Capítulo 23

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Amor

Deve ser o calor, ou as pessoas cantando ao meu redor, mas sinto tudo girar mais rápido. Estou virando meu vigésimo copo de bebida desconhecida, puxando Joe mais um minuto para um beijo ardente antes de irmos para a maldita pista novamente.

Eu nem reconheço mais a letra que toca, nem os rostos que passam de relance me julgando. Parece existir apenas a sensação de mortalidade nessa casa gigantesca. Eu posso cometer um crime agora mesmo, e não sentiria nada.

Me jogar de algum lugar, apenas para me sentir um tanto mais vivo. Ou apenas vomitar.

Realmente já não sei mais a ordem das coisas.

— Ok garanhão, hora de dormir, vamos. — Reconheço a voz feminina de Sarah assim que caio no chão em desequilíbrio em um giro mal feito.

— E-eu sei andar, o-ok? — Esbravejei rápido, levantando meu indicador assim que coloco os pés no chão mais uma vez — Não preciso que tenha pena de mim, tá? BOA NOITE.

Deixei os corpos silenciosos para trás, mancando entre alguns grupos que ainda restam pela casa, até finalmente chegar ao elevador. A porta se abre e consigo achar o botão do primeiro andar, tendo que me abaixar um pouco para ter certeza de qual dos vultos era o certo.

O corredor dos quartos se tornou estreito por um momento, fazendo-me quase perder a chance de sair tentando arrumar minha visão. Dou um passo à frente e logo paro. 

Qual deles é o meu mesmo?

No mínimo pude contar 37 portas nesse corredor, o que de fato parece um pouco errado agora. Dou outra pequena caminhada, parando em frente a um daqueles que mais nota-se familiar em meio às lembranças embaralhadas. Sem muitas outras opções, abro a porta que estava apenas encostada e entro.

— Finalmente, minha linda caminha. Que sauuuudades de você, sabia? — Jogo meus sapatos em um dos cantos, e me coloco sem jeito sobre o colchão, apertando meus músculos contra o tecido gélido do ar ligado.

Eu não havia desligado ele antes de sair?

Respiro fundo, tentando não pensar muito sobre como lidar com meu esquecimento. Ouço um barulho ao fundo, seguido pelo agudo da tranca. Deve ser apenas a Sarah, penso. Veio me acolher essa noite, e me proteger da minha ressaca amanhã, com certeza.

Respiro fundo mais uma vez, ainda de olhos fechados. Não ouço mais nada.

Espera, esse cheiro....eu conheço. Merda, é o quarto do...

— Nick, é você? — Perguntei receoso, entreabrindo os olhos. Ouço uma risada fraca em resposta.

— Boa noite Lopez. Se perdendo por aí? Ou seu ficante da noite desistiu de você?

No segundo seguinte estou sentado na cama, respirando quase desesperadamente por calor presente em meu estômago. Ele está aqui finalmente, parado na minha frente. Estamos sozinhos e com a porta fechada, todo mundo está lá em cima.

Caralho, eu quero beijar ele.

— Sabe como é, quando estou bêbado não penso direito — Foi o que respondi, como uma espécie de desculpas pelo ocorrido de mais cedo. Nick riu mais uma vez — Quer que eu saia?

— Quer ir embora? — Seu tom de voz ficou baixo ao me fazer a pergunta. 

E como se meu corpo fosse manipulado por seu cheiro e seus olhos claros, eu ruborizo pela questão. Isso chega a ser deliciosamente insano. O loiro, sem hesitar, deu dois longos passos em minha direção, eu mal pisco agora.

Broken colorful friendship - Tonick HistoryOnde histórias criam vida. Descubra agora