Capítulo 4

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    Sra. Elinor Russell, um velha senhora pequenina, com seus cabelos grisalhos, pele enrugada e olhar profundo, dona de uma cafeteria à duas quadras do colégio, e avó de três netos, Ellie, Phillip e Anthony. É tudo que eu sei da mulher que agora se encontra em minha frente, estamos sentadas em uma das mesas do seu estabelecimento.

— Fico feliz que tenha aceitado trabalhar aqui — a senhora diz sorrindo. Seu sorriso é calmo e sua voz mansa.

— Eu espero não decepcionar a senhora.

— Fique tranquila, você ficará com a parte do atendimento junto com Ellie, ela não parava de reclamar de não estar dando conta em atender tantas pessoas, ultimamente a cafeteria está com um ótimo desempenho. — A Sra. Russell sorri, orgulhosa pelo progresso de seu negócio.

— Vou dar o meu melhor.

— Então estamos resolvidas. Vamos, vou te ensinar as coisas básicas.

    Por sorte, hoje a cafeteria está fechada, Sra. Russell decidiu fazer algumas pequenas mudanças no ambiente, mudando a pintura e algumas decorações. Eu começarei a trabalhar na segunda e terei folgas aos finais de semanas.

    A senhora se demonstrou bastante tranquila quanto a me ensinar como equilibrar bem a bandeja, o que consegui — depois de dois copos quebrados —, além de como atender corretamente e de sempre colocar um sorriso receptivo no rosto, e por fim ela entregou meu uniforme — uma camiseta baby look polo com o nome da cafeteria, "Affection sous forme de café" (carinhos em forma de café) bordado no canto superior direito, com uma linha dourada —, percebi que a Sra. Russell tem uma grande afeição pela França, a decoração do ambiente tem referências à Paris.

    Depois de uma hora, finalmente — de acordo com a velha senhora —, eu estou pronta.

— Vovó? A senhora está aqui? — ouvimos uma voz vinda do fundo do estabelecimento. — Eu entrei pela porta dos fundos. — Arregalei meus olhos ao reconhecer a voz, agora mais perto, atrás de mim.

— Phillip querido, o que faz aqui? — pergunta a senhora que está a minha frente, e que agora anda passando ao meu lado.

— Vim ajudar na pequena reforma, Ellie disse que precisava de ajuda — responde ele.

    Tento não pensar na hipótese de Ellie ter feito isso de propósito. Com toda a coragem que não tenho, me viro para os dois.

— Chiara? O que faz aqui? — Phillip pergunta surpreso olhando para mim.

    Phillip, o garoto do sorriso angelical, olhos cor de mel, cabelos loiro médio e ondulados. O garoto gentil, inteligente, engraçado e amigável. O garoto pelo qual eu tenho uma queda, e a "sorte" de sempre me comportar como uma boba quando ele está por perto.

— Oi! — digo tentando ao máximo dar um sorriso normal.

— Chiara agora trabalhará conosco — diz Sra. Russel.

— Oh! Isso é ótimo, finalmente estarei trabalhando com uma pessoa legal — diz Phillip sorrindo olhando diretamente em meus olhos. Sinto meu rosto esquentar e solto um sorriso tímida.

— Ellie me convenceu a trabalhar aqui.

— Devo agradecer a ela por isso — disse ele sorrindo e desvia o olhar para a senhora ao seu lado. — Então vovó, precisa de minha ajuda?

— Está tudo sob controle, não precise se preocupar querido — respondeu a senhora dando uma risada.

— Bom, eu vou indo, tenho que levar o Tobby para passear hoje — digo me distanciando aos poucos, andando de costas.

     Mas antes mesmo de chegar perto da porta, esbarro em uma cadeira que estava a pouca distância atrás de mim, solto um pequeno grito pelo susto e acabo por ir de encontro ao chão.

— Você está bem? — pergunta Phillip vindo até mim. Sua mão esquerda é apoiada em minhas costas, enquanto a direita segura a minha mão, a fim de me ajudar a levantar.

— S-sim, eu... tenho que ir. Tchau! — digo rápido transbordando de vergonha. Saio em passos rápidos já me encontrando fora da cafeteria.

— Chiara! — ouço Phillip me chamar e paro imediatamente e me viro.

— Sim?

— Bem-Vinda à cafeteria.

— Obrigada — agradeço dando um sorriso fechado. — Até mais.

—Até. — Phillip sorri colocando suas mãos nos bolsos de seu moletom cinza. Logo ele retorna à cafeteria, enquanto eu já me afastava.

    Eu estou voltando do passeio com Tobby, esse que, quando já nos encontramos à uma quadra de nossa casa, deu o ar da graça de escapar, saindo correndo atrás da gatinha Amy, já é a terceira vez este mês.

    De tanto procurá-lo, o acho perto de casa, mas ele não está sozinho. Tobby se encontra especificamente no quintal dos Callen, enquanto recebe carinhos de ninguém mais que Nathanael, que está agachado. Chego perto dos dois e ao notar minha presença, Nathanael para os carinhos em Tobby e olha para mim. Se levanta rapidamente do chão.

— Vejo que já conquistou o coração de Tobby — digo sorrindo. O garoto apenas vira seu rosto para o lado e fica calado.

— Segunda começa as aulas. — Tendo puxar assunto. Se não fosse pela Sra.Callen, eu apenas pegaria Tobby e iria embora. — Soube que estudará na mesma escola que eu, se quiser podemos ir junto. — Sugiro.

— Dispenso — responde ele, ainda sem me encarar. Eu agora sem sombra de dúvidas, pegaria meu cachorro e voltaria para casa. — Foi minha mãe quem pediu isso. Não foi? — pergunta de braços cruzados, agora me encarando.

— Não, eu realmente estou fazendo isso por livre e espontânea vontade, sabendo que seria tratada pela sua belíssima simpatia — respondo ironicamente. Nathanael revira os olhos de leve.

— Não sei o que minha mãe lhe disse, mas não precisa fazer isso, estou muito bem sem a sua "gentileza" — diz fazendo aspas com os dedos.

— Não estou fazendo isso só porque sua mãe pediu. — Em maior parte sim. — Estou fazendo isso porque ainda não concordo com o que disse sobre mim — digo por fim.

— Não aguenta ver uma pessoa ter uma opinião contrária a sua?

— Eu não aguento você com essa sua opinião — digo dando ênfase no "você".

— Você é uma boba irritante.

— E você é um chato mal humorado. — Pego Tobby e finalmente saio dali, indo direto para minha casa.

    Me jogo em minha cama, totalmente indignada.

— Se aquele garoto acha que pode tratar as pessoas assim, ele está redondamente enganado. Eu vou mudar esse pensamento dele sobre mim.

    Realmente não entendo o porquê, para eu estar agindo assim, e estar dando tanta importância para isso, eu só quero entender qual é o problema daquele garoto.

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