Capítulo 7

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   Nunca pensei que atender e servir pessoas fosse tão complicado, tenho que transparecer confiança e conhecimento do que estou fazendo, sorrir e não me perder nas palavras, além de anotar tudo corretamente, e o mais importante, não correr o risco de derrubar algum pedido.

    Enquanto atendo os clientes da cafeteria junto a Ellie, a Sra. Russell se encontra na cozinha preparando seus bolos e doces tão prestigiados, e Phillip está no caixa. A pequena reforma trouxe para a cafeteria um aspecto mais aconchegante e moderno, irá fazer vinte anos que a cafeteria foi inaugurada, e esta é a primeira vez que a Sra. Russell optou por mudar o ambiente, a única coisa que não mudou foi a frase que fica na parede perto da última mesa. "A suprema felicidade da vida é ter a convicção de que somos amados", e embaixo da frase em letras menores o nome Victor Hugo está escrito.

— Você está se saindo muito bem Chiara — diz Phillip assim que sento em um banco alto de madeira que fica perto do balcão.

— Obrigada — digo encarando minhas mãos — Estou me esforçando. — Eu solto um sorriso e levanto meu olhar para Phillip. Ele concorda com a cabeça sorrindo fechado.

    Como o movimento na cafeteria está mais tranquilo, não me importei de estar conversando com Phillip. Ellie foi ao banheiro.

— Por que não foi para a escola hoje? — pergunto para o garoto que está anotando algo em um bloco de notas.

— Minha vó pediu ajuda para abrir a cafeteria e ajudar no atendimento, mas só por hoje, amanhã irei para a escola — responde ele ainda fazendo suas anotações.

— Entendi — digo saindo do banco. Vejo que mais pessoas entram no estabelecimento. — Tenho que voltar.

    Me direciono até a mesa onde as duas mulheres sentaram e começo a atendê-las. Ellie volta do banheiro e assim continuamos nosso serviço.

   

    Ellie senta em uma das cadeiras e se debruça sobre a mesa, já havíamos fechado a cafeteria e agora estamos organizando e limpando as mesas.

— Não sei o que seria de mim se você não tivesse aceitado trabalhar aqui — diz Ellie olhando para mim.

— Você só fez isso pensando em você não foi? — pergunto fingindo estar ofendida.

— Talvez, mas eu realmente estou contente em ter sua companhia aqui — responde se levantando, retirando seu avental.

— O que aconteceu com você para dizer algo assim tão... Como posso dizer? Tão amigável? — Ela faz uma cara emburrada e eu solto uma risada.

— É a primeira e última vez que digo isso. — Ela pega sua mochila que está atrás do balcão.

— Eu estava brincando — digo e retiro meu avental rápido, também pegando minha mochila. Ellie sai pela porta do fundo.

    Como ela mora perto de onde saímos, decido acompanhá-la  até sua casa.

— Você não está chateada, está? — pergunto já chegando perto de sua casa. Ela olha de canto de olho para mim.

— Não.

— Que bom — digo e a abraço forte de lado. Ellie se afasta um pouco emburrada.

— Pare com isso, eu já disse que não gosto quando você faz isso. — Ela arruma seus cabelos enquanto eu rio de sua cara. Eu sei muito bem que isso a deixa irritada.

— Chata — digo ainda rindo.

— Criança — ela diz empurrando de leve meus ombros e nós duas começamos a rir. Chegamos em frente de sua casa.

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