Capítulo 20

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    Os preparativos para o baile já começaram, os alunos envolvidos estão agora reunidos no ginásio, estou sentada conversando com Sophie na arquibancada, Ellie e George conseguiram apenas duas pessoas para tocar, Matthew e Alice, eles são do último ano, além de Kate, que se ofereceu para cantar junto a George. Kate tem uma excelente voz, e Ellie adorou a ideia.

    Alguns professores estão aqui também, Sophie e eu já havíamos passado nossas ideias.

— Mas, por que você não vai vir para o baile? — Sophie pergunta.

— Não gosto muito de bailes — digo olhando para os alunos no meio da quadra.

— Mas você pode reconsiderar dessa vez.Vai, será legal. — Sophie tem um sorriso largo no rosto. A encaro.

— Não sei.

— Você tem que vir. Vai ser muito legal o que estamos preparando, e você tem mais participação nisso pois foi ideia sua. Não é justo você não vir — Sophie diz com a voz triste.

    Eu respiro fundo e cruzo minhas mãos, não nego que tenho vontade de vir nesse baile, mas não sei se me sentirei bem pois não sei muito como é um baile.

— Você devia escutar sua amiga. — Vejo Phillip se aproximar e  sentar ao meu lado.

    Intercalo meu olhar entre Phillip e Sophie, suspiro e digo:

— Está bem, mas não ficarei por muito tempo.

— Certo, sem problemas, você vindo já está bom — Sophie diz visivelmente animada. Sorrio. Ela se levanta e sai quando um dos professores a chama.

— Bom... — Phillip começa a falar e limpa a garganta. O encaro. — Já que você vai vir ao baile, eu... gostaria de saber se você... quer vir comigo. — Phillip tem um sorriso no rosto, um sorriso relutante, por um momento fico estática, sinto meu rosto esquentar.

— Eu... bom eu... eu... — Olho para frente, depois para os meus pés e depois olho para Phillip. Respiro fundo. — Claro... eu quero sim — digo e sorrio nervosa.

— Sério? Bom, então... — Phillip passa sua mão na nuca. — Nos falamos pela semana?

— Nos falamos pela semana — digo assentindo com a cabeça.

— Eu preciso ir à biblioteca... é... até mais.

— Até. — Phillip sai, mas antes, olha para mim uma última vez e sorri.

    Essa situação foi uma das mais inusitadas que já aconteceram em minha vida. Suspiro pesado. Olho para Ellie e dou risadas ao ver a mesma discutindo com Matthew, pelos ombros dela, vejo as portas do ginásio e reconheço uma figura alta de cabelos pretos passar pelo corredor. Nathan. Desço as arquibancadas e corro um pouco pela quadra, passo pelas portas e quando chego no corredor, Nathan está quase sumindo.

— Nathan! — digo um pouco alto e tenho certeza de que todos no ginásio conseguiram escutar. Não me importei. Nathan para e vira o rosto. Vou andando em passos largos até ele.

— Ah, oi — ele diz e coloca as mãos nos bolsos de sua jaqueta.

— Oi, não nos falamos hoje.

— É verdade.

— Você virá ao baile? — Fico ao seu lado e começamos a andar.

— Não, não sou muito fã disso. Você virá?

— Estou sendo obrigada — digo e sorrirmos. Está sendo diferente e confortável poder conversar com ele sem ignorâncias ou sarcasmo.

— Boa sorte então.

— Vou precisar. — Faço um cara de desânimo. — Então, aquele passeio no parque com Tobby e Charlie ainda tá valendo? — Olho para Nathan e ele parece pensar.

— Pode ser — ele diz e balança a cabeça em concordância.

    Quando vejo alguns alunos passarem com instrumentos, me lembro de algo.

— Você toca violão, não toca? — pergunto recordando do dia em que entrei em seu quarto e vi o violão. Mas, meus pensamentos se voltam também para quando ele ficou bem próximo de mim e sai correndo de seu quarto. E então desejo que ele não se lembre desse momento constrangedor. Nathan fica calado por um tempo, ele olha para os armários e então diz:

— Um pouco. — Tenho uma ideia.

— Você poderia tocar no baile — digo animada e Nathan me encara assustado.

— Não, não mesmo.

— Mas, por quê não? Seria legal.

— Eu nunca... toquei para muitas pessoas, e é uma péssima ideia.

— Eu acho ótima. Mas não vou insistir.

— Agradeço. — Fico frustrada mas não irei insistir, pois não quero que voltamos a discutir e acabar voltando tudo como era.

    Andamos mais um pouco em silêncio, e então começo a sorrir. Olho para Nathan, e quando percebe que estou sorrindo ele franze o cenho.

— O que foi? — pergunta confuso.

— Nada, só que... está sendo legal conversar com você sem implicâncias, e é estranho pensar que dias atrás estaríamos agora discutindo. — Nego com a cabeça.

— É bizarro — ele diz e demos risadas. — Você sabia ser bem chatinha — ele diz com a expressão neutra olhando para frente.

— Ei! O que você queria? Eu tinha que aguentar seu mal humor — digo indignada o encarando. Ele ri.

— Claro, você sempre estava no meu pé. — Ele me olha e semicerro meus olhos, seguro um sorriso.

— Você gostava da minha companhia, que eu sei — digo cruzando os braços e andando mais à frente.

— Ah sim, era sempre eu que aparecia do nada ao seu lado — diz ironicamente.

— Não foi... — Quando me viro para falar, bato contra seu corpo. Não notei que ele andava perto. Por reflexo ele segura meu braço.

     Novamente estamos próximos, sinto seu cheiro amadeirado, sua respiração bate contra o meu rosto, assim que nossos olhos se encontram, ele solta o meu braço e se afasta rapidamente, ele olha para todos os cantos do corredor assim como eu. O sino da escola toca.

— É... preciso ir, tchau. — Nathan me lança um sorriso fechado e some pelo corredor.

— Tchau — digo baixo e olho para a direção por onde ele sumiu.

    O corredor logo começa a se encher de alunos, faço meu caminho de volta e vejo Ellie vir na minha direção.

— Eu juro que vou arrancar os cabelos do Matthew — ela diz assim que para ao meu lado e suspira pesado. Sorrio, achando graça.

— De quem você não quer arrancar o cabelo, Ellie? — Ela me olha irritada, cruza os braços e estrala a língua no céu da boca.

— Não comece. E eu vi você com seu amigo. Bem juntinhos. — Sua irritação se esvai e agora ela me olha com um sorriso de lado e uma sobrancelha arqueada.

— Eu só acabei esbarrando nele, só isso — digo constrangida e encaro qualquer coisa, menos a garota ao meu lado.

— Hum, não sei, vocês estão sempre juntos. Não me surpreenderia se você me dissesse que gosta dele.

— Pare de dizer bobagens. N-nada a ver — digo e Ellie sorri negando com a cabeça.

— Se você diz.

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