Segunda-feira. Seis horas da manhã. Sonolenta, ainda deitada em minha cama penso em tudo o que aconteceu no dia anterior. Subitamente fico sentada na cama, mais acordada que nunca, tudo vem em minha mente, Nathan e eu, nosso beijo, nossas mãos unidas. Passo minhas mãos pelos meus cabelos despenteados, nervosa e ao mesmo tempo contente. Saio de minha cama e vou me arrumar para a escola com o coração eufórico.
Quando desço as escadas, me assusto ao ver Nathan em pé na sala. Assim que me vê, ele se aproxima sorrindo e me dá um selinho rápido.
— Só queria me certificar se tudo ontem à noite não foi apenas um sonho — ele diz sussurrando, e eu sorrio.
— Eu também estava com essa dúvida.
— Vamos? — Nathan ajeita a alça de sua mochila nos ombros.
— Vamos.
— Então quer dizer que eu estava certa. — Olhamos na direção da voz e encontramos minha mãe escorada no batente da porta, de braços cruzados.
Me sinto envergonhada por sua presença.
— Não comece, mãe — digo e ela levanta os braços em rendição.
— Vamos conversar mais tarde, mocinha — ela diz semicerrando os olhos e depois some para a cozinha. Percebo Nathan segurar um sorriso. — E com você também, Nathanael — ela diz mais alto e agora sou eu quem tenho vontade de rir da cara de preocupado de Nathan.
— Desde que cheguei aqui, ela meio que ficava me encarando desconfiada — ele diz. — Não queria dizer nada sobre nós sem você estar.
Saímos de casa.
— Tenho uma leve impressão de que ela não vai te deixar em paz — digo. Nathan e eu seguimos o caminho para o colégio.
— Isso é ruim?
— Não. Eu quis dizer que ela vai tentar de tudo para te agradar.
Demos risadas.
Chegando no colégio, Nathan teve que ir se encontrar com o pessoal do time, a mando do treinador. Enquanto ando pelos corredores, vejo Sophie em seu armário, que fica perto dos banheiros. Eu preciso conversar com ela, não quero estragar a pouca aproximação que temos.
— Oi — digo, assim que chego perto da mesma.
— Ah, oi Chiara — ela diz sorrindo.
— Eu queria pedir desculpas.
— Pelo quê? — Ela me olha confusa.
— Por não ter sido sincera com você naquele dia. Eu gosto do Nathan e...
— Está tudo bem. Não estou chateada nem nada.
— Sério?
— Sim. Na verdade... é um pouco desanimador para mim, mas vou ficar bem.
— É que... eu e ele conversamos e... — Tento formular as palavras, mas parece que não há como dizer isso sem parecer egoísta.
— Eu entendi — ela diz e sorri fechado. — E não se preocupe, eu estou bem com isso.
— Não queria magoá-la.
— Chiara, se vocês se gostam, o que mais vocês tem que fazer é ficarem juntos, e eu não quero ser um motivo para atrapalhar isso.
— Não está chateada? Mesmo?
— Mesmo — Sophie diz e consigo ver sinceridade em suas palavras. Apesar de seus olhos transmitirem desânimo. Sorrio mínimo para a mesma.
Conto para Ellie toda a situação e a mesma acha graça e icônico tudo o que aconteceu.
— Meu Deus, isso é hilário — ela diz, negando com a cabeça.
— É, muito hilário — digo e espero Ellie pegar um livro de seu armário.
— Viu, não foi tão mal assim. Apesar de que foi ele quem teve coragem primeiro de dizer o que sente.
— É, mas mesmo assim estou feliz.
— Não comece a encher minha cabeça sobre como você está adorando o seu relacionamento, de que como Nathan é incrível e blá, blá, blá — ela diz com tédio e eu reviro os olhos.
— Você é insuportável — digo.
— Você já devia estar acostumada — Ellie diz e eu dou risadas.
— Quem está em um relacionamento? — Escuto alguém dizer atrás de mim e ao me virar, vejo Phillip com as mãos nos bolsos da calça, nos olhando curiosamente.
— Chiara e Nathan — responde Ellie, sem dar muita importância. Mesmo que Nathan ainda não tenha feito um pedido oficial e tal, e nem sei se irá fazer.
— Você... — Phillip me encara sem nenhuma expressão. — Fico feliz por você — ele diz por fim e sorri fechado.
— Obrigada — digo envergonhada, e um pouco constrangida com a sua presença. Phillip acena com a cabeça e logo se distancia de nós.
— Não posso negar que eu estava torcendo por você e o meu primo ficarem juntos, mas as coisas nem sempre sai como pensávamos — Ellie diz.
— Phillip é um bom amigo, só isso. — E isso é verdade, mesmo sabendo que antes eu sentia, mesmo que minimamente, algo por Phillip, mas agora o vejo apenas como um amigo.
— Mas já que você e Nathan se gostam, então você tem minha benção — Ellie diz, fingindo uma expressão condescendente.
— Oh! Fico muito grata por isso — digo, entrando na brincadeira.
Nós rimos.
— Bom, vamos para a aula? — Ellie pergunta, e juntas nos direcionamos para a sala.
No horário do intervalo, quando estava saindo de minha aula de química, Nathan segurou minha mão e fomos em direção a mesa que fica debaixo da árvore, o lugar que pode ser considerado nosso agora. A sombra dos galhos da árvore parecem uma grande teia desenhada sobre o chão, há poucos alunos ao redor, mais afastados, hoje o dia não está tão quente.
Hoje quase não vi Nathan, com o torneio de basquete chegando, o treinador optou por um treinamento pesado.
Nathan entrelaça nossos dedos e me encara.
— Como está sendo o seu dia? — ele pergunta.
— Confuso — respondo.
— O meu também, mas também está sendo muito especial.
— Especial? Por quê? — pergunto arqueando as sobrancelhas.
— Porque agora estou sentado embaixo de uma árvore bonita, com um céu muito bonito, ao lado de uma garota muito, muito bonita, que além do mais é minha namorada.
— Somos namorados?
— Não somos? — ele pergunta um pouco assustado.
— Não sei, não oficializamos nada — digo e olho para frente fingindo indiferença.
— Você aceita? — ele pergunta e eu o encaro.
— O que?
— Chiara Wright, você aceita namorar comigo? — Ele sorri e se aproxima mais.
— Talvez, não sei — digo segurando um sorriso.
— Considero isso como um sim — ele diz e me dá um beijo demorado.
— Eu aceito — sussurro. Nossos rostos ainda próximos.
Nathan faz uma leve carícia em minha bochecha.
Tudo que aconteceu ainda está em processamento em minha cabeça, ainda é confuso e surreal, todos os sentimentos presentes, sentimentos calorosos e acolhedores. É estranho como tudo pode mudar, se transformar, e em tão pouco tempo, somos capazes de criar laços e momentos que serão motivos para as mais complexas e indispensáveis sensações.
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Pelos Caminhos Do Seu Coração
Ficção AdolescenteChiara Wright é uma adolescente que nunca precisou se preocupar com as pessoas porque ela tenta ao máximo evitar qualquer tipo de desentendimento, sempre agindo educadamente, vivendo sua vida tranquilamente em São Francisco. Mas isso muda após...