Capítulo 29

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Nathanael

    Chiara para de correr assim que adentramos no baile, tanto ela quanto eu estamos ofegantes pela pequena corrida, sua mão segura firme a minha e tenho medo de soltá-la. Minha cabeça ainda está emaranhada pelo acontecimento perto do jardim, a nossa dança. Meus pensamentos estão tão embaralhados e um redemoinho de sensações me preenche por completo, que chega até a me deixar irritado por não conseguir compreender o que está acontecendo comigo.

    Do nada, as luzes do ambiente se apagam, nos carregando para um breu que durou só por uns três segundos. Todos os alunos se surpreendem pelo o que agora preenche o lugar. Várias estrelas nos rodeiam como se tivessem acabado de nos teletransportar para a Via Láctea. Encaro tudo maravilhado, admirando cada parte, alguns alunos soltam pequenas exclamações em surpresa.

    Encaro Chiara que está ao meu lado, nossas mãos ainda unidas, a garota tem um sorriso largo em seu rosto e seus olhos brilham quase tanto quanto as estrelas que nos rodeiam, me permito admirá-la. Não é desconhecido por mim que, quando estou com Chiara, tudo parece estar melhor, quero sempre poder estar com ela, e sei que a garota é o motivo de tudo de confuso que estou sentindo.

   Nesse momento eu quero abraçá-la, assim como quando estávamos dançando, quero poder sentir seu perfume floral que faz tudo ser mais encantador, quero poder admirar ela sorrir, aquele sorriso que a faz parecer como a pessoa mais delicada, aquele sorriso no qual poucos tem a chance de conhecer, porque é o sorriso especial e exclusivo de Chiara. Gostaria de perguntar se ela também às vezes tem esses sentimentos confusos, se ela também sente o que eu sinto quando estamos juntos. Gostaria de  perguntar se ela tem a resposta para toda essa bagunça que está se formando em meu coração.

   Nunca em toda a minha vida — apesar de ainda ter só dezesseis anos —, senti o que estou sentindo agora, é algo bom, mas também me deixa angustiado, e por um momento tenho medo, medo de descobrir o que realmente tudo isso significa.

    Chiara me encara ainda sorrindo, para que ela não veja a confusão que estou, solto um sorriso fechado para a mesma, ficamos nos encarando por quinze segundos, até ela respirar fundo e soltar a minha mão desviando o olhar para o chão. Por um momento, tenho vontade de agarrar sua mão e sentir novamente o seu toque quente em minha mão. Mas me contento em apenas admirar as estrelas ao seu lado, tentando guardar cada segundo em minha memória.

— Uau! Então essa é a surpresa. — Escutamos uma voz atrás de nós e Chiara e eu nos viramos assustados. Ellie está de braços cruzados, com o rosto inclinado para o teto estrelado.

— Sim. Você gostou? — pergunta Chiara para Ellie.

— Muito. Você e Sophie são demais.

— É, acho que somos — Chiara diz, arrancando sorrisos meu e de Ellie.

— Eu... — começo a dizer, me sinto um pouco constrangido mesmo sem motivo. Tenho medo de que todos ao meu redor consigam me ler por inteiro, até no mais profundo e enigmático sentimento. — Eu vou ir conversar com George e o pessoal — digo e olho para Chiara, ela apenas assente com a cabeça. Solto um sorriso forçado para a mesma antes de me retirar.

    O restante da noite foi resumido em: eu tentando a todo custo me manter longe de Chiara pois não estava a fim de, novamente, me perder em meus pensamentos; e em Sophie a todo momento tentando puxar assunto comigo, e devo admitir que ela é uma garota legal e simpática. Em certo momento, me julgo ao tentar comparar sua presença com a presença de Chiara, mas pude concluir que a companhia de Sophie não me causa todos aqueles enigmáticos sentimentos que Chiara me proporciona. Mas Sophie também é uma garota interessante e bem conversativa e me senti bem conversando com a mesma.

    George deu uma carona para o pessoal da banda assim que saímos do baile. Sophie não se importou por eu ter ido embora primeiro e sem ela. Apesar de eu saber dirigir e já ter a minha carteira de habilitação, meus pais ainda estão meio hesitantes em me deixar dirigir, pois mesmo que não admitam, eles ainda ficam transtornados quando o assunto é filho e carro juntos.

    Em casa, na sala, me jogo no sofá e me deito desajeitadamente. Respiro fundo e solto o ar rapidamente. Fecho os olhos e repreendo minha mente ao pensar em Chiara. Será que... Não isso seria loucura. Eu não posso estar gostando de Chiara, isso é... isso é bizarro e totalmente improvável. Isso é... uma grande possibilidade de ser verdade.

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