capítulo 3

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Tomei um pouco de chuva ao voltar pra casa. Crianças jogando futebol me olharam estranhando minha maquiagem e até deram risada. Ignorei e andei mais rápido, mas parecia que seus risos insistentes me acompanharam.

Abri a porta de casa com a intenção de subir meu quarto e ficar olhando o céu pela janela até criar asas e simplesmente tentar toca-lo, mas meus me chamaram para a sua "reunião de família". Normalmente é sobre de onde vem os bebês, vamos viajar, sua avó/cachorro/namorado morreu.

- Filha, vá se trocar, essa roupa esta molhada, volte e sente-se aqui. - minha mãe disse. Fiquei agradecida por ela não perguntar do meu primeiro dia de aula ou da maquiagem escorrida.

Pus uma camiseta de manga comprida cinza, um jeans e uma bota Ugg. Limpei a maquiagem escorrida e deixei meu rosto sem mais nada. Os cabelos loiros estavam normais, só dei uma penteada e fiz uma trança para esconder que fazia 4 dias que eu não os lavava.

Eu me sentei no sofá empoeirado da sala de estar e cruzei os braços. Meu pai não estava lá; deveria estar trabalhando no escritório. Então ele entrou. Ele alguma vez já fora incrivelmente lindo, mas agora a velhice e o cansaço lhe tiraram esse privilégio. Amberly sentou na minha frente, ela segurou seus braços contra o corpo, como para evitar que a vissem tremer.

- Katherine, precisamos conversar!

Eu não respondi e eles foram direto ao ponto.

- Queremos saber tudo sobre Elizabeth. O que ela te perguntou?

Eu ia respondendo que ela era ótima e que me ajudou. Mentiras já faziam parte de meu repertório. E então passou para o sermão.

Eu assentia. Senti fraqueza e olhei para a parede e em poucos segundos surgiu Isaac. Ele sentou do lado de minha mãe e sorria. Me lembrou da vez em que minha mãe e meu pai chamaram isaac para termos esse tipo de reunião. Eles fizeram algumas perguntas a mim e a Isaac e Isaac permaneceu sorrindo para mim o tempo todo. Aquele sorriso que fazia o meu coração derreter. E agora Isaac o esboçava como que para me provocar.

Eu o olhei e senti o cheiro. Senti então uma dormência em minhas pernas como que para que eu nunca pudesse levantar, nunca pudesse fugir.

Mordi o lábio e tentei sair da alucinação, mas só consegui fazer Isaac rir e gargalhar, aquele som que ainda mexia comigo. Lembrei de quando ele disse que a culpa era minha. Aquilo doeu. Acho que em algum lugar eu sabia que era. Sempre soube só nunca quis aceitar. Agora a culpa me perseguia. Eu estava presa num labirinto.

- Entendeu, Katherine?

Eu acordei. Olhei Amberly, ela estava de pé com as mãos na cintura e meu pai que havia falado comigo. Fitei Isaac de novo e só vi o branco desgastado da parede.

- Entendi!

Levantei e comecei a andar até a porta. Meu pai se levantou e seu tom de voz aumentou.

- Ainda não acabamos as perguntas!

- Parem, - virei e gritei. Estava cansada de seus olhares preocupados e decepcionados. Eu não era mais a filha deles. - estão me sufocando de perguntas! Comecem a me dar alguma resposta!

Sai pela porta e bati com força.

A rua ainda tinha cheiro de chuva, ainda estava molhada e mesmo assim sentei num banco encharcado. Comecei a mexer no celular, coisa que não fazia a tempo e vi que tinha mensagens de Melissa que era minha melhor amiga. Quando eu fiquei mal, ela que vinha me consolar em meu quarto escuro e dizia que Isaac não ia querer me ver assim, mas não contei a ninguém que foi minha culpa de Isaac ter morrido. Acho que não suportaria os olhares que iriam me dar.

