente. Terminei de me organizar e encontrei com o Gabe na calçada.
- E aí, qual a boa pra hoje? - ele deu início à nossa caminhada.
- Já sabe né. Quando eu sair pro mercado com a Rose vou deixar a chave no nosso esconderijo. O Alex só vai esperar meu ok para vir pra cá. Vocês têm em torno de 1h pra fazer tudo - contei olhando pra trás, checando se minha irmã não iria aparecer de repente.
- Os garotos de hoje em dia estão românticos demais - o loiro falou em deboche.
- Acho melhor você ir aprendendo, as garotas gostam - aconselhei-o.
- E a sua garota? Vai vir também? - ele pediu.
- Eu espero que sim. Acho que é bom termos uma visão feminina no caso - sorri com o fato.
- É, faz sentido.
Seguimos conversando o resto do caminho. Quando chegamos no colégio nos encontramos com o resto da turma e eu fui procurar pela Corrine. Encontrei-a próximo dos armários e fui até lá. Sorri assim que ela me olhou e nos abraçamos quando a distância acabou. Nossas bocas se encontraram e houve um selinho demorado.
- Não aguento mais você sem celular - disse ainda perto do seu rosto.
- Nem eu - ela sorriu revirando os olhos.
- Sabia que é difícil dormir sem seu boa noite? - encarei seus olhos verdes.
- Vai dizer que não viu meus sinais de fumaça?
- Ah, eram seus?
- Sim! Da próxima vez mando com uma assinatura embaixo - nós rimos.
- Eu acho melhor dizer isso pessoalmente - toquei seu nariz com o dedo.
- Eu também!
Sorrimos e nos beijamos novamente. Contei sobre o plano e ela pareceu mais animada do que eu. Combinamos de marcar o resto dos detalhes na hora e eu provavelmente teria que avisá-la pelo celular do Spencer. O sinal bateu e nos despedimos, indo cada um para sua sala.
Não consegui me focar muito nas aulas, o que era normal devo dizer. Mas, desta vez, tinha um motivo específico: me pegava pensando na mensagem a todo momento. Queria acreditar que era apenas um trote, mas algo me dizia que havia maldade por trás. Eu não iria largar a Corrine de maneira nenhuma depois de tudo o que passamos, então eu tinha menos de 72h pra ver o que aconteceria.
Pelo menos à tarde, a natação me fisgou para outro mundo. Treinamos em um ritmo mais pesado já que a competição seguinte seria a final. A última fase era pra ser na próxima terça, mas por algum motivo foi adiada para a segunda semana de dezembro. Nadar contra os Eagles me motivava cada dia mais.
Assim que saí do treino, fui para casa em um passo mais apertado. A Rose já tinha chegado e, seguindo o plano, chamei-a para o mercado. Dei a desculpa de que queria experimentar uma receita nova porque a Corrine iria jantar conosco, o que era parcialmente verdade. Avisei o pessoal quando saí de casa e tentei passar o máximo de tempo fora.
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Mexicano
Ficção AdolescenteThomáz Sánchez, um quase formado estudante de ensino médio. O último ano promete festas, brigas, amores e, quem sabe, uma amizade improvável.