Melissa: Ei, amiga, como esta aí na Inglaterra? Tira muitas fotos do Big ben e daquelas cabines telefônicas super lindas.

Melissa: Me liga quando puder. Estou do seu lado pro que der e vier! Até rimou.

Eu quase sorri em meio aquelas palavras. Gostava de como ela era a luz nos túneis mais sombrios.

- Oi.

Uma voz grossa disse perto de mim. Levantei a cabeça para ver Zayn Malik. Eu o encarei esperando resposta de porque ele pensava que tinha o direito de me dizer oi. Enquanto ele exibia seu rosto rígido e melancólico. Eu levantei e andei pela rua o ignorando. Ele correu atrás de mim e puxou minha mão. Eu virei com a força daquele golpe. Fitei seus olhos. Eram tão escuros e penetrantes. Era como se estivessem lendo meus pensamentos. Me livrei de sua mão.

- Eu não era estranha? - disse fria e seca. - Me deixa em paz!

Eu me virei e fui dar o primeiro passo, mas Zayn me parou segurando meu braço novamente.

- Por que você estava daquele jeito?

Decidi fingir que não sabia de nada do que ele falava.

- Que jeito?

Zayn fez uma careta, por um segundo hesitou e achei uma parte de mim que gostou de fazer alguém se confundir. Sempre fui lerda.

- Você chorando e esperneando, olhando para o nada e murmurado...

Tentei não perguntar o que eu estava murmurando e continuei a andar, o vento balançando o meu cabelo sobre os meus olhos.

- Eu quero...

Me virei antes que ele tocasse no meu braço.

- Você não quer nada! Me deixa em paz!

Eu sai correndo sem esperar pela resposta.

Fui até a minha casa e fui para o jardim de trás da casa e ajoelhei na grama. Deitei nela e senti-a em minhas mãos. Não queria chorar, já havia chorado demais em apenas dois meses. Fechei os olhos e deixei o barulho de pássaros e o vento frio de Bradford me levar.

Depois fui para a cama e ouvi música no celular. Levantei e me olhei no espelho. Foi as olheiras, olhos inchados e o rosto magro. Todos tentavam me tirar dessa situação, Melissa, Amberly, Morgan, menos eu. Decidi naquele momento que fingiria a felicidade inexistente por eles. Depois eu poderia chorar o quanto eu quiser.

Depois de treinar um sorriso no espelho por quase uma hora deitei na cama depois de abraçar minha mãe e beijar a bochecha do Morgan, o que foi o maior desafio. Acabei dormindo.

A escola era estranha antes das aulas.

Havia vários grupinhos e garotos e garotas rindo e se beijando. Pareciam felizes. Sentei em um banco e um garoto sentou do meu lado. Ele era moreno e seus olhos eram azuis.

- Oi, novata. - sorri para ele. Ele riu irônico - Pode me dar um sorriso verdadeiro?

Eu me surpreendi.

- Como você...

- Eu conheço sorrisos falsos, novata, eu convivo com as "crianças legais" - ele usou um termo americano ou eu estava louca? Ou muito mais louca no caso. - Meu nome é Jack.

Ele estendeu a mão eu a apertei e ele me puxou.

- Agora, vem comigo?

- Acho melhor não.

Jack deu de ombros e sentou do meu lado. Ele era magricelo e seu cabelo parecia nunca ter sido arrumado, mas ele era o primeiro a ser legal comigo. Além disso ele me lembrava Melissa. Sempre espontâneo e sem se importar com as palavras ou ações das pessoas. Sempre quis ser assim, não me magoaria ou me decepcionaria tanto.

- Novata, agora vou te contar tudo sobre Jack Elliot.

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terceiro capituloo!!

agr são seis horas da manhã e eu deveria estar me arrumando p ir p escola..

capitulo grande pro cês

seu voto nos faz feliz!

espero q vcs estejam gostando ♡

hallucinations // zmOnde histórias criam vida. Descubra agora